terça-feira, 19 de julho de 2016

Proteger a Vida Humana, Missão Prioritária


Volto de novo a um tema que julgo de particular actualidade e premência: a vida humana, tão banalizada e vilipendiada nos tempos que correm.

Todos os dias são inúmeras e diversificadas as notícias que nos falam de atentados, mais ou menos graves, contra a vida humana, e às vezes fico com a sensação que, de tanto ouvirmos falar, se corre o risco de nos tornarmos indiferentes e imunes a todas estas manifestações, como se de coisas normais e naturais se tratasse. Já cheguei a pensar senão teremos de criar e apoiar novas instituições de defesa da vida e dignidade do ser humano, pois os animais parecem merecer cada vez mais a atenção, defesa e promoção dos seus direitos, vertidos em legislação. O Papa Francisco na Encíclica Laudato Si di-lo, com clareza e veemência: a verdadeira ecologia é aquela que integra também o homem entre as suas preocupações centrais.

Uma situação que me choca é o drama dos refugiados, pois parece que já nos habituámos a viver com ele, esquecendo que estão em causa pessoas como nós, e a verdade é que, se a sua situação não é fácil de resolver, este facto depõe contra uma certa mentalidade em crescendo na Europa, que quer fazer esquecer a verdadeira alma humanista da Europa, tecida com os contributos das culturas grega, latina e judaico-cristã, os quais tomaram este continente referência em todo o mundo.

São ainda imensos os atentados à vida humana, nas diferentes fases do seu crescimento e desenvolvimento, que nos fazem pensar no "baixo preço" atribuído à vida humana, ao ponto de se tirar a vida a outro semelhante por qualquer motivo banal e, além do mais, tem-se a impressão que o "crime compensa" e que só "o mal" é notícia. Estou firmemente convencido que o Bem é mais forte do que o Mal e que devemos combater sempre e cada vez mais, com as armas da paz e da reconciliação, as únicas a partir das quais se constrói solidamente e com futuro.

Não me parece também positivo que as notícias que preenchem o nosso tempo sejam, sobretudo, notícias negativas, quando estou firmemente convencido que há tantas coisas extraordinárias a crescer, sem nós nos apercebermos, e tanto bem a germinar e a frutificar no seio de tantas pessoas, instituições, e numa grande multiplicidade de iniciativas que, mesmo sem barulho, vão tomando mais bela a face deste mundo, "Casa Comum", em que habitamos.

Já o tenho afirmado em múltiplas ocasiões, sou um espírito positivo e optimista, por natureza e por convicção enquanto cristão, e acredito que temos de voltar a colocar o ser humano no centro das nossas preocupações, sem esquecer que tudo será vão e incompleto se continuarmos por este caminho de banalização e desvalorização da vida humana. A vida, cada vida e todas as vidas, têm valor, são únicas e irrepetíveis, e são amadas por Deus, independentemente da latitude ou longitude onde elas tenham visto a luz do dia.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 290, 10 de Junho de 2016