terça-feira, 19 de julho de 2016

Este são orgulho de ser português


stimados leitores, confesso que, quanto mais conheço a nossa história, mais gosto de ser português, e curiosamente despertei para esta realidade entre 1994 e 1997, período em que vivi e estudei em Roma.

O primeiro “embate” aconteceu no Colégio Português, onde deixei de ser Rosário e passei a ser Guerreiro, em virtude de lá se encontrar um Sacerdote do Bangladesh, chamado, imaginem, Camilo do Rozário!!! Sucederam-se depois um sem número de experiências que me despertaram e ajudaram a valorizar a gesta impressionante dos nossos antepassados, desde as costas Ocidental e Oriental de África, passando pelas Américas, do Sul e do Norte. As mais significativas vivências, porém, tiveram lugar através de amigos do gigante Continente Asiático, onde a presença, a ação dos lusitanos mais me espantaram.

Nesta linha, fiquei absolutamente rendido e testemunhei na primeira pessoa o respeito, admiração, quase devoção, que senti em pessoas de tantos países em relação ao nosso país e ao povo português. Em alguns destes povos, infelizmente, muito se perdeu, mas permaneceram os nomes, as tradições, a gastronomia, e a fé cristã.

Creio, pois, que, sem saudosismos ocos e fúteis, mas com uma dose reforçada de humildade, nos fazia falta conhecer melhor a nossa história e identidade, e tentar recuperar e valorizar o imenso capital de credibilidade que existe em tantos países nos quais a presença portuguesa deixou marcas que nem o pó do tempo conseguiu apagar. A economia não é tudo, e a vida não são só números.

Ao escrever estas linhas sob a influência de um são orgulho de ser português, não pretendo, obviamente, escamotear erros e pecados também cometidos, mas, a consciência dos nossos pecados não pode gerar em nós apenas uma atitude pessimista e masoquista. Acredito que a misericórdia de Deus e tantos milagres silenciosos moldaram vidas, transformaram pessoas e situações, e alargaram os horizontes da portugalidade aos quatro cantos do Mundo.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1786, 15 de Julho de 2016