quinta-feira, 11 de julho de 2013

Testemunho de vida e gratidão nos meus 25 anos de sacerdócio


Uma vocação é sempre uma história de predilecção e escolha de Deus, e de resposta do homem, e de outra forma não tem sentido. Não é carreira, nem muito menos profissão, embora muitas vezes na forma como é encarada por quem a vê de fora, ela pareça isso; e por quem a vive, infelizmente, também possa fazer transparecer essa imagem. A vocação é, antes, a história de um amor Maior, o de Deus, que escolhe alguém para O seguir e o envia a anunciar este amor que quer chegar a toda a gente sem excepção. Esta é a vocação do sacerdote, chamado e enviado, porque ninguém é padre para si mesmo, mas para os outros, para o povo, para todos os que vão sendo confiados à sua missão, ao longo da vida.

É assim que encaro a vocação do sacerdote e é assim que tenho tentado vivê-la ao longo destes 25 anos, e tenho de dar graças a Deus, porque este projecto me tem preenchido a vida e feito sentir que vale a pena ser padre. Nunca me senti nem só nem infeliz, apesar das dificuldades que tenho sentido, dentro e fora da Igreja, pois Deus, que não abandona aqueles que ama, zelou sempre por mim, garantindo-se que a Sua presença e o Seu amor seriam mais fortes e tudo transformariam: e assim tem acontecido!

Sou um homem feliz e tenho de dar graças a Deus porque em todas as missões que tenho desempenhado, com a Sua graça, não me tenho limitado aos mínimos, nem a uma pastoral de manutenção, mas antes, procurado dar-me a tudo e a todos o melhor que posso e sei; e Deus tem-me recompensado infinitamente. Obrigado Senhor Jesus.

Neste dia quero, por isso, agradecer:


1.Antes de mais, ao Senhor D. António Vitalino pelo apoio que me tem dado ao longo da minha missão sacerdotal;


2. À minha família aqui representada pela minha mãe, pela minha tia, pelo meu irmão, cunhada, sobrinhos e primos. Muito do que sou devo-o à minha família;


3. Aos meus colegas e amigos sacerdotes, muitos dos quais estão aqui presentes e que me têm ajudado a ser melhor Padre. Permitam-me uma referência especial a três sacerdotes que estão junto de Deus: o Senhor D. Manuel Falcão, que me conheceu na minha juventude, em mim acreditou, me ordenou e sempre me acompanhou como amigo e pai na fé; o Padre Afonso Prata, ordenado também no dia 3 de Julho, que muito me ajudou a decidir-me entrar no Seminário; e o Cónego Vítor Rosa , então Reitor do Seminário, que me acolheu e sempre apoiou. Uma palavra de gratidão também ao Seminário de Beja, ao Seminário Maior de Évora e ao Instituto Superior de Teologia de Évora;


4. Uma palavra de gratidão também aos muitos amigos, Religiosos/as e Leigos/as, que Deus colocou no meu caminho em todas as tarefas, eclesiais ou de outro âmbito, que desempenhei na Diocese de Beja, no nosso País, em Itália, aquando dos estudos de Teologia Moral, e na Alemanha, onde contactei de perto com muitos emigrantes portugueses, com quem mantenho ainda laços de amizade;


5. Outra palavra é devida às Comunidades cristãs por onde passei e onde exerci o ministério sacerdotal, nomeadamente na Diocese de Beja. Recordo também o Seminário, as Vocações, o Pré-Seminário, a Pastoral Juvenil e a Pastoral do Ensino Superior. 17 anos da minha vida sacerdotal foram dedicadas directamente ao trabalho vocacional;


6. Lembro sempre com alegria e gratidão as localidades onde vivi: Vila Alva, Vila Nova da Baronia, Alvito e Cuba e, por fim, Beja. Foi aí que cresci como jovem, como cristão e onde despertou a minha vocação. Em Cuba conheci o Cónego Virgínio, tinha eu então 13 anos, e aí nasceu e cresceu uma amizade que me tem acompanhado ao longo da minha vida. Em Beja conheci também o Padre José Roque, a quem saudar neste dia em que, juntamente com o Cónego Virgínio, completa 46 anos de vida sacerdotal;


7. Fui Vigário Paroquial de várias Paróquias ao longo destes anos, mas Pároco, fui de facto em Baleizão e Neves e depois em Grândola, a partir de 2008, e a seguir de Azinheira dos Barros, Lousal e Santa Margarida da Serra. Desde 2008, e particularmente em Grândola, senti desenvolver-se ainda mais na minha vida de sacerdote a dimensão da pastoral paroquial, que muito me tem enriquecido e feito amadurecer como pastor. Quero, pois., saudar e agradecer à Comunidade Cristã, que tem sido extraordinária no acolhimento, no entusiasmo, na partilha e no envolvimento. Este agradecimento é também extensivo à Câmara Municipal, aqui representada pela Senhora Presidente. Uma palavra também à Santa Casa da Misericórdia, aqui representada pelo seu Provedor e por vários membros da Mesa. Muito obrigado também às forças vivas de Grândola, às suas associações e instituições que me têm ajudado a ser o padre que hoje sou;


8. Por convicção e por opção nunca fui uma pessoa fechada, pelo que tenho procurado estar próximo e criar laços com pessoas, grupos, associações de diversa índole, independentemente do seu grau de cultura, do seu estatuto, cor política ou opção religiosa. Esta tem sido sempre uma linha mestra da minha vida, desde que me conheço e é isso que tenho tentado fazer e quero continuar a fazer, com a graça de Deus.

Muito obrigado a todas e a todos vós pela vossa presença, oração e amizade.

Padre Manuel António Guerreiro do Rosário,
Sé de Beja, 7 de Julho