domingo, 18 de novembro de 2012

Viktor Orban: "Europa cristã não teria permitido que países inteiros se afundassem na escravidão ao crédito”

Mayor Oreja e Viktor Orban
“Espanha está muito próxima de cair nesta escravidão”

Há duas maneiras de escravizar as nações: "com a espada ou com o crédito"

Redacção, 17 de Novembro de 2012 às 13:13

(CEU).- O primeiro ministro da Hungria, Viktor Orban, vê com uma clareza cristalina que a depressão económica, em que está envolvida a Europa, não responde a uma "conjuntura", mas sim que é consequência de uma crise de ordem espiritual. Em concreto, segundo explicou na sua intervenção no XIV Congresso Católicos e Vida Pública, organizado pela Associação Católica de Propagandistas e a Fundação Universitária São Paulo CEU, o que se passa na Europa é produto do esquecimento dos valores cristãos que foram a base da sua prosperidade.

Estes valores fizeram do velho continente uma "potência económica", graças sobretudo a que o desenvolvimento naqueles tempos se fazia conforme uns princípios. Existia o crédito, sim, explicou Orban, mas inclusive este estava submetido aos "padrões" do cristianismo.

Numa Europa com estas características, numa "Europa cristã", não teriam sido possíveis, na sua opinião, os excessos que originaram as actuais dificuldades. "Uma Europa cristã teria advertido que cada euro que se pede tem de ser trabalhado. Uma Europa cristã não teria permitido que países inteiros se afundassem na escravidão ao crédito", acrescentou. Uma situação de servidão na qual "Espanha está muito próxima de cair" sentenciou Orban justamente antes de dizer que há duas maneiras de escravizar as nações: "com a espada ou com o crédito".

O discurso de Orban desembocou numa apelação a realizar políticas inspiradas nos fundamentos cristãos. Políticas, em suma, que ajudariam a "acabar com as cargas das crises" e que diferem da imposição à posterior da austeridade, algo que "provoca que os governos percam a confiança dos seus governados", o que implica o risco de "decompor" o Estado e a certeza.

Orban expôs a sua convicção de que atrás de toda a economia bem-sucedida há "algum tipo de força motriz espiritual". Citou os exemplos actuais da América Latina, Índia e China, associando-os ao cristianismo, hinduísmo e budismo, respectivamente. "Uma Europa regida conforme os valores cristãos se regeneraria", sublinhou à luz deste raciocínio.

O político Húngaro também invocou a legitimidade do poder político, que hoje se vê subjugado pela severidade das condições para a obtenção de crédito, algo que "põe em perigo la soberania" e propicia um cenário em que "os credores obrigam a tirar dinheiro aos que deveriam recebê-lo".

Orban foi apresentado pelo eurodeputado Jaime Mayor Oreja, que assinalou o relativismo como origem da crise e grande mal que deve ser combatido. "O debate na próxima década não vai ser estritamente político, entre a esquerda e a direita tradicionais. O desenlace da crises vai-nos conduzir a um debate cultural de carácter antropológico, derivado da concepção da pessoa que cada um tenha".

O exemplo da trajectória pública de Orban é, para Mayor Oreja, expressão deste confronto. A "tormenta política" desencadeada em torno da sua pessoa não responde à oposição a medidas concretas mas sim a que os "porta-vozes do relativismo não lhe perdoavam o seu valor em defesa dos valores e das raízes cristãs da Europa". "O objectivo era que não houvesse nenhum Vicktor Orban no horizonte europeu".

A XIV edição do Congresso Católicos e Vida Pública, que este ano se organiza debaixo do título "Um novo compromisso social e político. Do Concilio Vaticano II à Nova Evangelização" celebra-se na Universidade CEU São Paulo até o domingo 18 de Novembro.

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