lugar-comum dizer que “a esperança é a última coisa que se perde”. Será assim?
Creio que esta é uma forma simples, pragmática, de dizer que ela nos move, estimula, ajuda a não desistir perante as dificuldades. Há, contudo, situações que a põem à prova e uma delas chama-se: morte!
Será que tudo termina com a morte? Há vida eterna? Que provas ou sinais existem?
Vou falar apenas do que conheço e acredito, pois, decerto,
haverá quem pense de forma diferente, e tenha outras respostas.
A esperança cristã supera a morte, pois, nós cristãos acreditamos, e é uma das verdades fundamentais da nossa fé, que Jesus ressuscitou da morte, apareceu aos discípulos durante 40 dias, venceu a sua incredulidade, e deu-lhes a garantia de que, se Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos.
Que Jesus historicamente existiu é um facto que se pode comprovar. Que Ele é Filho de Deus, e Deus, é uma questão de fé e
de fé cristã, pois há outras
fés, que O encaram como profeta, líder carismático, homem extraordinário, mas só isso. Nós, cristãos, como o próprio nome indica, “nascemos” de Jesus, o
Cristo, e há dois mil anos que acreditamos e transmitimos esta fé e esta esperança, que estão no coração do Cristianismo, são a sua razão de ser, e fazem-nos olhar a vida e a morte com um olhar diferente. Na verdade, estamos conscientes de que, enquanto cidadãos das “duas cidades” (a terrena e a celeste), estamos aqui de passagem, embora com a missão de transformar e humanizar este mundo, amado por Deus, mas sabemos que o nosso horizonte
final é a vida eterna,
a contemplação de Deus, o Céu.
Estes dias são, pois, ocasião propícia para a introspeção, para nos centrarmos no essencial que, como dizia Saint-Exupéry: “É invisível aos olhos”. Movido por esta fé e esta esperança, S. Francisco de Assis, o irmão
universal, numa das mais belas orações, dirigiu-se
à morte chamando-lhe: “irmã morte”.
Para quem acredita, a vida não acaba, apenas se transforma!
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 08 de Novembro de 2019