Deixo apenas alguns exemplos.
É um dado inquestionável que vivemos um inverno demográfico e, no entanto, faltam medidas estruturantes e transversais para enfrentar o problema. O que aparece são propostas tíbias, pontuais, de caráter local, meritório, mas insuficiente.
Do ponto de vista científico, a vida humana começa na fecundação do óvulo pelo espermatozoide e, contudo, pretendem impor-nos, com o apoio de instituições internacionais, o aborto, como uma espécie de direito e método contracetivo.
Nunca como hoje se falou de educação sexual, de prevenção, e vejam-se os números da gravidez adolescente e jovem, não só em Portugal, mas na Europa e em alguns países ocidentais.
Fala-se de liberdade, de democracia, de direitos humanos, mas os estados pretendem substituir-se à família na educação dos filhos, doutrinando-os a seu bel-prazer, sem ter em conta os valores e os direitos das mesmas.
Propaga-se aos quatro ventos que as pessoas é que são importantes e devem ocupar o centro, seja em que nível for, e, no entanto, basta estar um pouco atento para perceber que são os números e as contas que marcam o ritmo e a prioridade nas opções.
Aumentou a esperança média de vida, ganhámos capacidade de controlar a dor e aliviar o sofrimento, e agora em alguns países (inclusive o nosso) pretendem impor-nos uma agenda que nos faz crer que a solução é a eutanásia, um nome que destoa daquilo que está em causa, pois trata-se de abreviar uma vida ainda viável.
Para onde vamos não sei, só sei que por aqui não quero ir, porque, com tanta contradição e paradoxo, o futuro é imprevisível, mesmo para as mentes "luminosas" que, a partir das suas agendas, comandam estas mutações. Precisamos que nos abram, por isso, novos horizontes.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 15 de Junho de 2018