quarta-feira, 20 de junho de 2018

Tempo de contradições e paradoxos




ivemos num tempo de contradições e paradoxos que me deixam muitas vezes perplexo e preocupado com o amanhã. Não fora eu um homem de fé e diria que estamos à beira do crepúsculo da nossa civilização.

Deixo apenas alguns exemplos.

É um dado inquestionável que vivemos um inverno demográfico e, no entanto, faltam medidas estruturantes e transversais para enfrentar o problema. O que aparece são propostas tíbias, pontuais, de caráter local, meritório, mas insuficiente.

Do ponto de vista científico, a vida humana começa na fecundação do óvulo pelo espermatozoide e, contudo, pretendem impor-nos, com o apoio de instituições internacionais, o aborto, como uma espécie de direito e método contracetivo.

Nunca como hoje se falou de educação sexual, de prevenção, e vejam-se os números da gravidez adolescente e jovem, não só em Portugal, mas na Europa e em alguns países ocidentais.

Fala-se de liberdade, de democracia, de direitos humanos, mas os estados pretendem substituir-se à família na educação dos filhos, doutrinando-os a seu bel-prazer, sem ter em conta os valores e os direitos das mesmas.

Propaga-se aos quatro ventos que as pessoas é que são importantes e devem ocupar o centro, seja em que nível for, e, no entanto, basta estar um pouco atento para perceber que são os números e as contas que marcam o ritmo e a prioridade nas opções.

Aumentou a esperança média de vida, ganhámos capacidade de controlar a dor e aliviar o sofrimento, e agora em alguns países (inclusive o nosso) pretendem impor-nos uma agenda que nos faz crer que a solução é a eutanásia, um nome que destoa daquilo que está em causa, pois trata-se de abreviar uma vida ainda viável.

Para onde vamos não sei, só sei que por aqui não quero ir, porque, com tanta contradição e paradoxo, o futuro é imprevisível, mesmo para as mentes "luminosas" que, a partir das suas agendas, comandam estas mutações. Precisamos que nos abram, por isso, novos horizontes.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 15 de Junho de 2018



sexta-feira, 15 de junho de 2018

Viver e Morrer com Dignidade



A Sociedade Portuguesa vive momentos de intenso debate sobre a Eutanásia, questão sobre a qual gostaria de deixar, a minha opinião, enquanto cidadão e sacerdote.

Sem querer questionar as boas intenções dos defensores da Eutanásia, talvez fosse esclarecedor saber-se o que se passa, de forma objectiva, nalguns países europeus, que deram este passo, e as situações se multiplicaram, chegando até a crianças e jovens!!! Depois de se abrir a porta, difícil é fecha-la e, não esqueçamos que a morte é irreversível. Permitir a Eutanásia é abrir uma "caixa de Pandora", de consequências imprevisíveis.

Creio, contudo, que há uma confusão que importa esclarecer, entre Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia. Esta é justamente a morte com dignidade, embora pouco se fale dela, querendo passar a dignidade para o campo da Eutanásia, quando esta consiste em abreviar uma vida que ainda é viável. À Distanásia também se chama Encarniçamento Terapêutico ou Obstinação Terapêutica, e esta, tal como a Eutanásia, fere a dignidade das pessoas e o direito a morrer com dignidade. Quanto à questão da dor, temos hoje cada vez mais meios de a aliviar, mesmo sabendo que esse processo pode abreviar a vida. A Eutanásia não tem a ver apenas com um ato ou omissão do próprio ou de outrem, mas também com uma vontade explícita, por parte do próprio ou de outrem.

Parece-me um contrasenso nesta fase da história da Humanidade, em que se têm vencido tantas batalhas na luta contra as doenças, criado melhores condições de vida, e prolongado a esperança média de vida, se queira agora voltar atrás e legitimar medidas para abreviar a vida. Faltam sim Cuidados Paliativos, bem como outras respostas integradas, que ajudem a criar condições para que todos sejam sujeitos de direitos e possam morrer com dignidade.

É legítimo perguntar: porque se quer voltar atrás? É porque os idosos já não produzem, ficam caros, são um peso para a sociedade? E então, as pessoas não são mais importantes do que as coisas?

Enquanto sacerdote tenho presidido a muitos funerais, alguns de pessoas de avançada idade e que chegaram até aí porque, além dos cuidados médicos, essenciais, foram amadas até ao fim "pelas suas famílias e pelas instituições que as acolheram, e esta é, na minha opinião, uma questão essencial: para se viver com dignidade é preciso ser-se amado e acompanhado, para que ninguém se sinta um peso e deseje, por isso mesmo, partir e descansar finalmente.


in Ecos de Grândola, nº 314, 08 de Junho de 2018



domingo, 3 de junho de 2018

Peregrinação ao Santuário de Fátima



30 de Junho de 2018

Programa

06:00 horas - Concentração junto à Câmara Municipal
07:30 horas - Paragem
09:45 horas - Via Sacra em Fátima
11:00 horas - Eucaristia na Capela de Santo Estêvão
12:00 horas - Visita a Aljustrel (Casa dos Pastorinhos)
13:00 horas - Almoço partilhado no Santuário
14:00 horas - Participação no Rosário na Capelinha das Aparições
14:30 horas - Divisão em grupos e visitas organizadas. Tempo livre.
17:00 horas - Partida para Grândola
18:30 horas - Paragem
20:30 horas - Chegada a Grândola.