segunda-feira, 17 de março de 2014

Missa dos Jovens e Crianças

No dia 23 de Março, pelas 11:30 horas, decorre na Igreja Matriz de Grândola a Missa dedicada aos Jovens e Crianças.

Um momento pensado em ti, por isso aparece!

Oração Taizé


Jovem vem rezar connosco neste momento dedicado a ti!


sexta-feira, 14 de março de 2014

Fundamentalismos


xiste no ser humano a tentação de fazer leituras unívocas e restritivas das palavras, esquecendo que elas podem ser ambivalentes, equívocas, e o seu sentido estrito ser facilmente superado pelo lato. A palavra fundamentalismo, por exemplo, pode ter muitas interpretações, não exclusivamente religiosas, pois exis- tem fundamentalistas em todos os sectores, desde o futebol, à política. O que têm de comum entre si, é que todos convivem mal com a diferença, e consideram-se os únicos detentores da verdade. Quem não pensa como eles está no erro e a sua opinião não conta.
Quando se entra por este caminho é fácil perder a objectividade, e construir projectos onde só o subjectivismo conta e serve de critério. Quem procura agir objectiva e subjectivamente de forma correcta, percebe o perigo aqui subjacente, pois é efectivo o risco de pintar tudo segundo os nossos critérios. Vale tudo: mentir, omitir, falsear dados, estatísticas, etc.

Este tipo de processos não deve servir para ninguém, cristãos incluídos. A verdade deveria ser a bússola que norteia a navegação da nossa vida e ninguém está acima dela. O apóstolo e evangelista João, diz que só a verdade liberta e, por isso, só seguindo por ela temos a certeza de percorrer caminhos seguros e autênticos. Verdade e liberdade são, aliás, um binómio que não deveria ser separado, sob pena de nos afundarmos no pântano dos “ismos”: individualismos, relativismos, subjectivismos…

Vêm estas palavras a propósito das discriminações e ataques que se têm abatido sobre muitos cristãos, não apenas nos habituais lugares de conflito, mas também em alguns países ocidentais, onde minorias com fortes apoios económicos, institucionais e mediáticos, não olham a meios para atingir os seus fins. Se a Igreja e os cristãos erram, merecem ser criticados e corrigidos, mas não se inventem razões quando elas não existem, em nome, pelo menos, da honestidade intelectual, da liberdade e da verdade.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1664, 14 de Março de 2014


Liberdade e Fundamentalismos


Poderia parecer utopia mas a verdade é que os cristãos continuam a ser actualmente, em pleno Século XXI, perseguidos, discriminados e marginalizados, muitos contextos humanos e geográficos e também, paradoxalmente, na nossa velha Europa. Em Portugal, por enquanto, não tem havido muitas manifestações deste género, mas basta olhar para a nossa vizinha Espanha: Missas interrompidas, Igrejas vandalizadas e pintadas de frases agressivas, tentativas de incêndios, e, pasme-se, uma agressão há dias ao Arcebispo de Madrid, etc. Noutros países também há notícias de novas formas de intolerância, e sinais preocupantes de que a objecção de consciência, que foi um ganho das nossas sociedades, vai perdendo terreno e sendo cada vez menos respeitada. Parece que há alguns que são "mais iguais do que outros", pois é, muitas vezes, em nome da liberdade de expressão e da igualdade, que atacam, ofendem, agridem, quem não pensa como eles. A liberdade parece ter um só sentido e uma só leitura: a destes paladinos!

Outra questão que me preocupa é o facto de os valores estarem progressivamente reféns de maiorias parlamentares, que são tão voláteis como o tempo. Corre-se o risco de, ao governar hoje uma maioria de esquerda, fazer aprovar e entronizar os seus valores que, na legislatura seguinte, uma maioria de direita substituirá por outros, que julgue mais adequados e verdadeiros. Onde é que isto nos poderá levar, não sei e não sei se alguém sabe, mas as suas consequências duvido que, sejam positivas.

Preocupa-me ainda que a vida humana, quando cada vez sabemos mais sobre ela, seja crescentemente desvalorizada e secundarizada, ao ponto de se querer introduzir o aborto como um direito "sagrado", (disseram extremistas em Espanha), e se aprove a eutanásia para crianças na Bélgica. Penso que isto são sinais evidentes de decadência de um povo, de uma sociedade, de uma civilização. Quando não se defendem os mais fracos, aqueles que não se podem defender, lançam-se "democraticamente" as bases para a instauração e institucionalização do eugenismo, tanto criticado nas ditaduras, como o Nazismo. O mal tanto é mal quando é praticado por uma ditadura como por uma democracia!

Sem valores objectivos que nos orientem e balizem, vai crescendo a tentação de os adaptar aos nossos interesses, e assim se vai dando razão àquele pensamento: "quem não vive como pensa, acabo a pensar como vive".

Também não me parece saudável a preocupação em branquear os erros e em não corrigir o que está errado. Como se podem educar as novas gerações, se tudo é subjectivo e relativo, e se não se transmitem valores e princípios para que os mais novos os possam depois interiorizar e fazer seus de forma autónoma?

Considero ainda um abuso que em alguns países se insista demagogicamente em querer educar os filhos sem a intervenção dos pais, tal como alguns regimes totalitaristas defenderam e praticaram no passado... Não entendo novamente, a diferença entre estas atitudes serem protagonizadas em ditaduras ou em democracias, pois o resultado é o mesmo: uma intromissão indevida e abusiva na esfera de acção das famílias. Os filhos não pertencem ao Estado, não são sua propriedade, pelo que ele não se pode substituir aos pais, à família, nem muito menos ignorar ou menosprezar a sua missão e direitos.

Perante tudo isto, quem não concorda não deve aceitar silenciosamente e passivamente estas tentativas de descaracterização e desumanização das nossas sociedades, pois existe o direito à manifestação, e à dissensão. Além do mais, hoje até há novas formas de potenciar a intervenção das pessoas, das famílias, das associações e instituições da sociedade civil, das Igrejas e Religiões. A Internet, as Redes Sociais, as novas "auto-estradas" vieram democratizar o acesso à informação, dar voz e capacidade de intervenção a um cada vez maior número de protagonistas.

Atribui-se a Nietzsche a afirmação, segundo a qual, um dos maiores erros do Cristianismo teria sido afirmar a igualdade entre todas as pessoas. Bendito erro. Nelson Mandela, no Século XX lutou por ele na África do Sul e venceu. Defendamo-lo, pois há muitas pessoas que ainda não têm voz e dependem de nós e do nosso empenho e envolvimento, e, não esqueçamos, eles são iguais a nós; são nossos irmãos.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 263, 14 de Março de 2014