sábado, 9 de janeiro de 2016

Novo ano, prioridades a cultivar


sta é sempre uma ocasião de balanços e de expectativas em relação ao ano que se inicia. Como me considero um otimista-realista, só posso olhar com esperança o ano de 2016, e de relembrar algumas prioridades, na minha opinião, fundamentais.

A Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz (1 de janeiro), convida-nos a vencer a indiferença, um dos males do nosso tempo, apesar de nunca como hoje termos a capacidade de nos percebermos como membros de uma única Família Humana, espalhada por esta Casa Comum, que se chama Terra, pela qual todos somos responsáveis. Até que ponto a proximidade tecnológica é efetivamente proximidade de coração em relação ao outro, que é afinal nosso irmão?!

Em sucessivas intervenções o papa também nos tem alertado para a necessidade de comba- termos o utilitarismo, que se manifesta na “civilização do descartável”, quer na relação com as coisas, quer, infelizmente, com as pessoas, sobretudo com as que já não produzem, e que são considerados, por isso, um peso social, e, consequentemente, objeto de marginalização.

Uma outra realidade que considero pouco saudável é o facto de vivermos centrados no instantâneo, no imediato que, tal como um relâmpago, aparece e se esvai. Na relação com os outros esta mentalidade faz-nos descentrar e dispersar a nossa atenção pela multiplicidade de notícias com que somos bombardeados, numa sucessão verdadeiramente infernal. Pensemos no drama dos refugiados que atravessam o mar Mediterrâneo e quando é que eles são notícia?

Numa civilização em que só parece contar o sucesso e o centro, urge não esquecer as vítimas do insucesso e os que vivem nas periferias, geográficas ou existenciais. Nesta Casa Comum, há lugar para todos e todos podem dar o seu contributo na construção de uma verdadeira fraternidade universal, baseada na igualdade essencial entre todos os seres humanos, dotados de dignidade e de direitos, que devem ser promovidos e globalizados.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1759, 08 de Janeiro de 2016