sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Papa Bento XVI é um grande teólogo, um dos maiores

Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Doutrina da Fé
"Sofremos um secularismo pelo que o homem perdeu o rumo da vida"

José Manuel Vidal, 31 de Janeiro de 2013 às 13:50


José Manuel Vidal).- Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Doutrina da Fé, o dicastério mais importante da Cúria romana, impõe pela sua estatura e seduz pela sua proximidade e amabilidade. Esteve em Madrid para participar na festa de São Tomás da Universidade São Dâmaso e, antes de pronunciar a sua conferência, atendeu durante uns minutos à RD e à 13TV.

Num bom espanhol, o arcebispo alemão respondeu a umas poucas perguntas. Outras, muitas, ficaram-se pelo tinteiro. Assegura que Bento XVI é "um dos maiores teólogos" de todos os tempos, denuncia o "secularismo" e diz que a Espanha "necessita teólogos jovens".

Que significado tem o pensamento de Bento XVI para a cultura ocidental no momento histórico no qual nos encontramos?


O Papa Bento XVI é um grande teólogo, um dos maiores. É o grande teólogo de hoje para os homens do nosso tempo, e também para o futuro, porque o Papa, como teólogo e filósofo, conhece toda a história da teologia, da filosofia, da cultura que temos no Ocidente; e isto parece-me muito importante para as perguntas existenciais que temos hoje sobre a paz, a liberdade religiosa, a justiça social... Para todos os valores e os princípios da ética individual, mas também da ética social, a qual necessitamos tanto.

Também é um grande teólogo da relação do homem com Deus, que é o fundamento da existência humana, e que é muito importante neste mundo no qual sofremos um secularismo pelo que o homem perdeu o rumo da vida e do desenvolvimento da personalidade humana. Por isso é fundamental sublinhar esta relação que temos com Deus, nosso criador e salvador.

Pode fazer-nos uma breve síntese da sua conferência da abertura da Jornada de São Tomás, que versa sobre a liturgia?


O primeiro volume das obras do Santo Padre é sobre a liturgia, e foi assim por própria decisão do Papa, porque ele disse que a liturgia é a fé realizada, vivida. Quer dizer, que a fé não é só uma teoria sobre Deus, um conjunto de ideias ou pensamentos. A relação com Deus é a vida da Igreja que se realiza primariamente na liturgia. Mas a liturgia não está isolada, mas sim está unida ao martírio e à diaconia. São as três dimensões da vida da Igreja, das que a liturgia é o núcleo da existência do cristiano.

Monsenhor, como se vê desde a Congregação para a Doutrina da Fé a situação da fé em Espanha?


Em Espanha temos boas faculdades e universidades de Teologia, mas necessitamos também jovens teólogos que se comprometam totalmente com os homens de hoje, e com a relação entre fé e razão. A intelectualidade da fé é muito importante, não só para a Igreja, mas sim para toda a sociedade (de Espanha e da Europa), para um bom desenvolvimento e um bom futuro.




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