terça-feira, 9 de abril de 2013

Beja: Nova edição do festival «Terras Sem Sombra» quer potenciar produtos regionais alentejanos

Iniciativa da Diocese alia vertentes como a gastronomia, a música-sacra, o património e a biodiversidade para levar «mais longe» o território

Lisboa, 09 de Abril de 2013 (Ecclesia) – A promoção de produtos regionais alentejanos “de excelência” é a grande novidade da 9.ª Edição do festival de música-sacra “Terras Sem Sombra”, que a Diocese de Beja vai inaugurar no próximo sábado.

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o director-geral do evento realça que a aposta deste ano vai ao encontro dos objectivos da Igreja Católica local que, mais do que ficar circunscrita a uma “vertente espiritual”, quer “estar muito atenta às carências concretas da região, do ponto de vista social, económico e cultural”.

Ao aproveitar a visibilidade do festival para “partilhar com inteligência a identidade alentejana” e os principais produtos que a caracterizam, como “o vinho, a cortiça, o pão e a fruta”, a Diocese quer levar “mais longe” as potencialidades da região e abrir à economia local uma janela de “esperança”, realça José António Falcão.

Segundo o actual responsável pelo Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja, estão reunidas hoje “condições francamente positivas para a dinamização do território”.

“O Alentejo é uma grande marca do ponto de vista da atracão turística”, pois trata-se de “uma das regiões mais bem preservadas e mais interessantes” do país, “tanto do ponto de vista natural como cultural”, o que lhe confere “uma força muito própria para competir no âmbito global, na Europa”, aponta José António Falcão.

Com orçamentos relativamente modestos – este ano está previsto um investimento de cerca de 200 mil euros – o Festival Terras Sem Sombra pretende reforçar o êxito alcançado ao longo dos anos, em que chamou milhares de visitantes nacionais e estrangeiros e contribuiu para a subida das receitas na região.

Durante a sessão de apresentação da iniciativa, realizada no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o director-geral adiantou que “público não tem faltado” e que “cada euro gasto no festival tem rendido ao território cerca de 50 euros”.

Para José António Falcão, isto demonstra que mesmo em tempos de contenção económica, “é possível realizar iniciativas que têm um papel muito grande na dinamização da autoestima”.

A nona edição do festival, que vai ser aberta no sábado às 21h30 com um concerto na igreja Matriz de Santo Ildefonso, em Almodôvar, terá também a curiosidade de dar a conhecer, pela primeira vez, um vinho “Terras Sem Sombra” e também um coro de música-sacra com o mesmo nome.

Tal como em anos anteriores, a organização vai continuar a apostar na valorização do património arquitectónico e religioso local, em iniciativas de sensibilização para a preservação da biodiversidade e em actividades de capacitação cultural e artística, sobretudo junto das comunidades mais jovens. 

O Conselho de Curadores do festival é este ano encabeçado por Armando Sevinate Pinto, antigo ministro da Agricultura e actual consultor do presidente da República para a Agricultura e Mundo Rural.

Para aquele responsável, o evento é “uma pérola inesperada para o Baixo Alentejo”, já que contribui “em várias dimensões” para a “inclusão social” de um território rural que precisa de ser compreendido e valorizado.

“A parte musical é muito importante, mas não deixa de ser importante a preservação do património, o envolvimento das populações locais, a conservação da biodiversidade, e esses elementos são misturados de forma magnífica neste festival”, conclui.

JCP


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