sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tempo de renovação e de esperança


m tempos de crise, como os que vivemos, torna-se ainda mais necessário construir consensos alargados em ordem ao futuro e ao bem comum, ter a coragem de denunciar os erros e a humildade de reconhecer o bem que os outros fazem, mesmo que sejam nossos adversários ou até nossos inimigos.

Não “entende” esta linguagem quem se move nas águas turvas do carreirismo, do oportunismo, onde o “vale tudo” acaba por se impor e reinar, desvirtuando, invertendo, descaracterizando, confundindo verdade com opiniões e certezas. Se a objectividade deixa de contar como critério fundante, passam a impor-se tão só a subjectividade e/ou os interesses de grupo mais ou menos velados. Isto aplica-se a diferentes âmbitos da sociedade, desde a política à igreja.

Muitos cidadãos desiludidos com os partidos políticos, ou se desinteressam e não votam, alheando-se e recusando ser cúmplices daquilo que consideram ser um cancro, ou então, procuram formas alternativas de fazer política sem qualquer filiação ou conotação. É desejável que, por aquilo que está em causa, surjam verdadeiros líderes que tenham como prioridades o bem das pessoas, nomeadamente das mais frágeis, e o verdadeiro desenvolvimento. Aqui fica um apelo dirigido aos “homens e mulheres de boa vontade” (Papa João XXIII) e aos jovens.

Quanto à igreja, muitos se afastaram e deixaram de acreditar face aos escândalos protagonizados por pessoas que, pregando princípios e valores, viviam nas antí podas, como os fariseus. Os últimos Papas têm, contudo, sido vigorosos nas suas intervenções, apelando ao discernimento, à denúncia profética, e à renovação. O Papa Francisco tem sido exemplar e os efeitos da sua pessoa, das suas palavras e das decisões já tomadas, tornaram-no uma referência a nível internacional e muitos, por todo o Mundo, começaram a regressar, cheios de esperança. Que os seus apelos cheguem a toda a igreja e a todos na igreja, onde há tanto ainda para fazer!

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1638, 13 de Setembro de 2013