sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Ano Novo, boas notícias



No início de um novo ano creio que nos faz muito bem a todos, bons propósitos e boas expectativas, encarando com esperança e alguma dose de positividade o despertar deste tempo, no qual tanta coisa irá certamente acontecer. São de evitar, contudo, quer o pessimismo, quer o optimismo exagerado, pois, como é lugar-comum dizer-se: "os extremos tocam-se”. Não nos esqueçamos, o destino não existe, qual fatalismo cego, ou íman dominador e avassalador.

No Mundo em que vivemos é inegável a importância da comunicação social e das redes sociais em geral, pois permitiram-nos tornarmo-nos protagonistas, ao generalizarem e democratizarem o acesso e a divulgação da informação, fundamentais para o conhecimento da realidade em toda a sua plenitude e cambiantes. Porém, o excesso de informação que nos chega, às vezes em catadupa, a avidez de novidades, para suplantar o outro, tomam-nos quase "joguetes" de uma máquina infernal, que aspira a conquistar audiências e a assumir a liderança dos protagonismos e dos "Likes", como se toda a informação se resumisse a números. Deste modo, fica limitada a nossa capacidade de a (informação) analisar criteriosamente, sujeitando-a à lupa do rigor e da investigação, prejudicando assim o exercício da nossa capacidade de discernimento, uma das insistências do Papa Francisco nas suas frequentes intervenções.

Se há algo em que a comunicação deveria estar obviamente comprometida, na minha opinião, é na transmissão da verdade, tanto quanto possível objectiva, isenta, para que, cada um possa depois “fazer o trabalho de casa”, e acrescentar a sua subjectividade. É preciso mais informação e menos ideologia, que deturpa e distorce a realidade. Pela minha parte, agradeço que me informem sem me substituírem, na tarefa fundamental de reflectir e de fazer as minhas opções, que deverão pautar-se sempre pela preocupação de calcorrear os caminhos da verdade, evitando as “fake news", infelizmente tão em voga nestes tempos que correm.

Nesta linha de desejos para o novo ano, custa-me a acreditar que só haja "más notícias": crimes, escândalos, corrupção, guerra, acidentes, etc. Não haverá mesmo mais nada para informar? Não o creio!

Este ano será também fértil em solicitações eleitorais, às quais não nos deveremos furtar, pois, um dos bens maiores da democracia é colocar nas nossas mãos a capacidade de "julgarmos" quem nos governa, e decidir depois, em consciência, quem merece o nosso voto. Se é verdade que precisamos de políticos que não sejam "meros profissionais da Res Publica", mas sim servidores do bem comum e dos cidadãos, também carecemos de cidadãos que o sejam com "C maior," e não troquem um ato eleitoral por um fim-de­-semana na praia, ou um passeio fora do país, passando de seguida o tempo a criticar quem governa, quando tiveram nas suas mãos o poder de decidir, o qual optaram por não usar.

Ano novo, vida nova. Um bom e abençoado ano de 2019 para todos vós, caros leitores.

in Ecos de Grândola, nº 322, 08 de Fevereiro de 2019