segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Membro muçulmano do Parlamento Britânico apoia Israel

O Secretário britânico do Tesouro e deputado por Bromsgrove, Sajid Javid, é filho de um condutor de autocarro, que estudou em colégios oficiais britânicos e ganhou uma bolsa para estudar economia e política na Universidade de Exeter.

Há 21 anos, converteu-se em membro activo do Partido Conservador da Grã-Bretanha. Em 2010, Javid foi eleito no Parlamento britânico como membro do Partido Conservador. Ele é um muçulmano secular que se casou com uma mulher cristã e também declara ser um defensor de Israel.

Como membro do Parlamento Britânico dirigiu-se recentemente a uma audiência de 700 pessoas em The Conservative Friends of Israel [Os Amigos Conservadores de Israel] almoço de trabalho com o fim de mostrar o seu apoio ao Estado judeu. Ali, ele disse: "Se por alguma razão tivesse que ir-me com a minha jovem família, e me dissessem que teria que ir viver no Médio Oriente, para onde ia decidir? [...] Só há um lugar no qual poderia sair: Israel, o único país do Médio Oriente que comparte os mesmos valores democráticos que o Reino Unido e a única nação no Médio Oriente, onde a minha família sente abraço quente da liberdade."

E acrescentou: "Na Grã-Bretanha, nós estamos bem orgulhosos da nossa longa história como nação. Mas nós somos meros principiantes em comparação com Israel, uma nação que se está governando no mesmo território, debaixo do mesmo nome, com a mesma religião, e o mesmo idioma como o fez há 3.000 anos. Agora isso é o que eu chamo a sustentabilidade! Israel é um país de que quase todo o mundo tem uma opinião apaixonada - uma opinião que não são usualmente tímidos em partilhar, especialmente quando essa opinião se baseia na ignorância total. Se você quer ter alguma possibilidade de entender as complexidades do Médio Oriente, não pode simplesmente ler sobre Israel, há que vivê-lo."

Sajid Javid não foi tímido ao fazer essas afirmações, apesar de que muitas vozes no Reino Unido, especialmente dentro da comunidade muçulmana britânica, se opõem radicalmente ao Estado de Israel. Tanto os muçulmanos moderados que não estão contra Israel e os judeus que assistem nas universidades britânicas afirmam que a intimidação anti Israel é um problema importante nos campus britânicos. Para não falar de que a imprensa britânica está cheia de artigos anti Israel e o movimento BDS é bastante activo no Reino Unido. Sem dúvida, apesar de tudo isto, Sajid Javid decidiu ser valente e falar a verdade no que respeita a Israel.

Esta não é a primeira vez que Sajid Javid saiu a apoiar o povo judeu. Este ano, Javid também comemora as vítimas do Holocausto no Dia Internacional da Memória do Holocausto assinando o Livro do Holocaust Educational Trust de Compromisso na Câmara dos Comuns. De acordo com Sajid Javid, "Esta é uma importante oportunidade para recordar as vítimas do genocídio e para render homenagem aos extraordinários homens e mulheres que, tendo sobrevivido ao Holocausto, trabalham para educar os jovens acerca do que sofreram através do programa de divulgação do Holocaust Educational Trust. [...] É muito importante recordar e aprender dos terríveis acontecimentos do Holocausto e que continuam desafiando todas as formas de intolerância”.



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Sagrada Família II

As velas precisam ficar acesas

Sagrada Família

"Que cada criança seja acolhida como dom de Deus

Durante o ângelus na festa da Sagrada Família de Nazaré, Bento XVI exorta os pais a não serem nem "amigos", nem patrões dos seus filhos, mas seus "guardiões"
 
CIDADE DO VATICANO, 30 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Às 12hs de hoje, festa da sagrada família de Nazaré, o santo padre Bento XVI apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o ângelus com os fiéis e os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Durante as saudações nas várias línguas, o Papa depois enviou, em vídeo-conferência, uma mensagem especial para milhares de pessoas reunidas na Praça de Colón em Madrid para a sexta edição da “Missa das Famílias” organizada pela arquidiocese espanhola.
 
Publicamos a seguir as palavras do Pontífice.
 
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Queridos irmãos e irmãs!
Hoje é a festa da Sagrada Família de Nazaré. Na liturgia a passagem do Evangelho de Lucas nos apresenta a Virgem Maria e São José que, fiéis à tradição, sobem à Jerusalém para a Páscoa com Jesus adolescente.
 
A primeira vez que Jesus entrou no templo do Senhor foi quarenta dias após seu nascimento, quando seus pais ofereceram por ele, "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2, 24), que era o sacrifício os pobres. "Lucas, que tem todo o Evangelho cheio de uma teologia dos pobres e da pobreza, dá a entender... que a família de Jesus estava entre os pobres de Israel; nos dá a entender que justo entre eles podia amadurecer o cumprimento da promessa" ( A infância de Jesus, 96).
 
Jesus, hoje, está de novo no Templo, mas desta vez tem um papel diferente, que o envolve em primeira pessoa. Ele cumpre, com Maria e José, a peregrinação a Jerusalém de acordo com o que a lei prescreve (cf. Ex 23,17; 34,23 ss), embora ele ainda não tivesse cumprido treze anos de idade: um sinal da profunda religiosidade da Sagrada Família.
 
Mas quando seus pais voltam para Nazaré, acontece algo inesperado: Ele, sem dizer nada, permanece na Cidade. Por três dias Maria e José o buscam e o reencontram no Templo, conversando com os mestres da Lei (cf. Lc 2, 46-47); e quando pedem-lhe explicações, Jesus diz que não devem se maravilhar, porque aquele é o seu lugar, aquela é a sua casa, junto do Pai, que é Deus (cf. A infância de Jesus, 143). "Ele - escreve Orígenes - professa ser no templo de seu Pai, aquele Pai que revelou a nós e do qual disse ser Filho" (Homilias sobre o Evangelho de Lucas, 18, 5).
 
A preocupação de Maria e José por Jesus é a mesma de cada pai que educa um filho, o introduz na vida e na compreensão da realidade. Hoje, portanto, é importante uma especial oração ao Senhor por todas as famílias do mundo.
 
Imitando a Sagrada Família de Nazaré, os pais se preocupem seriamente pelo crescimento e pela educação dos próprios filhos, para que amadureçam como homens responsáveis e honestos cidadãos, sem se esquecer nunca que a fé é um dom precioso que deve ser alimentado nos próprios filhos também com o exemplo pessoal.
 
Ao mesmo tempo rezamos para que toda criança seja acolhida como dom de Deus, seja sustentada pelo amor do pai e da mãe, para poder crescer como o Senhor Jesus “em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). O amor, a fidelidade e a dedicação de Maria e José sejam exemplo para todos os esposos cristãos, que não são os amigos ou os patrões da vida dos seus filhos, mas os guardiões deste dom incomparável de Deus.
 
O silêncio de José, homem justo (cf. Mt 1, 19), e o exemplo de Maria, que guardava todas as coisas no seu coração (cf. Lc 2, 51), nos façam entrar no mistério cheio de fé e de humanidade da Sagrada Família.
 
Desejo a todas as famílias cristãs que vivam na presença de Deus com o mesmo amor e com a mesma alegria que a família de Jesus, Maria e José.
 
[Após a oração do Angelus, o Santo Padre saudou os peregrinos em vários idiomas. Em espanhol, dirigindo-se – em vídeo conferência – às milhares de pessoas reunidas em Madrid para a Festa das Famílias, disse:]
 
Saúdo cordialmente os peregrinos de língua espanhola presentes neste ângelus. E também aos numerosos participantes na Eucaristia que é celebrada em Madrid nesta Festa da Sagrada Família. Que Jesus, Maria e José sejam um exemplo da fé que faz brilhar o amor e que reforça a vida da família. Pela sua intercessão, pedimos que a família permaneça um dom precioso para cada um dos seus membros e uma sólida esperança para toda a humanidade.
 
E que a alegria de compartilhar a vida em Deus, que aprendemos desde criança da boca dos nossos pais, nos motive a fazer do mundo uma verdadeira casa, um lugar de harmonia, de solidariedade e respeito recíproco. Com este propósito, nos dirigimos a Maria, nossa Mãe celestial, para que acompanhe as famílias na vocação de ser uma forma amável de Igreja doméstica e célula originária da sociedade. Que Deus abençoe a todos vocês. Bom domingo.


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domingo, 30 de dezembro de 2012

Deus não abandona os que duvidam da sua fé, assegura Bento XVI aos jovens de Taizé

Mais de 40.000 peregrinos

Actualizado 30 Dezembro 2012

Efe

Bento XVI disse este sábado que "o mal e o sofrimento dos inocentes" podem despertar "dúvidas" na fé, mas estas não convertem a alguém num "não crente" e que nesta situação Deus não deixa a nada "só nem isolado".

Bento XVI lançou esta mensagem no discurso dirigido aos cerca de 40.000 peregrinos que acudiram ao encontro de oração na praça de São Pedro do Vaticano, por causa do 35º Encontro Europeu de Jovens, convocado pela comunidade de Taizé, que este ano se celebra em Roma e que se prolongará até o próximo 2 de Janeiro.

Durante o seu discurso, o papa quis assegurar também "o compromisso irrevogável da Igreja católica a continuar a busca de vias de reconciliação para conseguir a unidade visível de todos os cristãos".

"No ano que começa, vós proporeis libertar as fontes da confiança em Deus para vivê-las no dia-a-dia", disse o pontífice aos jovens presentes na praça de São Pedro nesta nova etapa da chamada "peregrinação da confiança na Terra", promovido pela comunidade de Taizé desde há vários decénios.

Bento XVI assegurou-lhes que Deus não os deixa só nem isolados, mas sim que fornece "o júbilo e o consolo da comunhão da Igreja" quando, ante "o sofrimento dos inocentes", surgem "dúvidas e constrangimento" que podem fazer "o sim a Cristo difícil".

"Cristo deseja receber de cada um de vós uma resposta que venha da vossa liberdade profunda, não da obrigação nem do medo", adicionou o papa, que se dirigiu aos jovens em italiano, francês, inglês, alemão e polaco.

Mesmo assim, assinalou: "Voltando às vossas casas, nos vossos respectivos países, convido-os a descobrir que Deus os faz co-responsáveis da sua Igreja, em toda a variedade das vocações. Esta comunhão que é o corpo de Cristo necessita de vós e vós tereis nela todo o vosso lugar", asseverou.

O pontífice recordou que se trata da quarta ocasião que esta reunião se celebra em Roma e evocou as palavras do seu predecessor, João Paulo II, que na anterior edição celebrada na capital italiana assegurou: "o papa sente-se profundamente comprometido convosco nesta peregrinação de confiança na Terra... Também eu fui chamado a ser um peregrino de confiança em nome de Deus".

Bento XVI referiu-se também à figura do fundador da comunidade ecuménica de Taizé, o irmão Roger Schutz, assassinado em 16 de Agosto de 2005, a quem definiu como "uma testemunha incansável do Evangelho da paz e a reconciliação, animado pelo fogo do ecumenismo da santidade".

Assim, convidou a deixar-se guiar pelo seu "testemunho até um ecumenismo verdadeiramente interiorizado e espiritualizado".

Recordou, além disso, como "há pouco mais de setenta anos o irmão Roger deu vida à Comunidade de Taizé, que no dia de hoje segue acolhendo milhares de jovens de todo o mundo, em busca de um sentido para a sua vida. Os irmãos os acolhem na sua oração e oferecem-lhes a ocasião de ter a experiência de uma relação pessoal com Deus".

Segundo os organizadores, cerca de 40.000 jovens de todo o mundo reuniram-se estes dias em Roma por causa deste encontro.

Os participantes são acolhidos por comunidades e famílias durante a sua estadia.

O prior da comunidade de Taizé, o irmão Alois, que entregou ao pontífice um cesto ruandês com sementes de sorgo como oferta dos jovens africanos da comunidade, expressou o seu desejo de que "este encontro seja uma experiência de comunhão e que os jovens podem conhecer a Igreja como um lugar de amizade onde é possível reunir-se mais além de todas as fronteiras".

A comunidade de Taizé, que foi fundada na década dos quarenta na homónima aldeia francesa, promove o ecumenismo e é centro de encontro de jovens de diversas confissões cristãs.

Em edições anteriores, os seus encontros anuais reuniram milhares de participantes em cidades como Berlim, Bruxelas, Genebra, Zagreb, Milão, Lisboa, Hamburgo, Budapest e Paris.


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Um padre espanhol foi o que mais influenciou em Tolkien no espiritual e no intelectual

Padre Morgan Osborne

Era do Puerto de Santa María e neto do fundador das adegas Osborne. Sustentou economicamente os dois irmãos quando ficaram órfãos.

Actualizado 30 Dezembro 2012

José Antonio Fúster / La Gaceta / Suplemento Docs


A vida de John Ronald Reuel Tolkien é, como a de todos, um milagre. Mas a sua, um milagre documentado. Aos 2 anos, era um menino doente de futuro incerto. Aos 4, o seu pai morreu e a penúria obrigou a sua mãe, Mabel, a abandonar a África do Sul (Bloemfontein, “a cidade das rosas”) para voltar a Inglaterra, e o que é pior, aos subúrbios de Birmingham.

Quando John tinha 8 anos, Mabel enfrentou a sua família baptista e converteu-se ao catolicismo. Desamparada pelos seus, com o único auxílio do pároco, o padre Morgan (Francis Xavier Morgan Osborne), um padre galês a quem chamavam “tio Curro”, mas com um espírito que Tolkien descreveu como o de uma mártir pela sua fé, Mabel morreu pouco depois de diabetes e J.R.R. e o seu irmão Hilary ficaram ao cuidado de uma tia política de mau carácter durante quatro longos e obscuros anos até que Morgan os resgatou e os levou a viver numa pensão em Birmingham que servia de orfanato.

Sair da comarca
O padre de Cádiz (nascido no Puerto de Santa María e neto de Thomas Osborne Mann, o fundador das adegas) administrava os poucos bens dos Tolkien, e como vira que aqueles não bastavam, ia colocando do seu bolso o necessário para que pudessem estudar na King Edward’s School e depois em Oxford.

Foi naquela pensão-orfanato onde Tolkien se enamorou com loucura de Edith Mary Bratt, mas o sacerdote proibiu toda a comunicação entre os namorados até que J. R. R. cumprisse 21 anos. Tolkien obedeceu.

O tio Curro ajudou a cimentar a sua fé católica

Não é difícil conjecturar que o fez não só pela dívida impagável de gratidão que a sua pequena família havia contraído com o padre Morgan, mas sim porque durante aqueles anos, o tio Curro foi quem ajudou Tolkien a cimentar a sua fé católica, que chegou a ser, como asseguram os estudiosos da obra do escritor, o componente fundamental das suas posições ideológicas tão presentes nas suas obras (Tolkien moveu-se entre o conservadorismo e uma espécie de anarquismo anti totalitário e anti belicista).

Portanto, sem aquele padre de Cádiz, sem o dinheiro do vinho do jerez, sem a instrução católica recebida, nada nos teria chegado de Tolkien porque é muito possível que o jovem órfão que chegou a imaginar o hobbit jamais teria saído da comarca.


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Sim aos gestos religiosos no terreno de jogo, dizem os norte-americanos numa sondagem

Realizado por Grey Matter Research and Consulting

A maioria dos norte-americanos vê favoravelmente as expressões públicas de fé dos jogadores, segundo uma sondagem.

Actualizado 29 Dezembro 2012

Mar Velasco / ReL

Foram nada menos que o jamaicano Usain Bolt e a etíope Meseret Defar os primeiros atletas que desafiaram as normas durante os passados Jogos Olímpicos de Londres 2012.

O Comité Olímpico, por razões da presumível correcção política, empenhou-se em proibir – como se fosse tão simples amordaçar o espírito – a exibição de signos religiosos em público durante os Jogos.

Bolt, com a medalha da Virgem Milagrosa ao pescoço, fez o sinal da cruz e olhou o céu antes de iniciar a prova que o faria campeão olímpico.

Meseret ganhou o ouro nos 5.000 metros enquanto cruzava a meta mostrando a câmara uma imagem da Virgem que levava oculta no peito.

Inolvidável também é a imagem da equipa feminina de voleibol brasileiro, ajoelhada na quadra junto a toda a equipa técnica, rezando um emotivo Pai Nosso em agradecimento pela sua vitória na final olímpica.

E entre os futebolistas de elite da Liga Espanhola há também quem não se envergonha na hora de mostrar a sua fé no terreno de jogo, como Falcao, Kaká ou Di María, que em diversas ocasiões usaram mensagens de louvor a Deus nas suas camisolas.

A fé não é incómoda
Mas foram os norte-americanos os que se atreveram a questionar a relevância sociológica destes gestos e elaboraram uma sondagem sobre a relação entre fé e desporto e sobre a recepção das mostras de fé dos desportistas em público.

O primeiro resultado que apresenta o estudo, realizado por Grey Matter Research and Consulting, é que à maioria dos estado-unidenses lhes agrada ou não lhes importa que os atletas profissionais expressem a sua fé dentro e fora do campo: 49 por cento dos norte-americanos vê favoravelmente as expressões públicas de fé dos desportistas; a 32 por cento não lhes importa, enquanto 19 por cento tem uma visão negativa.

Deus premia o esforço, mas não ganha jogos
Aos participantes na sondagem, procedentes dos 50 estados e de diversas idades, raças e confissões, perguntou-se-lhes sobre as acções específicas religiosas mostradas pelos desportistas, como rezar antes ou depois dos jogos, falar da sua fé em entrevistas ou realizar abertamente sinais como persignar-se ou assinalar até ao céu quando marcam um golo ou ganham uma medalha.

Uns 55 por cento mostram-se favoráveis a que os jogadores se apoiem rezando juntos antes ou depois dos jogos. Sem dúvida, o que menos gostam é que “os atletas sugiram que Deus ajudou a sua equipa a conseguir uma vitória”, ou que utilizem respostas como “Deus realmente me deu forças naquele momento” ou “teve confiança e Deus permitiu que ganhasse aquele ponto”, que são vistas negativamente por 26 por cento dos sondados.

Aficionados a Deus

Em geral, os que não são aficionados dos desportos são os mais neutrais ou negativos com as expressões religiosas dos jogadores, enquanto os aficionados e amantes do desporto são os que vêem melhor os gestos dos atletas e desportistas.

A reacção do público a estas expressões não varia muito em função de factores demográficos como o género, a origem étnica, a idade, a educação ou os rendimentos familiares, mas, como era de esperar, essa reacção varia consideravelmente segundo as crenças religiosas.

Assim, as pessoas crentes são mais propensas a apoiar estas mostras que os não crentes. Ainda assim, vale a pena assinalar que, inclusive entre os estado-unidenses que não assistem aos serviços religiosos, 38 por cento em geral tem uma atitude positiva ante as expressões religiosas dos atletas profissionais, enquanto só 25 por cento reconhece albergar uma atitude negativa.

“Deus” melhor que “Jesus”
É curioso como em geral preferem que se mencione ou se agradeça a Deus pelos resultados conseguidos antes que a Jesus Cristo; Deus é mais genérico e comum a todos os crentes, enquanto o nome de Jesus Cristo costumam utilizá-lo mais os cristãos evangélicos. Josh Canales, director da Fellowship of Christian Athletes, a Associação de Atletas Cristãos que desde 1954 trabalha para formar treinadores e atletas para evangelizar no mundo do desporto através do anúncio de Jesus Cristo, afirmou: “Como cristão, é muito animador o resultado desta sondagem porque creio que é muito importante reconhecer a influência que podem ter os atletas cristãos, especialmente num país tão mentalidade desportiva”.

As cifras, segundo os credos

Protestantes
Favorável 66%
Indiferente 22 %
Negativo 12%

Católicos
Favorável 57%
Indiferente 31%
Negativo 12%

Outras religiões

(muçulmanos, budistas, judeus, mórmones, cristãos ortodoxos…)
Favorável 25%
Indiferente 52 %
Negativo 23%

Ateus e agnósticos
Favorável 12%
Indiferente 38 %
Negativo 50%

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Uma agenda já fechada

As 10 notícias sobre Bento XVI e o Vaticano que lerá no ano de 2013

Actualizado 28 Dezembro 2012

Rome Reports


Jogando um pouco a adivinhos e profetas, é fácil apresentar as notícias que marcarão a actualidade do Papa e o Vaticano durante 2013.

A mais importante é a viagem do Papa ao Brasil para a grandiosa Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, na qual participarão uns 2 milhões de jovens.

Está previsto que Bento XVI aterre na segunda-feira 22 de Julho e se despeça no domingo 28. Além disso, o Vaticano está estudando se visita também outros países da América Latina. Os principais candidatos são a Colômbia e o Panamá.

Também, este ano Bento XVI publicará uma nova encíclica. Será a quarta do seu pontificado e tratará sobre a Fé. Talvez a assine em Janeiro.

O Ano da Fé, mais do que uma notícia, é o fio condutor que o Papa seguirá ao longo do ano. Para comemora-lo, convocou encontros a 360 graus.

Por exemplo, em 15 de Junho acolherá no Vaticano um encontro mundial para consciencializar sobre o Direito à vida, a defesa da dignidade da pessoa desde a sua concepção até à sua morte natural.

Em 18 de Maio o Papa reunir-se-á na praça de São Pedro com representantes e membros de todos os movimentos da Igreja católica. Trata-se de instituições que propõe modos concretos de viver a própria fé e que atraem milhões de pessoas em todo o mundo. O Movimento dos focolares, a Renovação carismática ou Comunhão e Libertação são alguns dos mais numerosos.

Em 2 de Junho Bento XVI participará numa hora de adoração eucarística que pela primeira vez na história se celebrará simultâneamente em todos os países do mundo.

Também convocou em Roma, nos dias 26 e 27 de Outubro, as famílias de todo o mundo, para reflectir sobre como a fé os ajuda a enfrentar as dificuldades quotidianas.

Em Junho será notícia a reunião que o Papa manterá pela primeira vez com todos os seus núncios. Um encontro no qual reflectirão sobre o curioso ofício que significa representar o Papa, um líder político e religioso.

Em Outubro o Papa costuma fazer novos santos. Este ano pode bater o recorde e canonizar na mesma cerimónia 802 pessoas. Tratam-se dos 800 mártires de Otranto (Itália) assassinados por ódio à fé no ano 1480; a primeira santa colombiana, a Madre Laura; e a beata mexicana Madre María Guadalupe.

A agenda é intensa apesar de que o Papa cumpre em Abril 86 anos e em Janeiro se converte no quarto pontífice mais velho da História.

Durante este ano, 10 cardeais cumprirão 80 anos e perderão o seu direito a entrar num eventual conclave. Significa que em 25 de Dezembro de 2013 só haverá 109 cardeais eleitores. Por isso, talvez um mês antes, em 24 de Novembro, com o encerramento do Ano da Fé, o Papa nomeará novos príncipes da Igreja.


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sábado, 29 de dezembro de 2012

35º Encontro Europeu da Comunidade de Taizé

No próximo sábado serão recebidos pelo Papa Bento XVI na Basílica de São Pedro

Redacção, 28 de Dezembro de 2012 às 11:15

Mais de 42.000 jovens participam desde esta sexta-feira até ao próximo 2 de Janeiro de 2013 em Roma no 35° Encontro Europeu da Comunidade de Taizé. Além disso, no próximo sábado serão recebidos pelo Papa Bento XVI na Basílica de São Pedro para realizar uma oração comum.

Este encontro organizado pela Comunidade de Taizé e em colaboração com a diocese de Roma, reunirá milhares de jovens provenientes de toda Europa para continuar com a 'Peregrinação de confiança através da terra' iniciada pelo fundador, o irmão Roger, nos finais dos anos 70 em França.

Os jovens serão recebidos pelas famílias e as comunidades religiosas católicas como também de outras igrejas presentes em Roma. Os participantes peregrinarão às tumbas dos Apóstolos e às catacumbas, rezarão nas maiores basílicas romanas e reunir-se-ão no Circo Massimo.



O programa do encontro inclui encontros sobre temas relativos à fé, vida interior, sociedade e criação artística e orações comuns nas basílicas e as grandes igrejas do centro da cidade. Mesmo assim, a 31 de Dezembro, levar-se-á a cabo a vigília de oração pela paz nas paróquias de acolhimento e depois a 'Festa dos povos do Mundo'.

Em finais de 2011, Bento XVI dirigiu uma mensagem aos jovens reunidos em Berlim, na qual ressaltou "a alegria de acolhê-los no 35º Encontro Europeu da peregrinação de confiança através da terra" e afirmou que Roma lhes daria as boas-vindas "calorosamente".

Além de Bento XVI, diversas personalidades enviaram mensagens para animar os jovens que participarão neste encontro, entre os que se destacam o Patriarca de Constantinopla, Bartolomé I; o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams; o secretário da Federação Luterana Mundial, Martin Junge; o secretário da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas, Setri Nyomi; o secretário-geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, Olav Fykse-Tyeit; o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon e o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, entre outros. (RD/Ep)


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Nova evangelização: a fé deve ser testemunhada com a caridade

Entrevista com o cardeal Maradiaga, presidente da Caritas Internationalis
 

Por Sergio Mora
 

ROMA, 28 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Durante o Natal, a ajuda aos mais vulneráveis ​​brilha de modo especial. Mas há quem ajude o ano todo e não apenas em situações de emergência ou em datas especiais. É o caso da Caritas.
 

ZENIT conversou com o presidente da Caritas Internationalis, cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, que explicou que, na nova evangelização, a diakonia da fé passa pelo serviço da caridade. Maradiaga ressalta o quanto é importante motivar os fiéis nas paróquias para que eles organizem actividades de pastoral social. Graças ao princípio da subsidiariedade, uma grande quantidade de iniciativas pode ser colocada em prática.
 

Qual é o trabalho da Caritas, em especial no natal e durante as emergências?
Cardeal Maradiaga: A Caritas é identificada muitas vezes só com casos de emergência, mas as emergências são apenas uma parte do trabalho. A parte mais importante é motivar os fiéis a organizar actividades de pastoral social nas suas paróquias.
 

O que é necessário para atingir esse objectivo?
Cardeal Maradiaga
: A Caritas tem uma rede bastante extensa, que funciona quando as paróquias são organizadas. Onde existem as Caritas paroquiais, existe a Caritas diocesana e a Caritas nacional. Como federação, existem actualmente 165 países que fazem parte da rede Caritas. Só na Espanha, por exemplo, existem 62.000 voluntários, seis mil paróquias organizadas e, graças a isso, é possível distribuir um milhão de refeições por dia.
 

Então, o princípio da subsidiariedade é essencial no trabalho...
Cardeal Maradiaga
: É por isso que funciona, mesmo sem muitos recursos. Por exemplo, também na Espanha, no total dessas seis mil paróquias que eu mencionei, existem quatro mil pessoas que são assalariadas. O resto é voluntariado.
 

E na América Latina, o trabalho voluntário funciona?
Cardeal Maradiaga
: Na América Latina, o voluntariado não era muito difundido, mas foi trilhando o seu caminho com pequenos passos e, hoje em dia, em alguns países, já presta uma bela ajuda.
 

É uma forma de dar testemunho?
Cardeal Maradiaga
: Sem dúvida! Especialmente agora, que falamos de nova evangelização, porque temos a certeza de que o serviço da fé passa pelo serviço da caridade. E o Santo Padre deixou claro no discurso de 3 de Dezembro, na sessão plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz: "De uma nova evangelização do social pode derivar um novo humanismo e um renovado compromisso com a cultura e com o planejamento. Ela ajuda a destronar os ídolos modernos, a substituir o individualismo, o consumismo materialista e a tecnocracia por uma cultura da fraternidade e da generosidade, do amor solidário".

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"Aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo"

Intenções de oração do papa para o mês de Janeiro de 2013
 
CIDADE DO VATICANO, Sexta, 28 Dezembro 2012 (Zenit.org).

Todos os meses, o Santo Padre propõe intenções de oração, uma geral e outra missionária.

Publicamos abaixo as intenções que Bento XVI confiou ao Apostolado da Oração para Janeiro de 2013.

A intenção geral diz: "Para que, neste Ano da Fé, os cristãos se aprofundem no conhecimento do mistério de Cristo e testemunhem com alegria o dom da fé nele".

Já a intenção missionária sugere: "Para que as comunidades cristãs do Oriente Médio, muitas vezes discriminadas, recebam do Espírito Santo a força da fidelidade e da perseverança".

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"Quem defende Deus, defende o homem"

Bento XVI repassa destaques do ano eclesial
 

Lucas Marcolivio
 

VATICANO, sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Um 2012 marcado por "muitas situações difíceis, por grandes problemas e desafios, mas também por muitos sinais de esperança": com estas palavras, o papa Bento XVI se dirigiu aos membros da Cúria Romana e do Governatorato do Vaticano por ocasião da apresentação dos cumprimentos habituais de natal.
 

Na audiência, realizada na Sala Clementina do Palácio Apostólico, o Santo Padre recordou os destaques do ano que termina, mencionando primeiro as visitas pastorais ao México e a Cuba, descritas como "inesquecíveis encontros com o poder da fé, profundamente enraizada nos corações dos homens, e com a alegria pela vida que brota da fé".
 

Bento XVI recordou em especial as "hordas intermináveis ​​de pessoas" que o saudaram no México, "agitando lenços e bandeiras", além dos "jovens devotamente ajoelhados para receber a bênção do Sucessor de Pedro" ao longo da rodovia para Guanajuato e a "grande liturgia" aos pés da estátua de Cristo Rei, "um ato que tornou presente a realeza de Cristo, sua paz, sua justiça e sua verdade".
 

Os problemas sociais e económicos do grande país centro-americano "não podem ser resolvido apenas pela religião, mas ainda menos sem a purificação interior do coração, que vem do poder da fé, do encontro com Jesus Cristo", acrescentou o papa.
 

Durante a viagem a Cuba, continuou Bento XVI, "tornou-se perceptível a presença d’Aquele que, durante muito tempo, foi oficialmente recusado no país". A liberdade no país caribenho, portanto, "não será possível sem uma referência aos critérios básicos que se manifestaram para a humanidade no encontro com o Deus de Jesus Cristo".
 

Outro momento crucial do ano da Igreja foi a visita pastoral a Milão, durante o Encontro Mundial das Famílias. O evento mostrou que, "apesar das impressões dizendo o contrário, a família segue forte e viva", disse o pontífice.
 

O Encontro Mundial das Famílias, em conjunto com as reflexões do último Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, forneceu a inspiração para o papa afirmar que "a família não é apenas uma questão de forma social, mas é a questão do próprio homem, a questão do que é o homem e do que precisa ser feito para sermos homens da melhor maneira".
 

Neste contexto, os desafios são "complexos" e dizem respeito ao homem, especialmente à sua capacidade de "criar ou carecer de laços". Quanto a dilemas como o suposto conflito entre liberdade e laços familiares, o Santo Padre observou que há uma "compreensão errada da liberdade e da auto-realização", que leva o homem a se fechar em si mesmo.
 

Somente no "dom de si" é que ele pode descobrir "a grandeza de ser pessoa humana". 

Mas, se forem negadas as "figuras fundamentais da existência humana", ou seja, o pai, a mãe e o filho, desabam as "dimensões essenciais da experiência de ser pessoa humana".
 

Em paralelo com os desafios ligados à família, levanta-se o dilema actual sobre a “teoria de gêneros”, que é a filosofia de que a sexualidade "não é mais um fato original da natureza, que o homem deve aceitar e encher pessoalmente de significado, e sim um papel social a ser decidido autonomamente".
 

É uma teoria marcada por "falácia profunda", já que o homem, com ela, "nega a própria natureza e decide que ela não lhe é dada como um fato pré-estabelecido, mas como algo que ele próprio pode criar para si". Esta "manipulação da natureza", que hoje "deploramos no caso do meio ambiente, aqui se torna a escolha básica do homem no tocante a si mesmo".
 

Se faltar a "dualidade" do ser humano como homem e mulher, tal como Deus o criou (cf. Gn 1,27), "não existe mais nem mesmo a família como realidade predefinida pela criação". Até os filhos acabam privados da dignidade que lhes é própria e se vêem reduzidos a "objectos de direito".
 

"Na luta pela família”, disse Bento XVI, “está em jogo o próprio homem. É evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se a dignidade do homem. Quem defende Deus, defende o homem".
 

Outra "grande questão" da Igreja no ano passado, de Assis até o último sínodo, foi o diálogo nas suas três dimensões principais: 1) o diálogo com os Estados, 2) o diálogo com a sociedade, com a cultura e com a ciência e 3) o diálogo inter-religioso.
 

Sobre os dois primeiros aspectos do diálogo, o Santo Padre disse que a Igreja fala sempre "a partir da luz que lhe vem da fé" e é obrigada a fazer "todo o possível para traduzir suas convicções em acção política".
 

Já o diálogo com as outras religiões é uma "condição necessária para a paz no mundo, e, portanto, é um dever para os cristãos e para as outras comunidades religiosas". Ele não tem como meta a "conversão", mas a "compreensão", distinguindo-se, assim, da evangelização e da missão.
 

Através do diálogo, os dois lados "permanecem conscientemente na sua identidade", com o objectivo principal da "compreensão mútua", e, ao mesmo tempo, da "maior aproximação da verdade". Não é o homem quem possui a verdade, reiterou o papa: "é ela que nos possui" através de Cristo, que é a Verdade.
 

No final da audiência, Bento XVI mencionou a evangelização com base nas propostas dos padres sinodais. "A palavra do anúncio se torna eficaz onde há, nos seres humanos, uma vontade dócil de se aproximar de Deus; onde o homem está em busca interior e, assim, em caminho rumo a Ele".
 

"Vinde e vede" é o convite-chave de Jesus para acompanhá-lo e conhecê-lo mais, juntamente com a Igreja, que é o seu corpo. "No final do ano, nós oramos ao Senhor para que a Igreja, apesar da sua pobreza, seja cada vez mais reconhecível como sua morada", acrescentou o papa, antes de se despedir com uma saudação natalina.

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Jesus aos 12 anos no Templo por Bento XVI

A Infância de Jesus

«Além da narração do nascimento de Jesus, São Lucas deixou-nos ainda um precioso fragmento da tradição sobre a infância, fragmento esse no qual transparece de modo singular o mistério de Jesus. Narra ele que, todos os anos pela Páscoa, os pais de Jesus iam em peregrinação a Jerusalém. A família de Jesus era piedosa.

Sucede às vezes, nas descrições da figura de Jesus, que se dá realce quase só ao aspecto da contestação, à sua intervenção contra uma falsa devoção […] Realmente, na sua missão de Filho, introduziu uma nova fase do relacionamento com Deus […] Isto, não é, porém, um ataque à religiosidade de Israel. A liberdade de Jesus não é a liberdade do liberal, mas a do Filho, ou seja, a liberdade daquele que é verdadeiramente piedoso. Como Filho, Jesus traz uma nova liberdade, mas não a de alguém que viver sem qualquer vínculo; antes é a liberdade d’Aquele que está totalmente unido à vontade do Pai e ajuda os homens a alcançarem a liberdade da união interior com Deus.


[…] A Torah prescrevia que cada israelita, por ocasião das três grandes festas – da Páscoa, das Semanas (Pentecostes) e das Cabanas – se devia apresentar no Templo (cf. Ex 23, 17; 34, 23-24; Dt 16, 16-17) […] Para os adolescentes, a obrigação vigorava depois de completarem 13 anos; entretanto, valia também, a prescrição de que eles deviam habituar-se pouco a pouco aos mandamentos e que, para isso, podia servir a peregrinação já aos 12 anos de idade. O facto de Maria e Jesus terem participado na peregrinação prova uma vez mais a religiosidade da família de Jesus. 


Neste contexto fixemos a nossa atenção também no sentido mais profundo da peregrinação: indo três vezes por ano ao Templo, Israel permanece, por assim dizer, um povo de Deus em peregrinação, um povo que está sempre a caminho do seu Deus e recebe a sua identidade e a sua unidade sem cessar do encontro com Deus no único Templo. A Sagrada Família insere-se nesta grande comunidade a caminho do Templo de Deus.


Na viagem de regresso, sucede um imprevisto. Jesus não parte com os outros, e fica em Jerusalém […]. O facto de Jesus não se apresentar [à noite junto aos pais no fim daquele dia] não tem nada a ver com a liberdade dos jovens, remetendo antes, como se verá, para outro nível: a missão particular do Filho. […] O evangelista conta que só depois de três dias é que eles encontraram Jesus no Templo, sentado no meio dos doutores, enquanto os ouvia e interrogava (cf. Lc 2,46). […] Embora os três dias sejam uma indicação de tempo muito realista, é preciso dar razão a René Laurentin que vê aqui uma alusão velada aos três dias entre a Cruz e a Ressurreição. […] Assim, da primeira Páscoa de Jesus, estende-se um arco até à sua última Páscoa, a da Cruz. 


[…] A resposta de Jesus à pergunta da Mãe é impressionante: Como?! Andaste à minha procura? Não sabíeis onde deve estar um filho? Não sabíeis que deve estar na casa do pai, “nas coisas do pai” (Lc 2, 49)? Jesus diz aos pais: estou precisamente onde é o meu lugar: com o Pai na sua casa.


Nesta resposta, são importantes sobretudo duas coisas: Maria dissera: “Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura”. Jesus corrige-a: Eu estou com o Pai. O meu pai não é José, mas um Outro: o próprio Deus. A Ele pertenço, com Ele estou. Porventura pode-se exprimir de forma mais clara a filiação divina de Jesus?


Directamente relacionada com isto está a segunda coisa. Jesus fala de um “dever”, a que Ele se atém. O filho, o menino, deve estar com o pai. […] Ora, este “deve” tem valor já neste momento inicial: Jesus deve estar com o Pai, e assim torna-se claro que aquilo que aparecia como desobediência ou como liberdade inconveniente com os pais, na realidade é precisamente expressão da sua obediência filial. Ele está no Templo, não como rebelde contra os pais, mas precisamente como Aquele que obedece, com a mesma obediência que o conduzirá à Cruz e à Ressurreição. 


São Lucas descreve a reacção de Maria e José às palavras de Jesus com duas afirmações: “Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse”, e ainda, “sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2, 50, 51). A palavra de Jesus é grande demais por essa altura; a própria fé de Maria é uma fé “a caminho”, uma fé que repetidas vezes se encontra na escuridão e, atravessando a escuridão, dever amadurecer. Maria não compreende as palavras de Jesus, mas guarda-as no seu coração, onde as faz chegar lentamente à maturação. 


As palavras de Jesus nunca cessam de ser maiores do que a nossa razão; superam, sempre de novo, a nossa inteligência. A tentação de as reduzir e manipular, para fazê-las entrar na nossa medida é compreensível; de uma reta exegese faz parte precisamente a humildade de respeitar esta grandeza que muitas vezes nos supera com as suas exigências […] Crer significa submeter-se a esta grandeza e crescer pouco a pouco rumo a ela.


Nisto, Maria é deliberadamente apresentada por Lucas como aquela que crê de modo exemplar: “Feliz de ti que acreditaste”, dissera-lhe Isabel (Lc 1, 45). […] Maria aparece não só como a grande crente, mas também como imagem da Igreja, que guarda a Palavra no seu coração e a transmite. 


[…] Depois de afirmar que Jesus crescia em sabedoria e em estatura, Lucas acrescenta a fórmula extraída do Primeiro Livro de Samuel, onde aparece referida ao jovem Samuel (cf. 2, 26): crescia em graça (benevolência, simpatia) diante de Deus e dos homens. Assim o evangelista recorre mais uma vez à correlação entre a história de Samuel e a história da infância de Jesus, correlação essa que apareceu pela primeira vez no Magnificat, o cântico de louvor de Maria por ocasião do encontro com Isabel. Este hino de júbilo e de louvor a Deus, que ama os humildes, é uma nova versão da oração de gratidão com que Ana, a mãe de Samuel, que não tinha filhos, agradece pelo dom do menino com que o Senhor tinha posto termo à sua amargura [1Sm 1, 1ss]. Na história de Jesus – diz-nos o evangelista com a sua citação – repete-se, a um nível mais elevado e de modo definitivo, a história de Samuel. 


Também é importante aquilo que Lucas diz acerca do crescimento de Jesus não só em idade, mas também em sabedoria. […] é verdade também que a sua sabedoria cresce. Enquanto homem, Jesus não vive numa omnisciência abstrata, mas está enraizado numa história concreta, num lugar e num tempo, nas várias fases da vida humana, e de tudo isto toma forma concreta o seu saber. Manifesta-se aqui, de modo muito claro, que Ele pensou e aprendeu de maneira humana. 


Concretamente torna-se evidente que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, como exprime a fé da Igreja. A profunda ligação entre ambas as dimensões, em última análise, não podemos defini-la; permanece um mistério e, todavia, manifesta-se de forma muito concreta na breve narração sobre Jesus aos 12 anos; uma narração que que desta maneira abre, ao mesmo tempo, a porta para o conjunto da sua figura que depois nos é narrada pelos Evangelhos.


Joseph Ratzinger/Bento XVI,
A Infância de Jesus (epílogo),
 pp.101-106


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Os miseráveis: Revisitando o drama romântico de inspiração cristã


26.12.12 | 11:17. Arquivado em Crítica cinematográfica 

O grande êxito do musical que adapta “Os miseráveis” passa para o ecrã numa realização do oscarizado Tom Hooper. Fiel á obra romântica de Víctor Hugo mantém a inspiração profundamente cristã do original, transferida de um libreto teatral com pouco diálogo falado e 50 canções do compositor Claude-Michel Shonberg e letristas Alain Boublily Herbert Kretzmer. A novidade desta adaptação é que toma a obra de teatro musical como ponto de partida e assume o desafio, do que sai bastante bem, de transplantá-lo à linguagem cinematográfica.

A obra literária é um clássico da novela romântica com conotações políticas, éticas e religiosas. O antagonismo entre a bondade do ex-recluso redimido Jean Valjean e a persistente perseguição do inspector Javert preso no mal se exibe durante a insurreição de Junho de 1832 em Paris. A situação de miséria económica, as consequências devastadoras da peste e os abusos da monarquia explodem numa pequena rebelião republicana, depois da morte do general Jean Maximilien Lamarque, que é esmagada pelas tropas do rei Luís Filipe I. A novela serve-se deste arquétipo de rebelião frente à exploração para mostrar a possibilidade da mudança desde a transformação pessoal numa chave social e utópica inspirada pelo sentido cristão. ( )


Contamos com até 70 adaptações em 15 idiomas de uma das obras literárias com maior presença cinematográfica. De entre elas, pessoalmente, inclino-me pela versão dirigida por Bille August (1998) com as interpretações de Liam Neeson, Geoffrey Rush e Uma Thurman. Esta nova proposta tem a vantagem de usufruir do êxito do musical transferindo-o para uma realização com bom ritmo geral, uma posta em cena espectacular e umas actuações que sobressaem de Anne Hathaway numa Fantine dramaticamente convincente, Russell Crowe numa interpretação do inspector Javert menos malvada mas sugestiva por ambígua e um Hugh Jackman que, na pele do protagonista Jean Valjean, vai-se tonificando segundo avança a metragem. Também se destacam entre os secundários Amanda Seyfried no papel de Cosette adulta, Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen no papel dos Thénardier, um matrimónio de pícaros de inacabável capacidade de adaptação, e Samantha Barks no papel de Éponine a oponente pobre de Cosette resultando mais frouxo Eddie Redmayne no papel do jovem revolucionário enamorado Marius.

Cinematograficamente no desenvolvimento das sequências concretas abusa-se das angulações, da instabilidade da câmara e dos primeiros planos o que chega a cansar o espectador que apesar destes limites se mantêm, salvo algum alto e baixo, enganchado emocionalmente. As sequências corais sofrem de falta de movimento o que faz repetitivos os frequentes solos e duos estáticos dos personagens. Ainda que o canto desgarrado, a força musical da partitura, a radicalidade das vivências dos personagens que funcionam como arquétipos e o denso conteúdo espiritual terminam por agarrar o público. Sem dúvida, a posta em cena grandiosa sofre de profundidade simbólica, assim a paixão a cruz são mostradas mais como um sublinhado estético que como ícones do drama de Deus e o mundo. As controvérsias que aludem à transcendência por simples diluem a profundidade na espectacularidade fazendo que a profundidade do canto se sinta incómoda no efectivo formal.

Desde o ponto de vista espiritual é um claro exemplo da vigência do relato cristão como proposta de sentido. Os espectadores ficam agarrados pelo drama romântico porque ainda que reconheçam a simplificação emocional que se afasta do realismo pós-moderno descobrem que a simplicidade esconde a verdade dos conflitos humanos sobre o amor e o desamor, a ambição e a generosidade, a lei e a misericórdia, a violência e o perdão ou a verdade e a aparência. O poder do drama tem em Cristo um protagonista calado ainda que encarnado em personagens como o bispo Myriel e principalmente Jean Valjean. Nele se representa a bondade orante com quatro orações memoráveis: na hora da conversão, no momento de revelar a sua identidade para salvar um inocente, na petição pelo seu jovem oponente do seu amor paternal por Cosette e na hora final.

Na película, como na novela, o tema cristão da eleição paulina entre graça e lei se apresenta como argumento central na luta entre Valjean e o inspector Javert, onde só o perdão redentor tem força geradora de futuro ao ter em Deus a sua origem. Mas também a versão musical exibe outros aspectos cristãos essenciais como a luta pela justiça e a mudança social desde a conversão pessoal, o sacrifício como disponibilidade e desenraizamento, a esperança mais além da morte e o horizonte da comunhão dos santos como planificação das utopias mundanas. "Amar a outra pessoa é ver o rosto de Deus" cantam no final Fantine, Valjean e Eponine, os personagens da renúncia de amor. E esta é a grande entrada da novela, o musical e a película, recordar a actualidade do relato cristão e fazer memória do definitivo. “Perdido no vale da noite, é a música de um povo que está subindo à luz” cantam desde a eternidade os personagens.


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Dia Mundial da Paz 2013






Começa a gravação do CD da JMJ Rio2013

Uma novidade musical está chegando para aquecer o coração dos jovens na caminhada rumo à JMJ: o CD com as canções das missas da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 

RIO DE JANEIRO, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Conforme informado pela assessoria de imprensa da Jornada Mundial da Juventude, alguns dos grandes nomes da música católica brasileira estiveram em estúdio, no dia 17 de Dezembro, na gravadora “MZA Music”, para dar início à gravação do CD, que será produzido por Marco Mazzola.
 

No CD, estão confirmadas as participações do padre Fábio de Melo, padre Reginaldo Manzotti, padre Omar Raposo, padre Juarez de Castro, padre Gleuson Gomes e da irmã Kelly Patrícia. As músicas serão cantadas em três dos Actos Centrais da JMJ: Missa de Abertura, acolhida do Papa e Missa de Envio. Além do hino da JMJ Rio2013, estão, entre as canções conhecidas, “Kyrie Eleison”, “Cordeiro de Deus”, “Tantum Ergo”, “A Barca (Pescador de Homens)” e “Jovens Abençoados”, esta última que fez parte do CD “São Sebastião Acolhe a Juventude”, lançado na Trezena de São Sebastião deste ano.
 

Na lista de inéditas, estão uma homenagem à Nossa Senhora, uma homenagem ao Papa e uma música composta pelo padre Fábio de Melo.
 

Segundo o responsável pelo Sector de Actos Centrais, padre Renato Martins, com o CD da JMJ Rio2013, o sector quer que o povo brasileiro aprenda as músicas e possa manifestar, durante as celebrações, a alegria e a participação ao cantá-las. “Conseguimos a participação de grandes cantores, que fazem a história da música católica brasileira. Buscamos nomes com os quais a juventude vai se identificar. Esperamos que todos abracem esse projecto e incentivem o povo nas suas paróquias a também cantar, para que, nas missas da Jornada todos possam mostrar ao Papa a face alegre de ser católico”, frisou.
 

Todos os padres que participaram do primeiro dia de gravação mostraram-se animados com as letras e melodias das músicas e lisonjeados em fazerem parte do CD do maior evento da Igreja Católica. De acordo com o padre Fábio de Melo, o CD será uma união de trabalhos diferentes de diversos cantores, que estão dentro de uma mesma linguagem: a música litúrgica, categoria de música que, segundo ele, será resgatada do esquecimento, com o CD.
 

“A música litúrgica é totalmente diferente porque ela é uma música para um contexto celebrativo e tem que fazer com que as pessoas que estão participando estejam conectadas com o que está acontecendo no altar. Esse CD resgata isso e será muito proveitoso porque vai dar a oportunidade de as paróquias terem uma música litúrgica correta e de as pessoas terem alegria em cantá-las”, explicou.
 

Para o padre Reginaldo, a música em si toca as pessoas pela sua própria natureza de ser uma linguagem universal e a proposta é congregar pela música, utilizando-a como ferramenta para unir pessoas de culturas diferentes e passar a mensagem do rosto jovem de Cristo. “A música é um excelente canal de evangelização. O que eu percebo na escolha destas músicas é que a melodia e os arranjos estão adequados para os dias de hoje. Então, é um resgate do próprio tesouro e história musical que a Igreja tem”, disse.
 

A irmã Kelly espera que o CD possa fazer com que as pessoas mergulhem no mistério da fé, a Eucaristia. “Vamos afervorar o coração da juventude no Brasil e no mundo como alguém que abana uma fogueirinha para que ela cresça e possa iluminar o mundo com a luz da fé e do amor a Nosso Senhor”, enfatizou.
 

Padre Omar destacou que a participação dos cantores será uma contribuição simples porque, mais do que gravar o CD, todos devem incentivar as paróquias e toda a juventude brasileira e mundial a cantar bonito na missa com o Papa Bento XVI. “Agora, a gente está pertinho da Jornada e a música pode nos favorecer a trazer essa bela mensagem. Ela ajuda a reequilibrar essas realidades que a gente quer celebrar no próximo ano aqui na Cidade Maravilhosa”, evidenciou.
 

De acordo com padre Gleuson, a música ultrapassa todas as barreiras que possa existir com relação à questão doutrinal dos diversos credos, o que torna o Evangelho mais aberto. “Por trás está um ideal precioso de possibilitar que a Jornada seja um encontro de fé que possa traduzir a força de uma juventude que busca valores fortes do Evangelho, onde se possibilite um encontro dos jovens com Cristo. Esse momento vai mostrar, para a Igreja, essa capacidade da diversidade de dons, que nos torna cada vez mais potencializados na graça de evangelizar”, afirmou.
 

As gravações acontecerão até Janeiro do próximo ano e a previsão é que o CD seja lançado em Março.

Flash mob agitará a juventude
Para alguns momentos da Missa de Envio, o Sector de Actos Centrais está preparando surpresas. Uma grande acção será o flash mob, uma aglomeração de pessoas ao mesmo tempo e em um mesmo local, com uma coreografia combinada antecipadamente por mídias sociais. Ele será realizado no final da missa em homenagem ao Papa.
 

O famoso coreógrafo Fly será o responsável pela criação e pelos ensaios da coreografia, e o primeiro ensaio está marcado para o dia 27 de Janeiro, no evento “Folia com Cristo”. Após o ensaio, uma gravação com o ensaio será postada nas mídias sociais da JMJ, para que todos possam aprender a coreografia e realiza-la no dia da Missa de Envio.
 

Padre Renato Martins contou que além da coreografia, a missa também terá um coral especial. “Nós queremos trazer a maior representatividade de cantores do Brasil para participar das missas. Nosso coral será de renome e vamos convidar, no máximo, 100 cantores católicos mais conhecidos do país”, disse.

Músicas do CD
Esperança do Amanhecer (Hino Oficial da JMJ Rio2013); Kyrie Eleison; Glória a Deus; Aleluia (Aclamação ao Evangelho); Ofertório JMJ; Sanctus; Cordeiro de Deus; Tesouro Singelo (Comunhão I); Tantum Ergo (Comunhão II);Fino ai Confini Della Terra / Até os confins da Terra (Canto Final); Mãe Aparecida (Homenagem à Nossa Senhora); Jovens Abençoados; e A Barca (Pescador de Hombres).


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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

«O ateísmo é o verdadeiro engano»

John Lennox, matemático de Oxford: «Quanto mais compreendo a ciência, mais creio em Deus»
 

O debate que manteve em 2007 com o ateu Richard Dawkins o retransmitiram rádios e televisões de todo o mundo.

Actualizado 22 Dezembro 2012

Sara Martín / ReL

 «Os novos ateus nos querem fazer crer que não somos mais do que uma colecção aleatória de moléculas, o produto final de um processo sem guia. Isto, a ser certo, minaria a racionalidade que necessitamos para estudar a Ciência. Se o cérebro foi na realidade o resultado de um processo sem guia, então não há razão para crer na sua capacidade de dizer-nos a verdade». Com estas palavras falou o célebre matemático John Lennox numa conferência ante mais de dois mil jovens no Newday Festival intitulada Enterrou a Ciência Deus?

«Para mim, a beleza das leis científicas só reforça a minha fé de uma maneira inteligente», assegurou o autor de numerosos livros. «Quanto mais compreendo a Ciência, mais creio em Deus pela maravilha da amplitude, sofisticação e integridade da sua criação. Longe de estar em desacordo com a Ciência, a fé cristã tem um sentido científico perfeito», segundo informa a notícia em The Norwich And Norfolk Christian Community Website.

Cara a cara com Richard Dawkins
Para o matemático, também conhecido pelos seus debates públicos com o célebre ateu Richard Dawkins, o estúdio da ordem racional do universo é uma ajuda e confirma a fé cristã: «Ainda assim, as minhas maiores razões para crer em Deus são, na parte objectiva, a ressurreição de Jesus, e no lado subjectivo, a minha experiência pessoal Dele e tudo o que brotou da confiança Nele todos os dias durante os últimos sessenta anos».

Enquanto Dawkins assegurou que a Ciência leva de forma lógica ao ateísmo, Lennox assegura na sua intervenção ante os jovens que, pelo contrário, a Ciência conduz a Deus: «Todos os primeiros cientistas eram cristãos, como Galileu e Newton, e estavam motivados pela sua própria crença num ser divino legislador». O professor da Universidade de Oxford cita as palavras de C.S. Lewis: «Estes homens converteram-se em cientistas porque estavam procurando leis na natureza, porque acreditavam num ser divino legislador».

A linguagem de Deus
Ao entrar nos detalhes da maravilha que é o homem graças aos avanços científicos, Lennox utiliza a analogia das letras desenhadas na areia da praia: «A resposta imediata é reconhecer o trabalho de um agente inteligente. Quanto mais provável é, portanto, que haja um criador inteligente por detrás do ADN humano, uma colossal base de dados biológica que contém não menos de três mil milhões de ´letras´?», argumenta o matemático. No mesmo sentido falou já há alguns anos o investigador responsável da sequenciação do genoma humano, o genetista Francis Collins: «Surpreendeu-me a elegância do código genético humano. Dei-me conta de que havia optado por uma cegueira voluntária e era vítima da arrogância por haver evitado tomar a sério o facto de que Deus poderia ser una possibilidade real». Depois disto, Collins chamou ao ADN humano a linguagem de Deus.

«O ateísmo é o verdadeiro engano»
Durante a conferência, alguém perguntou a Lennox como poderia convencer os seis mil jovens no festival Newday no recinto de feiras de Norfolk de que a fé cristã é uma possibilidade real: «A minha parte é apresentar a evidência, creio que Deus pode abrir realmente os olhos das pessoas, e essa parte a deixo a Ele». Não obstante, insistiu: «Não há que cair na falsa ideia de que não podes ser uma pessoa inteligente e ainda assim crer na existência de Deus. O ateísmo é o verdadeiro engano».


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´Amaos´ prepara a sua edição em Espanha

Uma revista polaca de evangelização alcança o milhão e meio de exemplares em 16 idiomas

É algo insólito no mundo da comunicação. Em plena época de crise a revista de evangelização Amaos cresce e cresce na circulação e difusão.
 

Actualizado 27 Dezembro 2012

Jesús García

 Num momento em que a crise económica está levando à sua frente redacções inteiras de publicações de todo o tipo, quando as novas tecnologias ameaçam acabar com o formato do papel, apresentou-se em Espanha um produto que está rompendo a lógica do mercado na Polónia e mais além: a revista Amaos, uma iniciativa com más de trinta anos de vida e que distribuiu milhão e meio de exemplares em 2012.

Só na Polónia, seu país de origem e de edição, Amaos tira de cada número 175.000 exemplares, cifra muito superior à da imensa maioria das edições que se imprimem e distribuem tanto no país eslavo como em Espanha.

O sacerdote polaco Mieczyslaw Piotrwski, soube combinar com maestria o velho ofício da edição de revistas com a Nova Evangelização, oferecendo na Amaos um produto de conteúdo católico repleto de verdades extraordinárias para pessoas comuns, reportagens divulgativas sobre a história e o presente da Igreja contadas com empenho jornalístico, e artigos de opinião que afrontam verdades que incumbem a todos os homens, de uma ou outra forma.

- Padre Piotrwski, quando nasce a Amaos e porquê? Quem a põe em marcha?
- A Amaos nasceu em 1975 por iniciativa do padre Tadeusz Myszczynski, sacerdote polaco pertencente à Sociedade de Cristo, que queria propagar a Cruzada Social do Amor iniciada em 1968 pelo cardeal Stefan Wyszynski. Por isso, na contracapa de cada número da Amaos, publicamos o decálogo da Cruzada Social do Amor.

- O que é?
- Uma lista com dez princípios redigidos pelo cardeal Wyszynski que concentram as atitudes do homem em amar a Deus sobre todas as coisas e aos demais como a ele mesmo.

- Desde quando dirige você a revista?
- Desde Janeiro de 1992, depois da morte do seu fundador.

- Qual é o objectivo desta revista?
- Em primeiro lugar, a Evangelização, e aproveitando-a, a formação dos membros de dois movimentos que tem bastante força aqui na Polónia: O Movimento dos Corações Puros, composto por jovens e casados, e o Movimento dos Corações Fiéis, de separados e divorciados.

- A quem está dirigida?
- A todos, a jovens e famílias, na situação que seja.

- Em quantas línguas se edita actualmente?
- O idioma original da revista é o polaco, e agora se está traduzindo em mais quinze línguas. Neste momento, além disso, se está preparando a edição em georgiano e em arménio, para editar-se nestas duas antigas repúblicas soviéticas.

- Quem faz a revista?
- Temos uma redacção de dezanove pessoas, todas elas contratadas e na folha de pagamentos, e uma boa equipa de voluntários.

- Qual é o canal de distribuição na Polónia?
- Há vários, qualquer meio no qual haja alguém disposto a levar a revista, é válido: paróquias, quiosques de jornais, voluntários que a distribuem pelas ruas, livrarias…

- Quais são os conteúdos da revista?
- A Amaos compõe-se de reportagens assombrosas sobre a História da Igreja, antiga e moderna; sobre as verdades da fé contadas para o homem de hoje, no seu idioma mas sem faltar à verdade nem um ápice.

Falamos da Divina Misericórdia, porque é importante que o homem conheça a Misericórdia de Deus, e nos baseamos muito também na sabedoria da Igreja contida no que o beato João Paulo II chamou a Teologia do Corpo, um tesouro muito desconhecido no nosso tempo mas que está aí.

- Quem elabora os artigos?
- Os redactores e jornalistas, claro, apoiados em especialistas e colaboradores.

- Disseram-me que você, o director da revista, não é jornalista. É verdade?
- Assim é. Eu sou sacerdote e teólogo. Tenho um Doutoramento em Teologia Dogmática pela Universidade Gregoriana de Roma, mas não sou jornalista. Tampouco me considero o director, porque a revista a dirige a Virgem Maria.

Esta revista deveria ter fechado há muito tempo e sem dúvida não só não desaparece, mas sim que cresce a um ritmo inclusive maior ao que nós mesmos podemos assumir, portanto eu não me preocupo com isso. Só o facto de haver começado a sua tradução em espanhol, nos dará em breve milhares de leitores mais, quando conseguirmos implantá-la em Espanha e nos países da América.

- Pode-nos contar alguma anedota que lhe tenha chegado sobre o impacto da revista?
- Poderia contar-lhe centenas, mas simplesmente direi que é uma alegria saber que as Missionárias da Caridade da beata Teresa de Calcutá, utilizam a revista Amaos no seu trabalho evangelizador naqueles lugares onde tem casas e temos conseguido enviar a revista.

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"Não há mais lugar para Ele"

Homilia do Santo Padre na Missa da Noite para o Natal de 2012

CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir o texto integral da homilia do Papa Bento XVI na Santa Missa da Noite da Solenidade do Natal de 2012, celebrada terça-feira, 24 de Dezembro às 22hs na Basílica Vaticana.

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Amados irmãos e irmãs!
A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.

Sempre de novo me toca também a palavra do evangelista, dita quase de fugida, segundo a qual não havia lugar para eles na hospedaria. Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (Jo 1, 11). Deste modo, a grande questão moral sobre o modo como nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os imigrantes ganha um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo facto de não termos tempo para Deus. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido. Mas vejamos o caso ainda mais em profundidade. Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir. Mesmo quando parece bater à porta do nosso pensamento, temos de arranjar qualquer raciocínio para O afastar; o pensamento, para ser considerado «sério», deve ser configurado de modo que a «hipótese Deus» se torne supérflua. E também nos nossos sentimentos e vontade não há espaço para Ele. Queremo-nos a nós mesmos, queremos as coisas que se conseguem tocar, a felicidade que se pode experimentar, o sucesso dos nossos projectos pessoais e das nossas intenções. Estamos completamente «cheios» de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros. A partir duma frase simples como esta sobre o lugar inexistente na hospedaria, podemos dar-nos conta da grande necessidade que há desta exortação de São Paulo: «Transformai-vos pela renovação da vossa mente» (Rm 12, 2). Paulo fala da renovação, da abertura do nosso intelecto (nous); fala, em geral, do modo como vemos o mundo e a nós mesmos. A conversão, de que temos necessidade, deve chegar verdadeiramente até às profundezas da nossa relação com a realidade. Peçamos ao Senhor para que nos tornemos vigilantes quanto à sua presença, para que ouçamos como Ele bate, de modo suave mas insistente, à porta do nosso ser e da nossa vontade. Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele e possamos, deste modo, reconhecê-Lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo.

Na narração do Natal, há ainda outro ponto que gostava de reflectir juntamente convosco: o hino de louvor que os anjos entoam depois de anunciar o Salvador recém-nascido: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado». Deus é glorioso. Deus é pura luz, esplendor da verdade e do amor. Ele é bom. É o verdadeiro bem, o bem por excelência. Os anjos que O rodeiam transmitem, primeiro, a pura e simples alegria pela percepção da glória de Deus. O seu canto é uma irradiação da alegria que os inunda. Nas suas palavras, sentimos, por assim dizer, algo dos sons melodiosos do céu. No canto, não está subjacente qualquer pergunta sobre a finalidade; há simplesmente o facto de transbordarem da felicidade que deriva da percepção do puro esplendor da verdade e do amor de Deus. Queremos deixar-nos tocar por esta alegria: existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura. Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores.

E, com a glória de Deus nas alturas, está relacionada a paz na terra entre os homens. Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo; primeiro seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única. É verdade que, na história, o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada. Contra estas deturpações do sagrado, devemos estar vigilantes. Se é incontestável algum mau uso da religião na história, não é verdade que o «não» a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem. Então, este deixa de ser a imagem de Deus, que devemos honrar em todos e cada um, no fraco, no estrangeiro, no pobre. Então deixamos de ser, todos, irmãos e irmãs, filhos do único Pai que, a partir do Pai, se encontram interligados uns aos outros. Os tipos de violência arrogante que aparecem então com o homem a desprezar e a esmagar o homem, vimo-los, em toda a sua crueldade, no século passado. Só quando a luz de Deus brilha sobre o homem e no homem, só quando cada homem é querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade é inviolável. Na Noite Santa, o próprio Deus Se fez homem, como anunciara o profeta Isaías: o menino nascido aqui é «Emmanuel – Deus-connosco» (cf. Is 7, 14). E verdadeiramente, no decurso de todos estes séculos, não houve apenas casos de mau uso da religião; mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé fez entrar um raio luminoso de paz e bondade que continua a brilhar.

Assim, Cristo é a nossa paz e anunciou a paz àqueles que estavam longe e àqueles que estavam perto (cf. Ef 2, 14.17). Quanto não deveremos nós suplicar-Lhe nesta hora! Sim, Senhor, anunciai a paz também hoje a nós, tanto aos que estão longe como aos que estão perto. Fazei que também hoje das espadas se forjem foices (cf. Is 2, 4), que, em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os enfermos. Iluminai a quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens «do vosso agrado»: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz.

Logo que os anjos se afastaram, os pastores disseram uns para os outros: Coragem! Vamos até lá, a Belém, e vejamos esta palavra que nos foi mandada (cf. Lc 2, 15). Os pastores puseram-se apressadamente a caminho para Belém – diz-nos o evangelista (cf. 2, 16). Uma curiosidade santa os impelia, desejosos de verem numa manjedoura este menino, de quem o anjo tinha dito que era o Salvador, o Messias, o Senhor. A grande alegria, de que o anjo falara, apoderara-se dos seus corações e dava-lhes asas.

Vamos até lá, a Belém: diz-nos hoje a liturgia da Igreja. Trans-eamus – lê-se na Bíblia latina – «atravessar», ir até lá, ousar o passo que vai mais além, que faz a «travessia», saindo dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassando o mundo meramente material para chegarmos ao essencial, ao além, rumo àquele Deus que, por sua vez, viera ao lado de cá, para nós. Queremos pedir ao Senhor que nos dê a capacidade de ultrapassar os nossos limites, o nosso mundo; que nos ajude a encontrá-Lo, sobretudo no momento em que Ele mesmo, na Santa Eucaristia, Se coloca nas nossas mãos e no nosso coração.

Vamos até lá, a Belém! Ao dizermos estas palavras uns aos outros, como fizeram os pastores, não devemos pensar apenas na grande travessia até junto do Deus vivo, mas também na cidade concreta de Belém, em todos os lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu. Rezemos nesta hora pelas pessoas que actualmente vivem e sofrem lá. Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que Israelitas e Palestinianos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar a sua casa naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus.

Os pastores apressaram-se… Uma curiosidade santa e uma santa alegria os impelia. No nosso caso, talvez aconteça muito raramente que nos apressemos pelas coisas de Deus. Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar. E todavia Ele é a realidade mais importante, o Único que, em última análise, é verdadeiramente importante. Por que motivo não deveríamos também nós ser tomados pela curiosidade de ver mais de perto e conhecer o que Deus nos disse? Supliquemos-Lhe para que a curiosidade santa e a santa alegria dos pastores nos toquem nesta hora também a nós e assim vamos com alegria até lá, a Belém, para o Senhor que hoje vem de novo para nós. Amen.

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