quarta-feira, 26 de abril de 2017

Novo horário da Corrida Solidária para a Penha


A Corrida Solidária para a Penha, no dia 20 de Maio de 2017, tem nova hora de partida, agora será às 17:00 horas.

domingo, 23 de abril de 2017

Liberdade, reciprocidade e intolerância


Nos tempos que vão correndo vejo, com alguma apreensão, não apenas nas ainda resistentes ditaduras, mas também em alguns países democráticos, sintomas de uma crescente falta de liberdade e de certas expressões de intolerância, quando se trata de questões consideradas fracturantes, ou quando estão em causa matérias que tocam a liberdade religiosa, nomeadamente dos cristãos.

A título de exemplo, apresento apenas algumas situações que me têm chamado particularmente a atenção:

- Como é possível, em nome de uma certa ideia de liberdade religiosa, proibirem-se símbolos religiosos, quando se trata de símbolos, sobretudo, cristãos e não de outras confissões religiosas?

- Como entender que, em nome da liberdade de expressão, se ridicularizem os cristãos e as suas manifestações de fé, desvalorizando e condenando as respostas que, os cristãos vão dando, também em nome da liberdade de expressão, acusando-os de intolerantes, retrógrados e ultras?

- Como se compreende o protagonismo que certas iniciativas vindas de algumas "agendas" têm, quando, pelo contrário, tantos acontecimentos de grande amplitude, muitos deles de carácter religioso, são pura e simplesmente secundarizados, esquecidos, ou tratados de forma inadequada?

- Como é possível que se fale de assuntos de carácter religioso, sem entender a sua especificidade e a necessidade de alguma preparação séria, para se poderem abordar estes temas?

- Como entender o silêncio a nível europeu e global, quando se fala das perseguições de que os cristãos são vítimas em diferentes contextos, como se não fosse uma questão real e de contornos dramáticos nalgumas regiões do globo?

Sem esgotar este tema, naturalmente, gostaria de recordar que a autêntica liberdade supõe a reciprocidade e igual tratamento, ou seja, não deve ser só para aquilo que "nos convém", na medida em podemos resvalar facilmente para o pântano do subjectivismo e da pura arbitrariedade.

O respeito que devemos ter para com os outros, exige igual tratamento para connosco. Não podemos cair no despotismo de pensar que nós é que temos razão, sempre, e, por isso, quem não pensa como nós está errado. A atitude mais sensata, verdadeira e democrática, consiste em aceitar os outros e as suas opiniões, sem deixar de manifestar também as nossas, que devem, de igual modo, ser respeitadas, como é óbvio. Há a este propósito uma máxima do Antigo Testamento que tem duas versões: "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti"; e, "faz aos outros o que queres que te façam a ti."

Nesta mesma linha, é de repudiar a tentativa de privatização da consciência, na medida em que os cidadãos têm o legítimo direito de se manifestarem, dentro das regras e limites do Estado de Direito. As manifestações que se vão sentindo, de relegar a Religião, nomeadamente o Cristianismo, para a "Sacristia", são uma forma eufemística de ditadura, de despotismo e autoritarismo, ao cercearem o direito à liberdade, e à liberdade religiosa em especial.

Se a Democracia é o governo do povo, então é necessário que todos os cidadãos tenham igual tratamento, e que não haja cidadãos de primeira e de segunda categorias; uns a quem tudo é permitido, e outros que estão sempre debaixo de suspeição, e sujeitos, nalguns casos, a formas inquisitoriais de controlo da opinião e da manifestação. Se todos os seres humanos são iguais, com dignidade e direitos que devem ser respeitados, não podem existir seres humanos "mais iguais" do que outros.

in Ecos de Grândola, nº 300, 14 de Abril de 2017