sábado, 15 de setembro de 2018

Igreja incarnada e "aggiornata"


m 1959, em Roma, na Basílica de S. Paulo Extra-Muros, o Papa e Santo João XXIII anunciava, aos católicos e também aos "homens e mulheres de boa vontade", expressão pela primeira vez incluída na Encíclica "Pacem in Terris", a convocação do Concílio Ecuménico Vaticano II.

Oxalá fôssemos capazes de seguir os ensinamentos e exemplos do atual Papa Francisco, verdadeira fonte inspiradora para tantos homens e mulheres, mesmo não-cristãos.


Entre 1962 e 1965, reuniu-se a maior assembleia de bispos de sempre, assessorada por uma plêiade de teólogos, clérigos e leigos, com a presença de representantes de igrejas cristãs e de religiões não-cristãs. A Igreja procurava deste modo renovar-se interiormente e abrir-se ao Mundo, para lhe anunciar a boa nova de Jesus. Durante estes anos produziram-se, e estão disponíveis em todas as línguas, um manancial de documentos fundamentais, que continuam, infelizmente, a ser desconhecidos para muitos católicos.

Os documentos são de três tipos: constituições (os mais importantes): Lumen Gentium (sobre a Igreja), Dei Verbum (Revelação Divina), Sacrosanctum Concilium (liturgia) e Gaudium et Spes (Igreja no mundo contemporâneo); decretos e declarações. Os decretos e as declarações versam temáticas transversais, de âmbito intra-eclesial, e também ecuménico, inter-religioso e de diálogo com o Mundo.


Para dar seguimento ao concílio, temos tido papas extraordinários, cada um providencial para o seu tempo. Oxalá fôssemos capazes de seguir os ensinamentos e exemplos do atual Papa Francisco, verdadeira fonte inspiradora para tantos homens e mulheres, mesmo não-cristãos.

O concílio continua a desafiar a Igreja a incarnar-se num Mundo em mudança, no qual ela deve ser: "sal, luz e fermento". Concluo, por isso, com uma das mais belas páginas da Gaudium et Spes: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração"(n 1).

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 14 de Setembro de 2018