sexta-feira, 9 de maio de 2014

A utopia da democracia


s 40 anos do 25 de Abril convidam-me  a  uma  breve  reflexão sobre o muito que importa fazer, para realizar os ideais de Abril e da Democracia, enquanto sistema que procura responder aos legítimos direitos, deveres e aspirações dos cidadãos.

Quarenta anos penso ser tempo suficiente para olhar- mos criticamente e construtivamente para o País que tem vindo a ser delineado ao longo destas décadas, embora seja evidente que as opiniões não serão coincidentes na leitura e nas conclusões, o que também é salutar, pois unidade é sinónimo de pluralidade e não de unanimismo.

Numa coisa creio não haver dúvidas: não há verdadeira Democracia sem o voto dos cidadãos, embora ela não se restrinja a isso, e seja necessário criar e apoiar outras formas de participação dos cidadãos, de forma individual ou organizada, com carácter mais ou menos estável, sendo obrigação dos políticos ouvir as pessoas, sempre que elas se expressem dentro do quadro legal e respeitem os princípios do Estado de Direito.

Para se poder avançar na utopia de um mundo melhor e mais justo, apresento, ainda que de forma sintética, algumas ideias:
  • Maior proximidade entre eleitos e eleitores, entre os nomes propostos nas listas e os efectivamente eleitos;
  • Mais clareza e transparência nas relações entre a Política e os demais sectores da sociedade;
  • Aposta mais decidida nas novas gerações, e naqueles que estiverem disponíveis para o serviço do bem comum;
  • Diálogo mais abrangente entre as diversas forças políticas, na implementação de medidas de carácter conjuntural e estrutural, para além do horizonte de uma legislatura;
  • Maior liberdade de pensamento e de expressão dos representantes do povo, sempre que estejam em causa questões de consciência e os legítimos direitos dos cidadãos eleitores.
O que acabo de afirmar são notas, naturalmente breves, da Doutrina Social da Igreja, e que é possível encontrar nos documentos elaborados, sobretudo, a partir do Concílio Vaticano II.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1672, 09 de Maio de 2014