sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Boas notícias e más notícias


Quando nos anos 90 me encontrava em Itália a estudar, recordo-me que a minha atenção foi desperta para uma música, de um grupo musical chamado GenRosso, grupo internacional de mensagem cristã, na qual se fazia uma crítica pertinente e acutilante à comunicação social que só transmitia notícias negativas, "a crónica negra", como se mais nada existisse, ou fosse digno de ser noticiado.

Imagino que não deve ser tarefa fácil elaborar permanentemente notícias interessantes e apelativas, mas talvez valha a pena tentar diversificar as temáticas, de modo a incluir também aquilo que o grupo atrás mencionado chamava "a crónica branca", ou seja, aquilo que de bom, de positivo e até extraordinário, vai acontecendo neste vasto, rico e complexo Mundo que é o nosso.

De facto, com tanta notícia negativa que diariamente nos entra pela casa dentro, se não formos capazes de equilibrar os pratos da balança, ficamos seriamente limitados no nosso capital de esperança, pois parece não haver motivos para estarmos alegres e felizes neste Mundo, que apesar de todo o mal que nele existe, nos oferece também milhentas razões para acharmos que vale a pena viver e trabalhar nesta Casa Comum, tentando semear boas notícias, para que algo vá mudando, de facto, e não apenas plástica e superficialmente.

É verdade que as redes sociais e os novos canais de comunicação vieram democratizar o acesso à informação e criar alternativas às notícias que outrora dependiam quase exclusivamente dos grandes mass media; o que é um bem. A dificuldade que se nos coloca é que, perante o aumento exponencial de "material" informativo, se toma manifesta a nossa incapacidade de "digerir" tanta informação e de exercermos eficazmente a nossa capacidade de discernimento.

Como cristão, lembro aquilo que já muitas vezes tenho afirmado nas páginas do "Ecos": acredito nas pessoas, no que elas são capazes de construir, e na mudança de mentalidades e atitudes que podem acontecer e nos transformar em pessoas renovadas e melhores. Para Deus não há casos perdidos, nem pessoas totalmente irrecuperáveis; o arrependimento e a conversão são sempre possíveis. Creio que quem quiser aprofundar a mensagem de Jesus, nela irá encontrar razões para a esperança, para a alegria, para a paz e verdadeira comunhão entre pessoas.

Conheço imensos casos e na Página que a Paróquia de Grândola tem na Internet e nos meios complementares nela incluídos, procuramos transmitir testemunhos vivos disto mesmo, mostrando os pequenos e grandes milagres que todos os dias acontecem e que, apesar de não serem notícia na grande comunicação social, o são na de menor dimensão e, qual grão de mostarda, vão dando frutos e abrindo sulcos de vida, em vidas tantas vezes cansadas e desesperadas por não encontrarem respostas às suas inquietações profundas.

Tenho-o referido várias vezes e não me canso de o afirmar: o bem embora faça menos barulho, é superior e está mais disseminado do que o mal, e todos os dias acontecem coisas boas, maravilhosas que, se lhes fosse dada a devida importância, contribuiriam decisivamente para vivermos todos melhor, com mais qualidade devida, menos doenças, nomeadamente depressões e doenças do foro psicológico e psiquiátrico.

Que o período das férias ajude a despertar a nossa consciência para a necessidade de irmos semeando alternativas, que nos ajudem a despertar para o bem, para o bom e para o belo. Nesta missão todos somos responsáveis, cada um nos seus âmbitos...

in Ecos de Grândola, nº 293, 09 de Setembro de 2016