sexta-feira, 21 de junho de 2013

Subjectividade ou subjectivismo?


ujeito, Objecto e Circunstâncias formam aquele tripé que S. Tomás de Aquino, no século XIII, intitulou como: “fontes da moralidade”.

Falar de sujeito, no fundo, é falar da pessoa que age, da intenção com que o faz, do fim que procura atingir. A sua importância hoje é inegável e indiscutível. Devemo-lo a Descartes e, sobretudo, a Kant, considerado por muitos, o pai da subjectividade.

Se a subjectividade é um valor, não se pode, porém, esquecer os outros dois elementos que S. Tomás refere, sob pena de naufragarmos no completo individualismo, no subjectivismo puro e duro, para o qual não há valores universais, nem princípios inegociáveis, mas tão só aquilo que o meu eu valoriza, porque tudo depende de mim e da minha intenção, que se converte na única fonte das decisões morais. É por estas águas que navega a chamada Ética de Situação.

A objectividade é um valor e a sua recuperação uma necessidade, de que todos poderemos usufruir. Por razões de tempo, limito-me a mencionar estes benefícios: melhor entendimento da essência da igualdade entre todos os seres humanos, mais respeito pelos outros, maior co-responsabilidade pelo nosso destino comum neste planeta. A um nível mais pragmático, para alguns decerto mais incómodo, recuperação do valor da palavra dada, que compromete, de facto, quem a profere, e cuja interpretação não pode depender apenas das circunstâncias, dos interesses pessoais ou de grupo.

Desde o papa João Paulo II a Igreja tem procurado chamar a atenção para os perigos do subjectivismo e para as consequências que daí podem advir, se se perderem as referências objectivas e não se considerarem as circunstâncias. O papa Bento XVI continuou nesta linha e o papa Francisco tem igualmente reforçado esta tónica. Aliás, a sua prática pastoral, enquanto arcebispo de Buenos Aires, foi bem reveladora da sua predilecção pelos mais pobres e abandonados, à semelhança de Jesus Cristo, porque todos somos iguais!

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1626, 21 de Junho de 2013