Estão bem presentes na nossa memória colectiva os massacres em França, os quais mereceram um repúdio (quase) unânime de todos os confins deste nosso planeta; infelizmente, poucos se referiram aos massacres na Nigéria, que ceifaram a vida a milhares de pessoas, e que continuam semana após semana, a marcar o quotidiano deste grande e sofredor país africano, que necessita também da nossa atenção, preocupação e solidariedade. Muitos outros conflitos e barbaridades continuam também, sem ser notícia, mas a suceder todos os dias, nesta aldeia global, numa cadeia ininterrupta de sofrimentos que clamam desesperadamente no deserto do silêncio, da injustiça e da indiferença.
Espero que o novo ano nos ajude a despertar da letargia e insensibilidade perante o sofrimento alheio, porque, afinal, somos uma única família humana, cada vez mais interdependente e até com a capacidade de acompanhar, através das novas vias de comunicação e das redes sociais, o que vai acontecendo transversalmente neste mundo. Desejo que todas estas potencialidades nos aproximem efectiva e afectivamente e não só virtualmente, nos tomem mais irmãos e não meros conhecidos, ou pior ainda, desconhecidos, apesar de circularmos e de quase nos atropelarmos no ciberespaço.
Gostaria ainda de partilhar com os nossos leitores mais algumas inquietações.
Hoje é comum, ao falar-se de fundamentalismo, dar-lhe uma carga religiosa que, porém, me parece não ser a única. Deixo apenas alguns exemplos que, na minha opinião, me parecem bem elucidativos do que pretendo transmitir:
Espero que o novo ano nos ajude a despertar da letargia e insensibilidade perante o sofrimento alheio, porque, afinal, somos uma única família humana, cada vez mais interdependente e até com a capacidade de acompanhar, através das novas vias de comunicação e das redes sociais, o que vai acontecendo transversalmente neste mundo. Desejo que todas estas potencialidades nos aproximem efectiva e afectivamente e não só virtualmente, nos tomem mais irmãos e não meros conhecidos, ou pior ainda, desconhecidos, apesar de circularmos e de quase nos atropelarmos no ciberespaço.
Gostaria ainda de partilhar com os nossos leitores mais algumas inquietações.
Hoje é comum, ao falar-se de fundamentalismo, dar-lhe uma carga religiosa que, porém, me parece não ser a única. Deixo apenas alguns exemplos que, na minha opinião, me parecem bem elucidativos do que pretendo transmitir:
- Há quem, em nome da liberdade de expressão, se sinta no direito de ofender quem bem entender, quase sem limites;
- Há quem se considere detentor e representante único da verdade, não reconhecendo aos outros o direito de pensarem e se exprimirem diversamente;
- Há quem, por ter acesso aos grandes meios de comunicação social ou a muita riqueza, se sinta no direito de impor as suas opiniões como as únicas válidas, desconsiderando e procurando destruir os que pensam de forma diferente;
- Há quem em nome da liberdade de expressão minta, omita, distorça a realidade, para que a mentira que se quer fazer passar, apareça pintada com as cores da verdade;
- Há quem em nome duma liberdade questionável continue a afirmar que alguns seres humanos têm direito a viver e outros não;
- Há quem continue a olhar para o Mundo pelo prisma dos números, das conjunturas e das estruturas, e não da realidade concreta das pessoas;
- Há quem continue mais preocupado em acumular riqueza, numa lógica do vale tudo, do que em pensar nas vidas que se fragilizam, marginalizam e destroem;
- Há quem procure servir-se e servir interesses corporativos, quando o objectivo primário deveria ser o bem comum;
- Etc.
A lista dos fundamentalismos é infindável, bem como as suas manifestações e consequências, pelo que, é urgente estarmos mais atentos e não nos esquecermos que a igualdade e a liberdade não têm um só sentido, nem uma só interpretação.
Desejo aos nossos leitores um novo ano de 2015 cheio de bons projectos e de uma vontade firme de darmos o nosso contributo para tornar mais justo e fraterno o nosso Portugal e o nosso Mundo.
Desejo aos nossos leitores um novo ano de 2015 cheio de bons projectos e de uma vontade firme de darmos o nosso contributo para tornar mais justo e fraterno o nosso Portugal e o nosso Mundo.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 274, 13 de Fevereiro de 2015