sexta-feira, 20 de abril de 2018

Nos cinco anos da Eleição do Papa Francisco


Já tive ocasião de o afirmar noutras ocasiões que, segundo os critérios humanos e os cálculos dos vaticanistas, Jorge Mario Bergoglio não era um dos "papabili", mas, como a lógica de Deus é diferente da nossa, e ainda bem, foi este o escolhido há cinco anos e, na verdade, se olharmos para o seu impacto na renovação da Igreja e a sua influência mundial. decerto não restarão dúvidas de que ele é o. Papa certo para o momento histórico que estamos a viver.

Na verdade, a sua personalidade verdadeiramente excepcional fê-lo transpor as fronteiras da Igreja e tomar-se de forma absolutamente natural, num dos líderes mais carismáticos e incontestáveis da actualidade. Como cristão, só posso dar graças a Deus por esta eleição, pois acredito que cada Papa é providencial para o tempo em que exerce a sua missão, e o Papa Francisco é disso um sinal incontornável.

A este propósito, li há dias uma entrevista com um dos seus mais directos colaboradores que afirmava, ser difícil acompanhar o seu ritmo, porque ele vai sempre à frente e a "puxar" pela Igreja, e esta é a sua missão: ser o motor desta Igreja que constantemente necessita de se renovar.

Para mim como católico este Papa é uma voz credível, um verdadeiro profeta, sucessor de Pedro e Vigário de Cristo. Para muitos homens e mulheres deste Mundo, crentes de outras Religiões ou mesmo não­crentes, o Papa Francisco é também uma fonte inspiradora de genuína Humanidade, e até as suas falhas são o sinal da sua humanidade, pois só Deus não se engana!

Por tudo oque este Papa tem trazido à Igreja e ao Mundo, não entendo como dentro da Igreja ele seja contestado e questionado como tem sido, sobretudo, por grupúsculos que só se ouvem a si próprios, que se consideram os únicos detentores e guardiães da verdade, pelo que, o Papa é que deveria estar de acordo com eles, pois, caso contrário está fora da comunhão da Igreja. Creio que a estas vetustas personalidades anacrónicas se poderia justamente aplicar o célebre adágio: "ser mais papista que o Papa". Fora da Igreja entendo as críticas, pois o Papa é um "desalinhado", que não se integra nas lógicas de poder e nos interesses maquiavélicos que colocam acima de tudo interesses, tantas vezes obscuros. Ele procura tão só estar ao serviço dos mais pobres, dos pequenos, dos marginalizados, como Jesus fazia e este Papa é profundamente evangélico, ou não tivesse ele escolhido o simbólico nome de FRANCISCO (de Assis), aquele que muitos consideraram ao longo da história como o homem que mais se identificou com Cristo.

Considero-me um privilegiado por viver neste tempo da História da Humanidade e por ser Sacerdote desta Igreja que tem o Papa Francisco como Pastor de referência, que nos convida a todos à simplicidade, à humildade, à justiça, ao serviço desinteressado ao próximo, como Jesus.

Peço a Deus que a missão deste Papa dê ainda mais frutos na renovação da Igreja, para que ela não se deixe dominar pelas tentações do TER, do PODER e do PARECER, e seja um sinal credível e autêntico de que a mensagem de Jesus de Nazaré continua viva e actual, é significativa, e vale a pena ser acolhida. Que o seu exemplo e a sua palavra influenciem ainda mais os decisores deste Mundo, para que percebam que a sua acção, se for marcada pela justiça e pela solidariedade verdadeiras, pode contribuir para fazer desta Casa Comum um lugar mais habitável e fraterno, no qual todos tenham lugar como cidadãos de corpo pleno, com igual dignidade e direitos.

in Ecos de Grândola, nº 312, 13 de Abril de 2018