sábado, 25 de fevereiro de 2012

Actividades religiosas e culturais da paróquia no MEO


O objectivo da página da paróquia é levar a informação mais longe.

No entanto temos a consciência que muitos cidadãos, principalmente os mais idosos, não acedem à Internet.

Procurando colmatar essa falha, as reportagens das actividades religiosas e culturais passaram a estar disponíveis num canal do MEO, o 446864.

Como aceder? Os clientes MEO ADSL e/ou MEO Fibra, devem clicar no botão VERDE do comando e introduzir o número do canal 446864.

Para já estão disponíveis apenas algumas imagens do Concerto de Natal de 2008, mas a breve prazo todas as imagens disponíveis de actividades da paróquia estarão disponíveis neste canal.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quarta-feira de Cinzas


Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2012


«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes tealogais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 3 de Novembro de 2011
BENEDICTUS PP XVI

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Beja: Morreu D. Manuel Falcão, bispo emérito

Beja, 21 Fev 2012 (Ecclesia) – O bispo emérito de Beja, D. Manuel Falcão, faleceu esta noite aos 89 anos de idade, na Casa Episcopal, informa a Diocese, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

“Com sentimentos de amizade e solidariedade cristã comunico que na noite de 20 para 21 de Fevereiro adormeceu no Senhor, na Casa Episcopal de Beja, na sua cama, o nosso querido D. Manuel Franco de Oliveira Falcão”, indica o actual bispo diocesano, D. António Vitalino.

O corpo do falecido prelado vai ser velado na Sé de Beja; às 18h30 haverá celebração da missa e às 21h00 missa com o Ofício de Leituras.

Esta quarta-feira, pelas 10h30, vão decorrer as exéquias Catedral, seguindo-se o cortejo para o cemitério de Beja, onde será depositada a urna no jazigo dos bispos da diocese.

D. Manuel Franco da Costa de Oliveira Falcão nasceu a 10 de Novembro de 1922 em Lisboa; após a conclusão do curso de Engenharia, entrou no seminário, em 1945, e foi ordenado padre pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

O novo sacerdote viria a distinguir-se pela promoção dos estudos de sociografia religiosa, a criação e lançamento do Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado, a criação do Secretariado de Informação Religiosa e a publicação do ‘Boletim de Informação Pastoral’ (1959-1970), seguida do ‘ Boletim Diocesano de Pastoral’ do Partriarcado (1968-1975).

O então padre Manuel Falcão procedeu ao primeiro recenseamento da prática dominical no Patriarcado (1955) e fez, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa e o Estado, o estudo do redimensionamento paroquial da Cidade (1959); mais tarde, já a viver em Beja, promoveu a realização e o apuramento do I Recenseamento da Prática Dominical em todas as dioceses de Portugal (1977).

Por Bula de Paulo VI datada de 6 de Dezembro de 1966, foi eleito bispo titular de Telepte e auxiliar do cardeal-patriarca, com a ordenação episcopal a ter lugar a 22 de Janeiro de 1967.

A 24 de Outubro de 1974, pouco depois da Revolução de Abril, foi nomeado coadjutor por Paulo VI, com direito de sucessão do arcebispo-bispo de Beja, D. Manuel dos Santos Rocha, chegando à Diocese em Janeiro de 1975.

Aquando da resignação de D. Manuel dos Santos Rocha, por limite de idade, a 8 de Setembro de 1980, D. Manuel Falcão passou a bispo diocesano, com entrada solene a 1 de Outubro.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, pelo 40.º aniversário da sua ordenação episcopal, o prelado falou dos 19 anos à frente da diocese alentejana, sublinhando o “bom entendimento” com as autarquias comunistas e da “tentativa de evangelizar o Alentejo através das missões populares”.

O falecido bispo criou em 1984 o Departamento do Património Histórico e Artístico e, segundo sublinha a nota biográfica hoje publicada pela Igreja Católica em Beja, “consolidou as bases financeiras da Diocese”.

D. Manuel Falcão resignou a 25 de Janeiro de 1999, ficando como Administrador Apostólico da Diocese até à tomada de posse de seu sucessor D. António Vitalino Fernandes Dantas, no dia 11 de Abril.

O prelado decidiu continuar a viver em Beja, onde escreveu até à sua morte, no semanário diocesano ‘Notícias de Beja’.

Foi ainda autor da ‘Enciclopédia Católica Popular’, editada pelas Paulinas e disponível no portal da ECCLESIA (www.ecclesia.pt/catolicopedia).

OC

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Centralidade do HOMEM

Há cinquenta anos um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II, a Constituição Gaudium et Spes (GS), sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo, afirmou lapidarmente no seu nº 1: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração."

Esta afirmação é o sinal claro, a linha orientadora que a Igreja, e os cristãos enquanto pessoas, sempre devemos seguir, ou seja, a defesa intransigente do ser humano, da sua dignidade e dos seus direitos. Na verdade, apesar do Cristianismo não se reduzir a um Humanismo, deve sê-lo por exigência fundacional, embora um humanismo aberto ao transcendente. É esta a mensagem nuclear de Jesus no Evangelho e, por isso, deverá ser sempre o caminho a seguir pelos seus discípulos.

Parafraseando o Papa Bento XVI aquando da sua última visita à Alemanha, que afirmou que "onde há Deus há futuro", penso ser justo dizer que, onde o ser humano for defendido e os seus direitos garantidos, há futuro... Não esqueçamos como os atropelos feitos à vida de tantos seres humanos, vítimas de ideologias anti-humanistas, no nosso vizinho século XX, geraram milhões e milhões de vítimas e lacinaram o mundo, deixando nele marcas profundas que prevalecerão e nos devem indicar um caminho a não prosseguir nunca mais.

Os tempos que vivemos actualmente são diferentes, mas marcados também por grandes contradições: por um lado, há cada vez mais capacidade de proteger o ser humano, cuidar da sua saúde, prolongar a sua vida, criar condições para que viva com mais dignidade, denunciando os atropelos à mesma; por outro, são cada vez mais refinados e persistentes os atentados à sua vida e direitos, às vezes disfarçados sob a capa de democracia, outras vezes ainda, é mais prosaica e grosseira a manipulação da vida humana e os consequentes atentados contra a mesma. Necessitamos de estar atentos, os cristãos e todos aqueles que fazem do ser humano a sua causa existencial. Se é verdade que os cristãos cometeram erros, pecados contra a vida humana, é justo que esses factores sejam denunciados e chamados pelos seus nomes. Não é por acaso que durante o Jubileu do Ano 2000 o Papa João Paulo II, por várias vezes, pediu perdão pelos pecados dos cristãos e da Igreja ao longo dos séculos, atitude não compreendida por muitos, mesmo dentro da Igreja. O reconhecimento dos pecados, a reparação, e a mudança de vida são atitudes que devem caracterizar o ser cristão, pois só a verdade liberta.

Já não são aceitáveis, porém, as críticas fruto da mentira, da manipulação, da demagogia, ou dos projectos de grupos de pressão incomodados com a Igreja, para quem o vale tudo é norma e prática habitual. Os fins não justificam os meios, diz este princípio clássico, mas sempre actual e válido. Apesar de não ser um exclusivo nosso, devemos procurar vivê-lo e propô-lo como referência obrigatória para qualquer pessoa que procure viver com rectidão, a começar por aqueles que têm mais responsabilidades nos diversos âmbitos da vida da Sociedade e da Igreja, naturalmente.

Porque estamos no início de um novo ano, porque não aproveitamos para fazer um exame de consciência da nossa vida, reconhecendo as nossas culpas, e invertendo o rumo daquilo que em nós está errado? Certamente muita coisa mudaria, para melhor! Ano Novo, Vida nova.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 238, 10 de Fevereiro de 2012

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Paroquiano instituído Acólito

Luiz Miguel Fernandes, um jovem paroquiano de Grândola, aluno do Instituto Superior de Teologia de Évora e do Seminário Diocesano de Nossa Senhora de Fátima em Beja, foi instituído Acólito, em cerimónia presidida por D. António Vitalino, Bispo da Diocese de Beja.