terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O futuro passa pela escola

Iniciou-se um novo Ano Escolar e com ele a esperança renovada para muitas crianças, adolescentes, jovens, para as suas famílias, e, certamente, para toda a sociedade, que tem os olhos postos na Escola.

Como não estou em condições de me pronunciar sobre questões específicas que afectam a educação em Portugal, ficar-me-ei tão só pela afirmação de um princípio que se me afigura fundamental: a maior riqueza de um país são as pessoas, e é na Escola que se lançam as bases e se criam as condições para que todo este potencial se desenvolva e frutifique.
 
No nosso país a questão da Educação, pela sua importância e actualidade, deveria gerar consensos para além de uma legislatura, e fazer convergir para um grande projecto educativo nacional, professores, alunos, pais, o Estado e todas as forças vivas da comunidade. Tal só será, porém, possível se se colocar acima de tudo o bem comum, se abandonarem interesses corporativos e tentativas de politização da educação. Para o bem da educação, e do país, devia também evitar-se toda e qualquer forma de crispação e instabilidade.
 
Há, no entanto, um valor que não foi devidamente implementado no nosso país, apesar do 25 de Abril: refiro-me à liberdade de educação. O Estado não deveria sufocar o Ensino Particular e Cooperativo, mas antes criar as condições para um autêntica liberdade de escolha, sem penalizações, mas também sem favores, apostando sim no rigor, na competência, na excelência e nos resultados.
 
Diz a realidade que há países com imensas riquezas, mas sem pessoas, em número e qualificação, para gerar desenvolvimento a partir desses recursos endógenos. Para não ferir susceptibilidades não cito nomes. Pelo contrário, existem outros, que, apesar de serem possuidores de poucas matérias-primas, apostaram na formação e valorização das pessoas e, foram, por isso, capazes de tirar partido dessa mais-valia, fazendo triunfar verdadeiros projectos de desenvolvimento e de criação de riqueza. Cito apenas dois casos: o Japão e a Suíça. Recordo a este propósito as palavras dirigidas pelo Papa Paulo VI, nos anos 60, à Assembleia Geral das Nações Unidas: há, disse o Papa, uma pobreza por muitos esquecida: o analfabetismo. O analfabeto, continuou o Papa, é um espírito subalimentado, a quem importa responder e saciar.
 
Para a Igreja é óbvio que o verdadeiro desenvolvimento está centrado nas pessoas: daí que a Escola ocupe neste projecto um lugar único e insubstituível. Sem ela não é possível lançar as bases de um desenvolvimento que envolva "o homem todo e todo o homem" (Paulo VI).
 
Um bom Ano Lectivo.
 
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 234, 14 de Outubro de 2011