Para
nós Católicos aproxima-se um Tempo de importância
crucial: o Advento e, de seguida, o Natal.
Aliás, é habitual entre nós,
que tempos fortes,
como o Natal e a Páscoa,
sejam preparados, respetivamente pelo Advento e pela Quaresma. A função pedagógica destes Tempos é ajudar-nos a viver intensamente e sempre com novidade os acontecimentos fundamentais da fé cristã: o Nascimento de Jesus, Filho de Deus feito Homem,
e a Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Todos estes acontecimentos podem ser situados no tempo e no espaço. A força da sua mensagem renovadora, porém, é sempre
atual e actualizável na vida dos crentes, e daqueles que se vão
abrindo à luz da fé. Estes tempos convidam-nos a sintonizarmos com o seu espírito, entrando dentro
deles, ou melhor, deixando que Deus entre em
nós e esteja mais presente nas nossas vidas,
dando-lhes mais sentido
e enchendo-as de luz, de paz e de amor.
Em todos os tempos e momentos
a Palavra de Deus, que está sempre presente, desafia-nos a que não nos limitemos a ser meros ouvintes,
mas que a acolhamos, e que a deixemos dar fruto nas nossas vidas,
e o fruto por excelência, diz Jesus, é o amor feito realidade nas pessoas e
nas situações concretas, pois não se pode amar a Deus em abstrato. S. João chega
mesmo a dizer que:
"quem diz que ama a Deus que não
vê e não ama o seu irmão que vê, é
mentiroso.
A fé cristã, nestes
tempos em que nos encontramos, deve ser significativa e produzir resultados visíveis nas nossas vidas, se quisermos testemunhar, d·e verdade, que acreditamos em
Jesus, Caminho, Verdade e Vida. Na verdade, uma fé sem obras
e, sobretudo, sem transformação autêntica daqueles que acreditam, é uma fé não cristã, mas supersticiosa, superficial, aparente, farisaica, diria
Jesus no Evangelho. E isto aplica-se a todos
na Igreja, desde o Papa
aos fiéis leigos, passando pelos Cardeais, Bispos, Padres e Consagrados!
Aproveitemos este Advento para uma revisão profunda das nossas vidas, e da importância da
fé em nós, para que, a partir do balanço feito, possamos mudar e crescer, uma vez que a alegria de Deus, o nosso Pai do Céu, é que nós, todos,
dêmos fruto, muitos frutos, na caridade para a
vida do Mundo. Estamos no Mundo e é a este Mundo que nós cristãos somos
chamados a levar esta Boa Notícia: temos
um Deus que nos ama, ao ponto de nos dar
Jesus, o Seu Filho, para
n'Ele nos tornarmos filhos de Deus e irmãos, e, por isso
mesmo, corresponsáveis uns pelos outros e por esta Casa Comum que habitamos
e que devemos respeitar e preservar para as
gerações futuras. Jesus mostrou-nos o caminho ao encarnar, assumindo a nossa
humanidade e fazendo-se um de nós; por isso, não podemos
fugir, alheando-nos do que se
passa à nossa volta; não, a fé cristã vive-se em todas as dimensões da
nossa vida quotidiana de forma concreta
e junto de pessoas, contextos e situações igualmente concretas.
Ouçamos o Papa Francisco, que
não se cansa de nos exortar a que levemos a luz do Evangelho a todas as "periferias" humanas e existenciais
do nosso Mundo, para que a todos possa
chegar o amor e
o perdão de Deus que não tem limite pois, o único
limite é aquele
que nós, porque
somos livres de
O aceitar ou recusar, lhe colocamos.
Um fecundo Advento para todos. Vivamo-lo
em paz, serenidade e esperança.
in Ecos de Grândola, nº 320, 14 de Dezembro de 2018