sábado, 9 de fevereiro de 2013

A maior vitória pública dos activistas pró-vida: a revista Time reconhece a sua influência

Apesar do Governo Obama

A archi-famosa publicação dedica a sua capa à sentença que legalizou o aborto nos EUA: «Os abortistas estão perdendo desde então», reconhece.

Actualizado 1 Fevereiro 2013

Sara Martín / ReL

Possivelmente não era o que pretendiam, mas a capa de 14 de Janeiro da revista Time é todo um reconhecimento ao trabalho dos activistas pró-vida nos EUA. «Há quarenta anos, os activistas pelo direito ao aborto ganharam uma batalha épica com Roe&Wade. Estão perdendo desde então», disse literalmente a capa. O artigo reconhece que abortar hoje em dia nos Estados Unidos é complicado graças à luta dos activistas pró-vida, que conseguiram por um limite atrás de outro para tentar defender o direito à vida dos não-nascidos: «Conseguir abortar nos Estados Unidos é, em alguns lugares, mais difícil hoje em dia que em qualquer outro momento desde que se converteu num direito constitucionalmente protegido há 40 anos».

Uma derrota inequívoca
Vitória a vitória, os activistas pró-vida vão ganhando batalhas. No momento, estados como Dakota do Norte e do Sul, Mississippi e Arkansas tem já só uma clínica abortista, e o Texas acaba de dar luz verde para cortar o financiamento às clínicas da Planned Parenthood, tal com fez o norte do condado de Michigan. Entre 2011 e 2012 já são mais de 135 as leis que se promulgaram para restringir o acesso ao aborto.

«Pode parecer que os últimos triunfos eleitorais de Barack Obama e os democratas no Congresso sentaram as bases para uma inversão desta tendência», explica a revista mundialmente famosa. De facto, «a campanha do Presidente mobilizou os votantes democratas e as mulheres em redor do tema dos ´direitos reprodutivos´. Mas, dado que o direito ao aborto é regulado por uma lei federal, é da competência dos Estados decidir quem pode aceder a este serviço e debaixo que circunstâncias. E no âmbito estatal, os activistas do direito ao aborto estão perdendo de maneira inequívoca», admite.

«A causa pró-escolha está em crise»
Para a revista Time, a intromissão da ciência é outro obstáculo ao direito a abortar: permite escutar o batimento do coração de um bebé e ver rapidamente o seu corpo. Além disso, os prematuros, que hoje em dia sobrevivem em taxas cada vez mais altas, põe em tela de juízo até que ponto a Lei tem razão. «Nesta era de ultra-sons pré-natais e sofisticada neonatologia, uma considerável maioria dos estadunidenses apoia restrições ao aborto tais como períodos de espera e leis de consentimento parental», explica a revista.

Os seus homólogos pró-escolha, enquanto tanto, «optaram por seguir com a sua mensagem central desde há muito tempo, de que o Governo não deveria interferir em absoluto com as decisões das mulheres que concernem a sua saúde, uma postura que parece não escutar a realidade actual», reconhece. «A causa contra o aborto viu-se favorecida pelos avanços científicos que complicaram as atitudes estadunidenses sobre o aborto».

De facto, desde a revista entrevistam Frances Kissling, activista pró-aborto desde há muitos anos, e ex-presidente da Catholics for Choice (Católicos pelo Direito a Decidir), admite que «a posição pró-escolha — que na essência significa que o aborto deve ser legal, um assunto privado entre uma mulher e o seu médico, sem restrição nem regulação mais além do estritamente necessário para proteger a saúde da mulher — há 50% da população que se encontra extremadamente incomodada e pouco disposta a associar-se connosco».

Mais ainda, a publicação chega a reconhecer, literalmente que, «a medida afasta-se da recordação das mulheres que morreram por abortos ilegais antes da sentença Roe&Wade, a causa pró-escolha está em crise».

Uma guerra que se leva à margem da realidade
O artigo da revista Time não esconde cruas histórias de mulheres que necessitam abortar junto com discrições de médicos abnegados e clínicas abortistas lutadoras no meio de um ambiente hostil. Ainda assim, reconhece nas conclusões do seu artigo: «A guerra aborto, tal como muitas outras lutas políticas, se leva em grande parte à margem da realidade. Uma revisão das políticas que avivaram o debate nacional, poderá supor facilmente que os abortos tardios e os realizados a menores de idade ou mulheres grávidas por violação ou incesto constituem a maior parte das gravidezes terminadas. Mas na realidade, são uma pequena parte (´meros estilhaços´) da história do aborto na América. E em geral, há pouco desacordo público em tais casos: a maioria dos estadunidenses apoiam o acesso ao aborto em casos de violação ou incesto ou quando a vida da mãe está em perigo, junto com uma série de restrições estatais comuns de aborto».

De facto, uma sondagem realizada pela Gallup demonstra que 79% dos estadunidenses pró-escolha acreditam, de qualquer modo, que o aborto deveria ser ilegal no terceiro trimestre da gravidez e 60% estaria a favor de períodos de reflexão de 24 horas e do consentimento dos pais para as menores.

Para finalizar, o artigo cede a palavra de novo a Kissling, que se opõe às leis estatais específicas impulsionadas pelos activistas pró-vida, mas disse que os esforços do movimento pró-escolha para «normalizar o aborto» são contraproducentes, e reconhece assombrosamente o seguinte: «Quando as pessoas nos ouvem dizer que o aborto não é mais que outro procedimento médico, reagem com surpresa. O aborto não é como sacar-se um dente ou o apêndice. Trata-se da terminação de uma forma inicial de vida humana. Isso merece um pouco de seriedade». Definitivamente, uma grande prenda na forma de artigo para a causa pró-vida.



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