quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Natal, Tempo de Esperança

Apesar dos cenários de crise e das mutações por ela operadas, cujos sinais atravessam transversalmente as nossas sociedades, este tempo faz-nos, porém, respirar um ar diferente: pode não haver tanto frenesim nas compras, mas os gestos de solidariedade à escala regional, nacional ou global, ganharam novo impulso: à exuberância e excentricidade sucedeu alguma contenção e sobriedade; depois do irrealismo do culto do Consumo, do Ter, parece surgir alguma reflexão e questionamento sobre o nosso modo de vida e o modelo de desenvolvimento vigente; etc.

Como cristão, é óbvio, que o Natal me leva também a pensar no mistério de um Deus que por amor entra na história humana, se faz um de nós, e nos convida a acolhermos a Boa Notícia de que um mundo diferente e melhor é possível e está nas nossas mãos.

Natal faz-me ainda pensar em S. Francisco de Assis, o "irmão universal", a quem devemos o amor à pobreza, à simplicidade, ao presépio, tanta riqueza de uma nova espiritualidade que revolucionou o seu tempo e a Igreja, atravessou os séculos e ecoa nos quatro cantos do mundo. Quero, por isso, deixar uma oração de S. Francisco, das mais belas que ele legou a toda a humanidade, aos nossos caros leitores:

Senhor: Fazei de mim um instrumento da vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor.
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a .
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amen
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 237, 13 de Janeiro de 2012