Homem, apesar de não ser nem anjo nem demónio, é, porém, capaz de obras extraordinárias e de atrocidades aterradoras, basta olhar para os crimes praticados por seres humanos contra os seus semelhantes na Ucrânia!O título deste artigo evoca uma afirmação do papa João Paulo II, aquando do tsunami que, em 2004, ceifou a vida a centenas de milhares de pessoas, em vários países banhados pelo oceano Índico. Face às proporções dantescas dessa hecatombe, o papa lançou um desafio para que a solidariedade da comunidade internacional e da própria Igreja se globalizasse rapidamente.
Creio que um apelo similar se poderia aplicar ao drama que enfrentam Turquia e Síria, atingidos pelo violento tremor de terra, que provocou um elevadíssimo número de vítimas, que continua a subir, e efeitos devastadores, ainda impossíveis de quantificar.
As consequências foram mais graves na Turquia, um país que, contudo, possui maiores capacidades de resposta. Quanto à Síria, os recursos são exíguos e, além do mais, a guerra civil provocou centenas de milhares de mortos, milhões de deslocados internos e um sem número de refugiados.
Estamos, pois, perante um cenário que nos desafia a não permanecer na insensibilidade e no comodismo, mas, a manifestar uma solidariedade operativa.
A lista de países onde o sofrimento marca o dia a dia de milhões de pessoas é, porém, enorme e, para não recuar muito no tempo, lembro a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, recentemente visitados pelo papa Francisco, e que mereceram durante alguns dias apenas a atenção da opinião pública. Nestes países o cortejo de horrores é tremendo: fome, guerra, cobiça e destruição de recursos, violações, etc.
Pouco se fala deles, e de tantos outros que (já) não são notícia.
Como diz o adágio: “Good news, no news”. Era bom que assim não fosse, e que o ser humano não despertasse apenas para as “bad news”. Afinal, há, e poderá, haver muitas “good news”, se nós quisermos. Basta agir!
Manuel António Guerreiro do Rosário, Padre
