quinta-feira, 21 de abril de 2016

Paróquia de Grândola na TVI


No próximo domingo, dia 24 de Abril de 2016, a programação da manhã será em grande parte dedicada à Paróquia de Grândola, porquanto teremos às:

10:30 horas - 8º Dia
(gravado na Paróquia de Grândola)

11:05 horas - Eucaristia Dominical
(transmitida em directo da Igreja Matriz de Grândola)

Acompanhem-nos!!!



sábado, 9 de abril de 2016

A Páscoa e as outras Páscoas


A Páscoa tem para o Povo Judeu vários sentidos, mas um dos importantes é a passagem, a libertação, do cativeiro do Egipto, e a consequente entrada na Terra Prometida. É, pois, uma grande Festa, indissociavelmente ligada à vida, história e identidade dos nossos ir­ mãos mais velhos na fé.

Para nós cristãos, Páscoa também é passagem e libertação, porquanto celebramos a passagem de Cristo da morte à vida, a Sua ressurreição, sinal de que igualmente nós seremos vencedores em Cristo. É o coração da fé cristã, pois a Igreja nasceu da Páscoa.

A dimensão da passagem e da libertação traz-me à memória os sinais positivos que vão fazendo a sua aparição, e acendendo a luz da esperança, tão necessária nos tempos que correm. Nesta linha, considero como dados extremamente positivos o encontro do Papa Francisco com o Patriarca Kiril, e a visita do Presidente Obama a Cuba. Estes sinais são imensamente importantes e deveriam consolidar-nos na certeza de que é possível ultrapassar velhas divisões e oposições, mesmo quando estão em causa décadas de desencontros, ou mesmo séculos.

Como é óbvio, existem muitas outras situações, em diferentes níveis, que necessitariam de ser superadas. Algumas ultrapassam-nos, outras, contudo, estão ao nosso alcance. Refiro apenas algumas, poucas e simples, que me ocorrem de momento:
  • desentendimentos e desencontros familiares por causa de bens materiais;
  • falta de diálogo, de tempo, e de humildade no seio da família ou na relação interpessoal;
  • procura desenfreada de lucro, sem ter em conta o factor humano, nomeadamente o respeito pela dignidade e direitos das pessoas, dos Povos, e dos Estados;
  • discriminação e marginalização de seres humanos, por obra de outros seres humanos, como se houvesse cidadãos de primeira e de segunda;
  • aumento do fosso entre ricos e pobres, no seio do mesmo país, ou entre países diferentes;
  • banalização da vida humana mais fragilizada, acompanhada de uma gritante insensibilidade perante "o outro" que sofre;
  • manipulação de conteúdos e falta de deontologia na apresentação da realidade, frequentemente lida e noticiada com base em "agendas" e não no rigor e objectividade;
  • pouca preocupação na procura da verdade e insistência no sensacionalismo e no subjectivismo.
Termino aqui o enunciado de algumas das muitas realidades que necessitariam, na minha opinião, de ser conquistadas, transformadas e superadas.

Já o tenho referido noutras ocasiões que acredito na mudança, por isso, continuarei a trabalhar e a rezar por todas aquelas situações que, mais longe ou mais perto, urgem dar lugar a novas e mais promissoras realidades. Creio, porém, que a mudança mais importante é a do coração humano. Podemos mudar de imagem, de carro, de casa, de computador, de telemóvel, etc; mas, se não mudarmos nós, tudo pode ser vão e ilusório.

Acredito na força motriz da Páscoa e naquilo que Deus pode fazer no coração humano, mesmo nos mais empedernidos…

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 288, 09 de Março de 2016



sexta-feira, 8 de abril de 2016

O milagre da vida humana


vida humana é simultaneamente mistério e maravilha, e uma fonte inesgotável para sobre ela escrevermos.

Hoje vivemos um tempo de paradoxos: nunca como até hoje tivemos tanta capacidade de vencer doenças no início e no terminus da vida, descendo a taxa de mortalidade infantil e aumentando a esperança média de vida. Contudo, olhamos para as taxas de natalidade de países como o nosso e só podemos concluir que se enveredou por uma espécie de suicídio demográfico, de consequências ainda imprevisíveis, sendo tímidos os sinais de mudança, por parte de quem é mais responsável. Pelo contrário, promovem-se políticas de controlo da natalidade, facilita-se o aborto, pretendendo fazer esquecer que se trata de vida humana, e, agora, saltou para a ribalta a questão da eutanásia.

Do que tenho lido, ressalta à primeira vista a confusão (deliberada ou inocente) na terminologia. Mete-se tudo no mesmo saco, esquecendo que, para além da eutanásia (abreviação da vida; morte doce, suave), existe a distanásia (que é o oposto da eutanásia, e se resume no prolongamento da vida já inviável, também chamada encarniçamento terapêutico) e ainda a ortotanásia (morrer com dignidade). Além do mais, é preciso não esquecer a definição de morte, sobre a qual existem diferentes escolas, com posições diversas e até antagónicas.

Há ainda realidades a ter em conta: a eutanásia pode ser por acção ou omissão, do próprio ou de terceiros, e não se resume apenas a actos, mas supõe também intenções. São obviamente muitas as questões que, por brevidade, não poderei aqui aprofundar. Não esqueçamos, contudo, uma grande vitória sobre a doença: os cuidados paliativos.

Não gostaria também de esquecer o papa Francisco e a sua defesa da vida, contra as tentativas de a tornar “descartável”. A vida, toda a vida, vale a pena. O utilitarismo, o materialismo e o egoísmo são a grande ameaça que paira sobre os mais frágeis da nossa sociedade. Não estaremos perante uma forma velada de eugenismo?

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1772, 08 de Abril de 2016