sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sim à vida!



discussão em torno da eutanásia motivou-me a escrever estas linhas, como meras notas portadoras de inquietações pessoais:


1. A defesa da vida humana não é, nem pode ser, exclusivo dos crentes, cristãos ou de qualquer outra confissão religiosa; é antes, e acima de tudo, uma questão de humanidade. Quem acredita tem, contudo, razões acrescidas para defender a vida.

2. Nesta, como noutras questões, é fundamental o equilíbrio entre subjetividade e objetividade, sob pena de tudo ser justificável, pois, como diria Kant: “A minha consciência é deus em mim”; nunca se engana.

3. É inegável, em muitas matérias, um potencial conflito entre lei e ética, ou entre lei e consciência e, por isso, a objeção de consciência é um direito que assiste aos cidadãos, e que o Estado deve garantir.

4. O setor da saúde é essencial, complexo e sensível, e, por isso, sujeito a críticas, com ou sem razão. Há, contudo, que reconhecer que o Serviço Nacional de Saúde é uma conquista inegável, que veio democratizar e generalizar o acesso à saúde. Há, no entanto, áreas que exigem uma maior atenção, quando se pensa na eutanásia: cuidados continuados e, sobretudo, cuidados paliativos. Temo que a insuficiência de respostas nestes setores possa potenciar a solicitação da eutanásia.

5. A sociedade deve garantir a protecção aos mais frágeis e desamparados, aos que não se podem defender e/ou não têm quem os defenda. Nesta linha, o papa Francisco tem alertado para a “coisificação” da vida humana, com frequência tratada como “objeto de descarte”.

6. Sem questionar as intenções do legislador, seja ele quem for, os dados existentes sobre países que liberalizaram a eutanásia, nomeadamente, Holanda e Bélgica, permitem interrogarmo-nos, quanto ao futuro, se a “rampa deslizante” não será apenas uma  questão de tempo.

7. Como ser humano, fico deveras preocupado, perplexo até, com os paradoxos desta nossa sociedade: nunca, como hoje, soubemos tanto sobre o Homem, tivemos tantos meios ao nosso alcance para melhorar, tratar ou curar doenças, criando as condições para se viver e morrer com dignidade, e, contudo, as opções que se vão fazendo são de sentido oposto. 

Protágoras, sofista, afirmou: “O Homem é a medida de todas as coisas”. Mas, será mesmo?



Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 28 de Fevereiro de 2020

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Sob o signo da esperança


m novo ano é como um livro que se vai escrevendo, cujo enredo, capítulos e conclusão, são, por isso, imprevisíveis. É verdade que há cenários traçados, previsões, possibilidades, mas também podem surgir imprevistos, variáveis, imponderáveis, e tudo mudar, às vezes de modo drástico.

O nosso tempo, porém, apresenta vantagens em relação a épocas anteriores, pois, pelo facto de podermos prever, podemos, de igual modo, inverter caminhos e opções, alterar políticas e prioridades, mitigar consequências, por exemplo, naquilo que diz respeito à ecologia e ao ambiente. 

Um novo ano é oportunidade de revisão e de mudança, de utopia, de convite ao compromisso, de desafio a que nos deixemos conduzir pela esperança de que é possível traçar caminhos inovadores, mudando o que não está bem, ou mesmo mal, e tornar melhor esta maravilhosa “casa comum”, lar de uma única família humana. A História está, aliás, cheia de exemplos, de pequenos gestos individuais, aparentemente, insignificantes, que depois geraram dinâmicas globais, com ref lexos na vida da humanidade. Um grande caminho começa, às vezes, por um pequeno passo.

Acredito profundamente no ser humano, naquilo que ele é capaz de protagonizar, e de que está nas nossas mãos o projeto de um mundo melhor.

Ao falar de esperança, não pretendo desvalorizar o realismo de muitas previsões, mas afirmar tão só que esta nos torna mais resilientes, perseverantes, fortes para lutar e não desistir, mesmo diante das derrotas, que podem ser sempre ocasião de fortalecimento e de estímulo para as vitórias, que já se vislumbram no horizonte.

A esperança faz-nos acreditar que, apesar de todos os condicionalismos do ser humano, somos livres, não somos máquinas programadas, autómatos controlados por esquemas inalteráveis. Acredito que os “milagres”, não só os religiosos, são possíveis e acontecem.

Não sejamos pessimistas, nem muito menos derrotistas. Está tudo em aberto. Um bom ano de 2020 para todos vós, estimados leitores.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário

in Diário do Alentejo, 24 de Janeiro de 2020



Natal, festa da vida



á dias, conversando com crianças da catequese de Grândola sobre o Natal, perguntei-lhes: “Gostavam que no dia do vosso aniversário fizessem uma festa e ninguém se lembrasse que eram vocês os aniversariantes”? A resposta foi óbvia!

Na verdade, só existe Natal porque há cerca de 2000 anos Jesus nasceu, e o seu nascimento é uma marca que atravessa a história da Humanidade, mesmo que com sentidos diferentes, para cristãos, crentes de outras confissões e/ou não-crentes. Como é óbvio, compete-nos a nós, cristãos, manter, ajudar a descobrir ou redescobrir o sentido do Natal, reconhecendo que, com o tempo, outros elementos foram sendo adicionados, como festa da família, da paz, etc.. Todos estes sentidos são lícitos, enquadram-se e enriquecem o verdadeiro espírito natalício.

Até o Pai Natal é bom recordar que existiu, o seu nome é Nicolau, S. Nicolau (de Mira), pois foi canonizado, nasceu em Patara, atual Turquia, na segunda metade do século III e faleceu no dia 6 de dezembro de 350. É padroeiro da Rússia, Grécia e Noruega. Nos Estados Unidos, no Canadá e em grande parte dos países anglófonos é conhecido por Santa Claus, Father Christmas ou St. Nicolas. A sua imensa caridade, afinidade com as crianças, e os muitos milagres atribuídos à sua mediação ajudaram a estabelecer a relação com o Natal, como o tempo por excelência das prendas.

O nascimento de uma criança é sempre sinal de esperança para a Humanidade, pois nela se rasgam e alargam novos e não definidos horizontes. Sem vida e vida humana não há futuro. Este Menino, contudo, tem algumas especificidades, pois, para nós cristãos, Ele, além de homem, é Deus, e nele também nós podemos dizer que somos filhos de Deus, independentemente da raça, língua, sexo ou cor da pele.

S. Paulo dirá que Ele veio fazer de toda a Humanidade uma só família, sem distinções, e na qual todos temos a mesma dignidade e direitos. Nele todos nos tornamos iguais e não há espaço para uns serem “mais iguais do que outros”.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 20 de Dezembro de 2019



Arte sacra


Único Museu de Grândola, já foi visitado por 33 mil pessoas

“Estamos quase a atingir o objetivo de o tornar num museu concelhio, com peças representativas de todas as freguesias”, diz Manuel António do Rosário, pároco de Grândola e principal dinamizador da recuperação do património eclesiástico do concelho, sobre o Museu de Arte Sacra. O único integrado na rede e aberto ao público.

O Museu de Arte Sacra de Grândola, instalado na igreja de São Sebastião e inaugurado em 23 de agosto de 2011, regista um total de 33 mil visitantes nestes oito anos de funcionamento ininterrupto, sendo a única estrutura integrada na rede regional e aberto ao público. Manuel António do Rosário, pároco de Grândola, estabelece como objetivo tornar o museu representativo de todo o concelho através da exposição de peças, faltando para isso “a freguesia de Melides, de onde procuramos criar as condições para trazer um sino medieval, e ficamos impossibilitados de representação do Carvalhal, freguesia com poucos anos e que ainda nem dispõe de igreja”. 

O padre Manuel António do Rosário realça que “ao nível da comunidade cristã não quisemos ter uma atitude egoísta, guardando e reservando as peças, e optámos por mostrá-las, conseguindo assim recuperar o orgulho na necessária recuperação
do património”. O trabalho desenvolvido em mais de uma década, realça o eclesiástico, “só foi possível pela participação e contributo de cidadãos, muitos procurando ficar no anonimato, empresas, mas, essencialmente, pela contribuição decisiva do município e das juntas de freguesia”.

E o museu abre hoje as portas da pequena igreja de São Sebastião, no centro da vila de Grândola, apresentando peças das paróquias de Grândola, Santa Margarida
da Serra, Azinheira dos Barros e Lousal, num percurso que representa também os 500 anos de vida do concelho.

O Museu de Arte Sacra é a face visível do investimento, calculado em mais de 500 mil euros, realizado pela paróquia na recuperação do património religioso do concelho de Grândola, desde logo na igreja Matriz, na sede de concelho, “começando pelo telhado, pela capela de São Miguel e das Almas, e avançando para os altares, capela-mor e criando o núcleo de paramentos, com o seu inventário e exposição a toda a comunidade, de forma rotativa já vamos na décima coleção exposta”, frisa Manuel António, com visível orgulho no trabalho desenvolvido, e afirmando assim a qualidade do espólio. O arquivo histórico paroquial está disponível na rede, instrumento que a paróquia utiliza para a divulgação das diversas iniciativas que organiza, demonstração da abertura e utilização prática dos novos meios de comunicação.

O trabalho da paróquia abrangeu intervenções na “joia da coroa”, a igreja de Santa Margarida da Serra, entretanto classificada, localidade que passou a integrar a freguesia de Grândola, perdendo a sua autonomia na recente reorganização administrativa, comunidade de cerca de 100 almas residentes, onde o padre Manuel António celebra missa uma vez por mês com a igreja cheia. “Há muitas pessoas que residem noutras localidades e que aproveitam esse dia para regressarem à aldeia e visitarem a família ou tratarem das casas”.

A capela de Nossa Senhora da Penha, que dá nome às festas anuais no mês de maio, também já sofreu diversas intervenções, aguarda a disponibilidade financeira para outras, enquanto decorre também o processo de classificação. As igrejas de Azinheira dos Barros, com a envolvente, do Lousal e do Viso, também foram alvo de intervenções de recuperação.

O pároco Manuel António sublinha que “o património religioso de Grândola permite ter a ideia de uma comunidade cristã, católica, com grande poder económico ao longo dos séculos”, apontando a ideia de que a globalização não é de hoje. “Numa pequena capela rural, no Viso, freguesia de Azinheira de Barros, fomos encontrar uma peça de Malines, do final do século XV, princípio do XVI. Subjaz uma relação diferente, mesmo que atravessando dificuldades, para a dedicação a Deus procura-se o melhor”.

A paróquia está a fazer um trabalho para o futuro e no concelho um dos passos futuros e importante “é a construção da igreja do Carvalhal, localidade que não tem um espaço para a comunidade cristã. Por parte da diocese não há qualquer óbice à sua construção, a paróquia está criada, já existe o projeto, só falta o terreno. Após todas estas fases, são necessários seis meses para a construção”.

A freguesia do Carvalhal foi criada há pouco mais de 20 anos e a localidade nasceu com a fixação de colonos para ali deslocados para a plantação de arroz na herdade
da Comporta, durante, principalmente, na segunda metade do século XX. A Revolução de Abril trouxe o crescimento, a criação da freguesia, uma alteração ao nível do uso urbano (os plano de urbanização elaborados a partir da aprovação do PDM em 1996 permitiu que áreas urbanas passassem para o domínio municipal e permitissem a fixação de população, em particular de jovens), conhecendo também o crescimento do turismo. Alterações que produziram novos quotidianos na freguesia, novas realidades e oportunidades. Não é do conhecimento geral que a freguesia do Carvalhal integra a península de Troia, um dos locais mais apetecíveis da atividade turística em Portugal, pertencendo-lhe ainda a maioria dos 45 quilómetros de praia do concelho de Grândola.

Como é trabalhar numa localidade marcada pela Revolução de Abril? O padre Manuel António do Rosário explica: “Não temos quaisquer problemas em trabalhar numa terra marcada pela revolução, a participação da comunidade tem aumentado na última década. A nossa obrigação, enquanto pastor, é ir ao encontro das pessoas, sem impor a fé mas levando a palavra de Deus. Grândola é neste momento uma das mais importantes comunidades da diocese”.

Para a afirmação da Igreja Católica no concelho de Grândola é reconhecido o trabalho do padre Manuel António e as suas qualidades enquanto cidadão. “Não ficamos, vamos ao encontro das pessoas, o território na freguesia de Grândola é disperso pelo que vamos celebrar missa em todas as povoações com alguma regularidade, sete localidades em concreto”. Outro exemplo deste trabalho é a peregrinação de Nossa Senhora da Penha, por altura das festas, a todas estas sete localidades.

O MUSEU Fundado em 2011, e com um registo de visitantes que ultrapassa os 30 mil, o Museu de Arte Sacra é o único no concelho de Grândola com um funcionamento regular de abertura ao público. Como refere o folheto de divulgação, “é um projeto que brotou da vontade desta paróquia em recuperar a sua memória histórica e identidade, retirando do baú do esquecimento algumas das suas peças mais emblemáticas, as quais, depois de restauradas e devidamente
expostas”, podem ser apreciadas pelos visitantes.

Com o objetivo de procurar apresentar uma representatividade de todo o concelho, o Museu apresenta uma exposição com peças de Grândola, Santa Margarida Serra, Azinheira de Barros e do Lousal, acompanhadas de algumas pertencentes à coleção da Santa Casa da Misericórdia.

O conteúdo expositivo divide-se por núcleos, ocupando todo o espaço da pequena igreja de São Sebastião, localizada numa zona pedonal do centro da vila de Grândola.

A exposição abre com peças de joalharia de um local emblemático de Grândola, a ermida de Nossa Senhora da Penha, situada num alto da serra de Grândola, e que dali domina a vila e grande parte do concelho, em especial, o território a nascente, norte e sul. Só a praia lhe fica escondida. Do conjunto é de sublinhar a peanha que transportava a imagem da Senhora da Penha nas procissões, intitulada Fons Vital, uma peça de influência indo-portuguesa.

Da igreja de Santa Margarida da Serra estão patente ao público peças em prata e algumas alfaias litúrgicas, enquanto ao centro sobressai “um vistoso missal romano, forrado a veludo vermelho e reforçado a prata, ostentando as armas da Ordem de Santiago”.

Em matéria de estatuária, além das duas imagens de Santa Margarida da Serra, Nossa Senhora da Saúde e São José com o Menino, realce para uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, acompanhada de duas imagens do Menino Jesus. Nossa Senhora das Dores, São Sebastião e São Domingos são outras representações expostas e ainda de um santo papa.

Ao entrar na sala de exposição somos dominados pela pintura de São Jorge combatendo o dragão, uma peça contemporânea, escolhida para ex-libris do museu, originária do Lousal, antigo complexo mineiro localizado na freguesia de Azinheira de Barros, disponibilizada pela antiga empresa concessionária da mina.

No corpo e nas paredes do museu destaque para uma arca com as armas da Ordem de Santiago, de forte influência nos concelhos do litoral alentejano, um oratório com um Cristo na cruz e algumas peças que, oriundas da igreja Matriz, terão pertencido a outras igrejas e conventos destruídos outrora.

Da antiga igreja da Misericórdia, totalmente destruída no início do século XX, local onde hoje se encontra a sede da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, chamada de Música Velha, e o cineteatro municipal, encontra-se exposto um cálice-custódia, em prata.

Na sacristia está instalado o último núcleo com peças de materiais e linguagens, conforme se lê no folheto distribuído ao público para acompanhar a visita, nomeadamente, um véu de ombros, de influência indo-portuguesa, uma bula com a instituição da Confraria do Santíssimo Sacramento, na igreja Matriz, outrora dedicada a Nossa Senhora da Bendada, documento contemporâneo da criação do concelho. Neste espaço estão ainda expostas as varas da Confraria do Santíssimo Sacramento e um conjunto de cruz processional e lanternas.

O Museu de Arte Sacra de Grândola procura, peça a peça, expor a riqueza de uma comunidade católica que tem acompanhado a história de mais de 500 anos do concelho. E que conhece uma maior e outra dinâmica na última década.

Satisfeito? “Estou, mas o fundamental é a apropriação que a comunidade fez do trabalho desenvolvido, não só na recuperação do património, pela Igreja Católica no concelho”, realça o pároco de Grândola.


Texto Rafael Rodrigues Foto Paula Miranda
in Diário do Alentejo, 06 de Dezembro de 2019



A maior riqueza são as pessoas


sta frase, que, de vez em quando, me visita e faz pensar, faz parte de um estudo que li há anos sobre países desenvolvidos que fizeram apostas claras na educação e na formação. Entre os países mencionados recordo dois: Japão e Coreia do Sul. O primeiro, dotado de poucas matérias-primas, mas com uma capacidade impressionante de transformar o que importava; o segundo tornou-se uma democracia exemplar e uma grande potência económica, depois de uma guerra fratricida e de uma ditadura. Tive colegas coreanos nos estudos e confirmo a sua grande preparação cultural, seriedade, empenho na aprendizagem de línguas e no conhecimento de novos povos e culturas.

Outra nota importante no historial destes países é que as mudanças operadas foram fruto de opções de médio e longo prazo, de muito esforço, perseverança e sacrifícios. Os resultados eram impressionantes, mas não imediatos. O imediatismo é, aliás, uma das ilusões dos tempos hodiernos, com exemplos abundantes no nosso quotidiano: queremos tudo já, ou melhor, ontem.

Os bons exemplos devem ser seguidos, mas não transpostos acriticamente, como é óbvio. Creio que em Portugal e no nosso Alentejo urge uma resposta decidida, transversal, que enfrente uma questão fundamental, que continua a ser tabu: a demografia. Sem famílias, sem crianças, não há futuro. Basta ler as páginas do “Diário do Alentejo” para perceber as consequências do envelhecimento acelerado da população, da elevadíssima taxa de mortalidade e de uma natalidade negativa. É preciso ter a coragem de mudar políticas e mentalidades, e ver nos filhos, nas pessoas em geral e na sua formação, a maior riqueza de qualquer povo, mesmo que não haja matérias-primas, o que até não é o caso.

Por outro lado, é preciso também políticas que ajudem a fixar os mais jovens neste vastíssimo e promissor território, desafiando-os a tornarem-se protagonistas de um desenvolvimento, que coloque o acento nas pessoas.

Mudemos de paradigma. Abandonemos as lamentações estéreis.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 29 de Novembro de 2019