segunda-feira, 26 de março de 2018

Novo Órgão de Tubos da Igreja Matriz de Grândola


A Igreja Matriz de Grândola e a nossa Comunidade humana e cristã vão ser enriquecidas a partir do dia 8 de Abril, com um Órgão de Tubos, que ficará instalado no Coro Alto da Igreja, oferta do casal amigo, Augusto e Sílvia Sousa Pinto.

Nesse dia, Domingo da Misericórdia, vulgarmente conhecido por Domingo de Pascoela, não haverá Missa às 9:30 horas e a Missa das 11:30 horas é antecipada para as 11:00 horas.

Na Eucaristia, o nosso Coro será acompanhado ao Órgão pelo Organista Jaime Branco, Professor no Conservatório Regional do Baixo Alentejo, e, no final da Eucaristia, pelas 12:00 horas, ele tocará algumas peças de Órgão, para nos permitir usufruir particularmente das sonoridades deste Órgão histórico de 5 registos, construído na Dinamarca em 1877.

Venha.

Contamos consigo




sábado, 10 de março de 2018

Quaresma versus Renovação


Para nós católicos as grandes Festas são sempre precedidas por períodos mais ou menos longos, para se combater a rotina, o ritualismo e a superficialidade das vivências, e se mergulhar verdadeiramente no espírito de cada Tempo do Ano Litúrgico. Refiro-me em especial ao Advento, que prepara o Natal, e à Quaresma, que prepara a Páscoa Neste momento encontramo-nos em plena Quaresma, um tempo cujas raízes mergulham na experiência sofredora e libertadora do Êxodo, um acontecimento estruturante da vida e identidade do Povo Judeu, e que marca a sua saída do Egipto, onde era escravo, em direcção à Terra Prometida, terra da liberdade.

Na tradição cristã a Quaresma é um tempo que convida à introspecção, à sobriedade, à maior proximidade com Deus, para que a relação com o próximo possa renovar-se e assentar em bases mais sólidas, e traduzir-se em verdadeira fraternidade, radicada na nossa comum filiação divina (somos filhos Deus, em Cristo).

Um dos méritos deste tempo pode residir no desafio que ele nos coloca, a nós que vivemos por vezes escravos do Tempo e condicionados pelo stress, que nos acelera e fragiliza, a que façamos a experiência do silêncio, da paragem, da oração e da partilha fraterna, em beneficio do próximo mais necessitado. A correcta vivência destes meios, pode mesmo proporcionar-nos uma preciosa ajuda no nosso crescimento pessoal, dando densidade à nossa vida, e fazendo-nos centrar naquilo que, verdadeiramente, é essencial e que com frequência nos escapa, devido ao ritmo frenético e até alucinante da vida hodierna.

Para além da dimensão, obviamente, religiosa deste tempo, creio que os seus beneficias se poderão fazer sentir no todo da nossa vida, uma vez que em nós não há dimensões estanques e, por isso, o bem que fazemos a uma das dimensões da nossa vida reflectir­-se-á naturalmente em todas as outras. Penso que não é despiciendo até fazer esta analogia com uma campanha turística que dizia: “Vá para fora cá dentro".Com efeito, mesmo na nossa casa, no nosso trabalho, onde quer que estejamos podemos mergulhar no espírito quaresmal e descobrir e discernir o essencial do acessório, fazer um balanço, projectos, inverter  caminhos e processos e, no fundo, enriquecermo-nos descobrindo que a partilha com o outro/próximo nos torna menos egoístas e individualistas, e perceber como aquilo, por pouco que seja, a que nós renunciamos pode significar muito, se o orientamos no sentido da ajuda para os que são mais carenciados do que nós. O nosso pouco, multiplicado por muitos outros poucos faz muito e marca a diferença.

Às vezes quando se fala da Quaresma corre-se o risco de salientar apenas os aspectos negativos e cinzentos, quando o verdadeiro espírito quaresmal é precisamente o inverso. Depois das máscaras do Carnaval, a Quaresma convida-nos à transparência Este tempo, de facto, convida-nos a estarmos atentos às tentações do TER, do PODER e do PARECER, que têm muitos rostos e muitos nomes, que batem à nossa porta, e onde é fácil tropeçar e deixarmo-nos enganar, confundindo raiz e copa, conteúdo e continente, ouro e purpurina, verdade e aparência… Faz-nos falta lembrar e meditar na célebre frase de Antoine de Saint-Exupery, no Principezinho: “o essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração.

A Quaresma pode bem ser esta ocasião na vida de cada um de nós. Aproveitemo-la e valorizemo-la.

in Ecos de Grândola, nº 311, 09 de Marçoo de 2018



A árvore e a floresta


uitas vezes me interrogo sobre o porquê da diminuta presença, se não mesmo ausência, de boas notícias em alguns órgãos de Comunicação Social. Será que só existe o negativo? Se não, então por que não é dado maior relevo e protagonismo aos conteúdos positivos? Talvez me possam responder com a questão do ovo e da galinha, ou seja, são os públicos que pedem e que aderem mais a este tipo de conteúdos. Mas, continuo a perguntar: não poderá a comunicação social ter também uma função mais pedagógica e ajudar a "degustar" outras essências? Creio que sim, que é possível e desejável.

Hoje temos, aliás, maior facilidade na difusão das notícias, com maior rapidez e impacto imediato num alargado numero de destinatários a nível global. Por que não aproveitar para partilhar mais "o lado positivo 'da vida”, em rede? Há 'um défice de positividade e de esperança à espera de respostas, e no entanto, acredito que há muitas florestas a crescer. Porquê fixarmo-nos apenas na árvore que caiu?!

Ao olhar para o Alentejo alegro-me, pois vejo a nossa terra ser cada vez mais notícia por  bons  motivos, e tenho memória exatamente do contrário, apesar de nunca me  ter identificado com esse status quo. Necessitamos de mais noticias e, sobretudo, de iniciativas, de projectos, que combatam o fatalismo, o pessimismo, o destino, paralisando a criatividade, obstaculizando o desenvolvimento, e arrastando-nos para o circulo vicioso do "sempre foi assim”, que é premente vencer, em nome dum futuro diferente e melhor, que é desejável semear e alicerçar em bases sólidas.

Como cristão, sinto que a fé em Jesus que morreu por nós, mas que ressuscitou e está vivo, metem ajudado a construir uma existência de confiança, positividade, e alegria, que dão sabor e sentido à minha vida Não alinho no coro dos apocalípticos, cinzentões, azedos que só veem mal (e pecado) à sua volta e creio que Cristo, se voltasse fisicamente ao nosso meio, também não seguiria por esse caminho.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 09 de Março de 2018