ste título pode
não ser suficientemente claro
e sugestivo e, por isso, passo
a escrever sobre ele algumas linhas.
O Cristianismo é marcado
radicalmente por um acontecimento: a encarnação
de Jesus. Que Ele
existiu, enquanto homem, há provas que no-lo atestam. Que Ele é o filho de Deus, é preciso fé e fé cristã
para o aceitar.
A encarnação
justifica também a centralidade e prioridade do
homem na mensagem e ação de Jesus
e da Igreja, ao longo dos séculos. Contudo, será no século XIX, marcado por tremendas transformações e pela “questão social”, que se criarão as condições para que o papa Leão XIII publique a Encíclica “Rerum Novarum” (1891), a primeira
da doutrina social da Igreja.
Este documento, já prenunciado por outros, e por uma emergente tomada de
consciência de muitos cristãos, significou a entrada
da Igreja em questões que alguns consideraram fora da sua missão tradicional, o que gerou um coro de críticas, de vários setores, que se sentiram incomodados por esta
inovadora postura
interventiva. O papa, porém, não vacilou e lançou as bases
de um novo olhar da Igreja sobre o mundo. Mais tarde,
em 1965, o Concílio Vaticano II afirma- ria na constituição “Gaudium et spes” (n.º 1) que “não há realidade alguma verdadeiramente humana
que não encontre eco no seu
coração (Igreja)”.
Entre os princípios fundamentais da doutrina social da Igreja, saliento os seguintes: dignidade da pessoa humana; direitos humanos; bem comum;
solidariedade e subsidiariedade; unidade da vida social; destino universal dos bens.
Por não ser um tema muito conhecido dos nossos leitores, apre- sento alguns dos principais documentos: Pio XI - “Quadragesimo anno” (1931); João XXIII – “Mater et magistra” (1961); “Pacem in terris” (1963); Paulo VI - “Ecclesiam suam” (1964); “Populorum progressio” (1967); “Octogesima adve- niens” (1971); João Paulo II – “Laborem exercens” (1981); “Sollicitudo rei so- cialis” (1987); “Centesimus annus” (1991); Francisco – “Laudato si” (2015).
Estes textos estão todos disponíveis em português na Internet, pelo que, quem desejar conhecer, de facto, o pensamento da Igreja, pode recorrer
a eles. O desafio
é também extensivo aos cristãos, pois muitos
desconhecem este manancial extraordinário de
humanidade, que tem no evangelho a sua fonte inspiradora.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 23 de Agosto de 2019