quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O Advento e a Renovação



Para nós Católicos aproxima-­se um Tempo de importância crucial: o Advento e, de seguida, o Natal. Aliás, é habitual entre nós, que tempos fortes, como o Natal e a Páscoa, sejam preparados, respetivamente pelo Advento e pela Quaresma. A função pedagógica destes Tempos é ajudar-nos a viver intensamente e sempre com novidade os acontecimentos fundamentais da cristã: o Nascimento de Jesus, Filho de Deus feito Homem, e a Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Todos estes acontecimentos podem ser situados no tempo e no espaço. A força da sua mensagem renovadora, porém, é sempre atual e actualizável na vida dos crentes, e daqueles que se vão abrindo à luz da fé. Estes tempos convidam-nos a sintonizarmos com o seu espírito, entrando dentro deles, ou melhor, deixando que Deus entre em nós e esteja mais presente nas nossas vidas, dando-lhes mais sentido e enchendo-as de luz, de paz e de amor.

Em todos os tempos e momentos a Palavra de Deus, que está sempre presente, desafia-nos a que não nos limitemos a ser meros ouvintes, mas que a acolhamos, e que a deixemos dar fruto nas nossas vidas, e o fruto por excelência, diz Jesus, é o amor feito realidade nas pessoas e nas situações concretas, pois não se pode amar a Deus em abstrato. S. João chega mesmo a dizer que: "quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o seu irmão que vê, é mentiroso.

A fé cristã, nestes tempos em que nos encontramos, deve ser significativa e produzir resultados visíveis nas nossas vidas, se quisermos testemunhar, d·e verdade, que acreditamos em Jesus, Caminho, Verdade e Vida. Na verdade, uma sem obras e, sobretudo, sem transformação autêntica daqueles que acreditam, é uma fé não cristã, mas supersticiosa, superficial, aparente, farisaica, diria Jesus no Evangelho. E isto aplica-se a todos na Igreja, desde o Papa aos fiéis leigos, passando pelos Cardeais, Bispos, Padres e Consagrados!

Aproveitemos este Advento para uma revisão profunda das nossas vidas, e da importância da em nós, para que, a partir do balanço feito, possamos mudar e crescer, uma vez que a alegria de Deus, o nosso Pai do Céu, é que nós, todos, dêmos fruto, muitos frutos, na caridade para a vida do Mundo. Estamos no Mundo e é a este Mundo que nós cristãos somos chamados a levar esta Boa Notícia: temos um Deus que nos ama, ao ponto de nos dar Jesus, o Seu Filho, para n'Ele nos tornarmos filhos de Deus e irmãos, e, por isso mesmo, corresponsáveis uns pelos outros e por esta Casa Comum que habitamos e que devemos respeitar e preservar para as gerações futuras. Jesus mostrou-nos o caminho ao encarnar, assumindo a nossa humanidade e fazendo-se um de nós; por isso, não podemos fugir, alheando-nos do que se passa à nossa volta; não, a cristã vive-se em todas as dimensões da nossa vida quotidiana de forma concreta e junto de pessoas, contextos e situações igualmente concretas.

Ouçamos o Papa Francisco, que não se cansa de nos exortar a que levemos a luz do Evangelho a todas as "periferias" humanas e existenciais do nosso Mundo, para que a todos possa chegar o amor e o perdão de Deus que não tem limite pois, o único limite é aquele que nós, porque somos livres de O aceitar ou recusar, lhe colocamos.

Um fecundo Advento para todos. Vivamo-lo em paz, serenidade e esperança.


in Ecos de Grândola, nº 320, 14 de Dezembro de 2018