sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Tenho um sonho


alvez esta frase pronunciada em português signifique pouco, mas, se a escrevermos em inglês, e à frente colocarmos o nome de Luther King, tudo muda de figura. O seu sentido tornar-se-á, decerto, claro para muitos.

Tenho muitos sonhos, mas há um que gostaria de partilhar com os nossos leitores. Como pessoa e como cristão sou um firme defensor da paz e desejo profundamente que a guerra, em todas as suas manifestações, seja banida deste mundo em que vivemos. Poder-me-ão dizer que sou idealista ou até irrealista, mas talvez não seja o único. Acredito no ser humano, na força da verdade e do crer, e estou, por isso, firmemente convencido de que está nas nossas mãos mudar até aquilo que poderia parecer inexorável.

Creio que muitos conflitos entre estados, povos, instituições, cidadãos, famílias, deveriam apostar primeiramente no diálogo exaustivo, sincero, humilde e construtivo, fazendo prevalecer a força da razão e da paz sobre a “lógica” das armas e da violência. Estaríamos assim em condições de lançar as bases de uma nova civilização. Apetece-me, pois, citar aquele tão belo texto de S. Francisco de Assis, sempre actual:

     Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
     Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
     Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
     Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
     Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
     Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
     Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
     Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
     Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
 
Para que isto seja possível, e eu acredito que é, necessitamos de semear estes mesmos valores e princípios nas novas gerações, para que vão germinando, mas também os deveríamos lançar, para frutificarem, em todas as pessoas, porque nunca é tarde para mudar, para se renovar e se tornar uma pessoa diferente e melhor.
 
Tenho um sonho, como diz o Antigo Testamento: “das espadas farão relhas de arado e das lanças forjarão foices” (Cf. Isaías, 2, 4).


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1642, 11 de Outubro de 2013