fácil perceber a verdade deste título, folheando as páginas do Novo Testamento e descobrindo a vida de Jesus, referências estruturantes
para o cristão.
Em variadíssimas ocasiões, Cristo insiste na complementaridade dos
dois mandamentos: amor a Deus e amor ao próximo. Com efeito, o amor ao próximo é
consequência e exigência do amor a Deus, e o nosso próximo pode ser qualquer pessoa
que cruze o nosso caminho, no qual os pobres devem ser uma prioridade, insiste
o papa Francisco. Como dizia também o papa João Paulo II, o caminho da Igreja,
porque foi o caminho de Cristo, só pode ser o Homem: real, concreto, histórico.
No coração do Cristianismo há ainda uma mensagem verdadeiramente
revolucionária: a igualdade essencial de todos os Homens, chamados em Cristo, a
serem filhos de Deus. O Cristianismo é, aliás, um verdadeiro humanismo, aberto
à transcendência, e, se não for humanismo, não é decerto Cristianismo.
Neste
mundo concreto e atual há muitos homens e mulheres, nomeadamente, aqueles a
quem o papa João XXIII chamou pessoas de “boa vontade”, que poderão seguir um
outro trajeto: o da solidariedade e da filantropia. O seu testemunho torna-os uma
luz e um sinal de esperança. A Igreja respeita-os, porque a fé não se impõe,
mas aceita-se em liberdade, e diz-lhes que, pelo amor ao próximo, poderão
chegar à descoberta de Deus e do seu amor pela humanidade. Por isso, afirmou
santo Agostinho: “Senhor, criaste-nos para Vós e o nosso coração não descansa
enquanto não repousar em vós”.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 04 de Outubro de 2019