segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Misericordiosos como o pai



Terminou o Ano da Misericórdia convocado pelo Papa Francisco, ocasião soberana para mergulharmos no coração do Evangelho e chegarmos ao essencial da sua mensagem, e o essencial é a misericórdia, o amor, o perdão, respostas de Deus ao homem pecador, carente, humilde, mas desejoso de se renovar e transformar numa pessoa nova.

Embora tenha terminado o Ano da Misericórdia, não se esgotou a centralidade deste tema na vida da Igreja e dos cristãos, antes pelo contrário, é desejável que a sua semente tenha permanecido e continue a dar frutos. É, aliás, essa a razão pela qual Jesus diz aos seus discípulos que devem ser sal, luz e fermento. Se nós cristãos, o não somos, devemos interrogar-nos porquê, para podermos mudar, pois a mudança, a conversão, pertencem ao núcleo da fé cristã, como nos diz o Pe. Zézinho na canção “Amar como Jesus amou”. Vale a pena ler o poema. 

A mensagem deste Ano da Misericórdia dizia-nos ainda que, se o Pai é misericordioso, nós, seus filhos, também deveríamos seguir por esse caminho, porque essa é a sua vontade para nós. É, aliás, isso que dizemos sempre que rezamos a oração do Pai Nosso, onde manifestamos a nossa disposição de fazer a vontade de Deus e não limitarmo-nos a viver segundo as nossas opiniões e os nossos caprichos.

O cristão deve, pois, ser alguém permanentemente insatisfeito, não daquela insatisfação que se confunde com infelicidade e, às vezes, com desespero, mas uma insatisfação que é aspiração a ir mais longe, utopia que nos desafia a cortar as amarras que nos impedem de voar e de saber que, com o nosso compromisso, podemos ajudar a melhorar este Mundo em que vivemos. E se é verdade que tudo neste Mundo é passageiro e imperfeito, não devemos de desistir de nos comprometer na humanização desta “casa comum”, na qual habita a família humana, à qual todos pertencemos. 

Que a misericórdia, expressão do rosto paterno de Deus, continue a habitar em mais corações e a iluminar mais vidas.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 15 de Dezembro de 2016