quarta-feira, 22 de julho de 2020

Intervenção na Casa do Ermitão Viso


Iniciámos esta semana uma intervenção na Casa do Ermitão, na Capela do Viso, para a substituição do telhado, que já apresentava sérios problemas, devido à degradação das telhas e madeiras.

Esta intervenção, da responsabilidade da Paróquia, está a ser possível graças ao apoio da Câmara Municipal de Grândola e da Junta de Freguesia de Azinheira dos Barros.

Contamos com o apoio de todas as forças vivas locais, em especial, das Comissões de Festas de Azinheira dos Barros e do Viso e da Associação Os Amigos da Azinheira dos Barros.

Estas instalações além de estarem ao serviço das festas que todos os anos decorrem neste espaço privilegiado, têm estado também ao serviço da comunidade, acolhendo diversos tipos de actividades e servindo de apoio na prevenção e combate a incêndios.




sexta-feira, 17 de julho de 2020

Regras: de Ouro e de Prata




in Ecos de Grândola, nº 339, 10 de Julho de 2020



Todas as vidas importam!



O recente episódio de 
violência policial nos Estados Unidos, que tem gerado uma onda de manifestações por todo o mundo, desafiou-me a regressar ao tema da vida humana.

A igualdade essencial de todos os seres humanos, deveria ser um dado indiscutível e universalmente assumido; contudo, por este acontecimento e por uma infindável cadeia de outros, ele é desmentido todos os dias, em Portugal e no mundo.

Os exemplos são tantos, que poderiam dar origem a muitos livros, de conteúdo inesgotável. Olhemos para a nossa “casa comum” e encontraremos um corrupio de situações que confirmam o que acabo de afirmar: o gravíssimo problema de dezenas de milhões de refugiados, que, em fluxos inestancáveis, partem em demanda de um futuro melhor; as doenças que continuam a ceifar anualmente milhares de vidas humanas nos continentes mais fragilizados; as guerras que sem serem notícia, como as do Iémen, Síria, Chade, República Centro Africana, Moçambique ou Ucrânia, continuam impiedosa e sistematicamente a ceifar vidas humanas, destruindo a esperança, alargando o fosso entre ricos e pobres, espezinhando a vida humana tratada como material descartável, como nos recorda o Papa Francisco. Se olharmos para o nosso País, como ficar insensível perante o aumento do número de pobres, segundo os parâmetros definidos pela UE e por outras instâncias internacionais?

Urge, pois, estarmos mais atentos e sermos mais consequentes, trabalhando para instaurar uma autêntica cultura humanista, que não seja mera questão de retórica, moda, ou oportunismo, mas sim o sinal indiscutível de uma verdadeira preocupação pelo outro, que é igual a mim, que tem a mesma dignidade que eu tenho e deve ser defendido, se não for capaz de o fazer por si próprio. O Homem, cada Homem e todo o Homem, deve ser o centro, sempre um fim em si próprio e nunca meio, com uma dignidade reconhecida universalmente, que não depende da raça, da cor da pele, do sexo ou da religião.

Cada vida, todas as vidas importam.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 17 de Julho de 2020



sábado, 4 de julho de 2020

Tríduo preparatório das Celebrações dos 250 anos da Restauração da Diocese


A Diocese de Beja, restaurada em 10 de Junho de 1770, está a celebrar os 250 anos desta mesma Restauração, que terá o seu ponto alto no próximo dia 10 de Julho de 2020. É proposto a que nas Comunidades onde for possível, celebremos um Tríduo. A proposta para a Paróquia de Grândola e vizinhas é a seguinte:

Dia 07 (3ª feira), 21h – Celebração da Palavra

Dia 08 (4ª feira), 21h – Adoração ao Santíssimo Sacramento

Dia 09 (5ª feira), 21h – Celebração Penitencial

Dia 10 – Missa às 9h. A partir das 10h reúne em Beja o Conselho Presbiteral. Pelas 17.30h, na Sé, Missa Crismal.



quinta-feira, 2 de julho de 2020

A Estrutura Humana do Pastor



“Sem uma oportuna formação humana, toda a formação sacerdotal ficaria privada do seu necessário fundamento.” Assim começa o nº 43 da Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, (PDV, 1992) do Santo Padre João Paulo II, sobre a formação dos Sacerdotes nas circunstâncias actuais.

Com efeito, a sabedoria milenar da Igreja levou-a a não desvalorizar a componente humana da formação dos candidatos ao Presbiterado, pois só assim poderão ser verdadeiros pastores, à imagem do Bom Pastor.

Recuemos, por breves instantes, ao Concílio Vaticano II (1962-1965), e fixemo-nos em dois dos seus documentos: o Decreto Optatam Totius (OT), sobre a Formação Sacerdotal, e o Decreto Presbyterorum Ordinis (PO), sobre o Ministério e a Vida dos resbíteros. Quanto ao OT, merece especial atenção, o nº 11. Escutemo-lo: “(…) Por meio duma formação bem ordenada, cultive-se também nos alunos a devida maturidade humana (…) (…) aprendam a estimar aquelas virtudes que são tidas em maior conta diante dos homens e recomendam o ministro de Cristo, como são a sinceridade, a preocupação constante da justiça, a fidelidade às promessas, a urbanidade no trato, a modéstia e caridade no falar.”

O Decreto PO, no nº 3 dá-nos também indicações preciosas: “Os presbíteros, tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, (…) Não poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores duma vida diferente da terrena, e nem poderiam servir os homens se permanecessem alheios à sua A Estrutura Humana do Pastor vida e às suas situações. O seu próprio ministério exige, (…) que vivam neste mundo entre os homens e, como bons pastores, conheçam as suas ovelhas (…)

Para o conseguirem, muito importam as virtudes que justamente se apreciam no convívio humano, como são a bondade, a sinceridade, a fortaleza de alma e a constância, o cuidado assíduo da justiça, a delicadeza (…). Vale a pena reler também o Directório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros, da Congregação para o Clero (1994), nomeadamente o Capítulo III, que tem como tema a Formação Permanente, e no qual, a formação humana merece alguma centralidade.

Pela sua importância, porém, proponho que voltemos à Exortação PDV. O nº 43, com o qual iniciei este texto, aprofunda ainda a afirmação do início, insistindo em que o pastor, ao ser “chamado a ser “imagem viva de Jesus Cristo Cabeça e Pastor da Igreja, ele deve procurar reflectir em si mesmo, (…) aquela perfeição humana que resplandece no Filho de Deus feito homem e que transparece com particular eficácia nas suas atitudes com os outros (…).” O pastor deve ser, por isso, ser “ponte e não obstáculo para os outros, no encontro com Jesus Cristo Redentor do homem.”

Ainda o mesmo nº 43, reforça a convicção de que importa “cultivar uma série de qualidades humanas necessárias à construção de personalidades equilibradas, fortes e livres (…). É precisa, pois, a educação para o amor à verdade, a lealdade, o respeito por cada pessoa, o sentido da justiça, a fidelidade à palavra dada, a verdadeira compaixão, a coerência, e, particularmente, para o equilíbrio de juízos e comportamentos.” É também muito importante “a capacidade de relacionamento com os outros, elemento verdadeiramente essencial para quem é chamado a ser responsável por uma comunidade e a ser “homem de comunhão”. Isto exige que o sacerdote não seja arrogante nem briguento mas afável, hospitaleiro, sincero nas palavras e no coração, prudente e discreto, generoso e disponível para o serviço, capaz de oferecer pessoalmente e de suscitar em todos relações francas e fraternas, pronto a compreender, perdoar e consolar (cf. também 1 Tim 3, 1-5; Tit 1, 7-9)”.

O nº 44 centra a sua preocupação na “maturidade afectiva”, a qual supõe “a consciência do lugar central do amor na existência humana. (…) Para a compreensão e realização desta, torna-se urgente “uma educação para a sexualidade (…)” Isto supõe, continua o nº 44, “uma formação clara e sólida para a liberdade”, de modo que a pessoa “seja verdadeiramente dona de si mesma, decidida a combater e a superar as diversas formas de egoísmo e de individualismo, que atacam a vida de cada um, pronta a abrir-se aos outros, generosa na dedicação e no serviço do próximo.” Ligada com esta formação para “a liberdade responsável, está a educação da consciência moral.”

Como já vai longo este artigo, convido os nossos leitores a que, se o desejarem, leiam os Documentos citados, rezem por nós e nos ajudem a sermos melhores pastores, para bem da Igreja e do Mundo.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário