sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Peças do Museu de Arte Sacra de Grândola expostas em Palmela


Por solicitação do Museu da Presidência da República, duas peças expostas no Museu de Arte Sacra de Grândola vão ser expostas na exposição Santiago por Portugal, em Palmela de 14 de Outubro a 15 de Dezembro.


Quando, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a 10 de junho, o Presidente da República condecora personalidades da vida nacional com a Ordem de Santiago da Espada, muitos de nós saberão que se trata de uma condecoração destinada a galardoar o mérito literário, científico e artístico. Mas poucos saberão a história centenária, que remonta à fundação da nacionalidade, inscrita nesse galardão.

Para contar a história da Ordem de Santiago, desde as suas origens em Portugal, no século XII, até à atualidade, o Museu da Presidência da República organiza, a exposição Santiago por Portugal.

A Ordem de Santiago, enquanto ordem monástico-militar, assumiu um papel de relevo durante o período da Reconquista, adquirindo na Idade Média bastante poder patrimonial e político. No século XV autonomizou-se definitivamente do ramo castelhano, passando a ter sede no Castelo de Palmela.

Já no século XVI, a administração da Ordem de Santiago, e das restantes ordens militares, foi incorporada na Coroa, uma era de mudanças, com a concessão de hábitos e comendas à aristocracia e a atribuição de insígnias, sinónimo de prestígio e poder, em recompensa dos serviços prestados ao soberano.

Mais tarde, em 1789, com a reforma promovida por D. Maria I, a Ordem de Santiago da Espada passou a condecorar, em regra, membros da magistratura e integrou (a par da Ordem de Cristo e da Ordem de Avis) a insígnia exclusiva do monarca, a Banda das Três Ordens (resultante da reunião das três Grã-Cruzes).

A reforma de D. Maria I seria, aliás, decisiva no processo de transformação de ordens monástico-militares, de cariz nobiliárquico, para formas de agraciamento laico do mérito individual, mudança só consolidada no século XIX.

A extinção formal das ordens religiosas e a transferência dos seus bens para a Coroa aconteceu depois da revolução liberal de 1820. Nessa altura, as ordens perderam definitivamente a sua matriz monástico-militar, assumindo um carácter exclusivamente honorífico. Com o Rei D. Luís, em 1862, a Ordem de Santiago ganhou a sua atual vocação: o reconhecimento do mérito na área da ciência, da literatura e da arte.

A lei orgânica das Ordens Honoríficas de 1962 veio introduzir uma nova vertente, instituindo o Grande-Colar da Ordem Militar de Santiago da Espada, destinado a agraciar chefes de Estado estrangeiros. Atualmente este grau pode ainda ser concedido pelo Presidente da República a antigos chefes de Estado e a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa condecoração. Foi o que aconteceu com o escritor José Saramago, em 1999, a única personalidade, até ao momento que, não tendo o estatuto de chefe de Estado, foi agraciado com o Grande-Colar.

Santiago por Portugal apresenta obras pictóricas, escultóricas, de ourivesaria, documentos escritos e arqueológicos, entre outros, provenientes de dezenas de instituições e coleções, de norte a sul do país. Nesta exposição percorremos a história de cerca de oito séculos da Ordem de Santiago, assinalando os seus momentos mais significativos e descodificando a sua profusa simbologia.

A exposição Santiago por Portugal esteve exposta no Museu Diocesano do Lamego, de 09 de Junho a 30 de Agosto de 2015, já com a presença das duas peças do Museu de Arte Sacra de Grândola.

Missale Romanum (Séc XVII - finais)


Arca (Séc XVIII)

Em virtude dos graves danos sofridos nas instalações onde iria decorrer a exposição a mesma foi cancelada.