sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mais um ano lectivo


O ano escolar marca o ritmo de qualquer país, pois o futuro de uma sociedade depende da aposta que ela faz na educação. Este facto merecia por si só um amplo e transversal consenso entre todas as forças políticas e a inteira comunidade educativa, de modo a que as opções feitas ou a fazer não se limitassem a uma mera legislatura, mas se prolongassem por um leque de tempo suficientemente vasto que permitisse programar reformas a médio e longo prazos.

Há, ainda, duas questões que me preocupam e que gostaria de ver afrontadas com clareza e decisão.

É quase um refrão que se entoa com diferentes tonalidades e acentos que há cada vez menos alunos na escola. Mas porquê? Há uma causa que na minha opinião não tem sido enfrentada com a verdade que deveria: a quebra da taxa de natalidade! Há décadas que a sociedade portuguesa e a Europa em geral caminham para um inverno demográfico de consequências ainda imprevisíveis, mas que vários estudos consideram uma autêntica hecatombe. Mas que fazer? Quem deverá tomar a iniciativa?  O Estado, as famílias, a sociedade civil, a Igreja? A ordem não sei qual deverá ser, mas que algo tem de ser feito não há dúvida. Todos não somos de mais para darmos o nosso contributo e encontrarmos caminhos de solução e de esperança, e sem crianças, sem a inversão de uma mentalidade que parece temer a vida humana enquanto se entretém com questões secundárias, não há futuro. As pessoas não são coisas, nem números, nem meios.

Outra questão que me deixa particularmente preocupado é a desertificação do interior do nosso país. A teimosia em extrair, amputar tudo aquilo que é sinal de vida, e a escola é um desses sinais, está a ter consequências dramáticas no esvaziamento, na morte anunciada, de uma parte significativa de Portugal? Não será tempo de parar, reflectir e inverter a marcha? Aprendamos também com as boas práticas de alguns países europeus!

Apesar de tudo, creio que ainda há lugar para a esperança!

Padre Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, n.º 1589, 05 de Outubro de 2012