quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Visitantes do Museu de Arte Sacra de Grândola


Inaugurado em Agosto de 2011 o Museu de Arte Sacra de Grândola tem registado ao longo dos anos um número contínuo de visitas:

Agosto de 2011 (inauguração) a Agosto de 2012 – 5.591 visitantes

Agosto de 2012 a Agosto de 2013 – 4.721 visitantes

Agosto de 2013 a Agosto de 2014 – 3.758 visitantes

Agosto de 2014 a Agosto de 2015 – 4.018 visitantes

Agosto de 2015 a Agosto de 2016 – 3.391 visitantes

TOTAL – 21.479 visitantes


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Religião e Humanismo


O fundamentalismo, venha ele donde vier, é um dos grandes perigos dos tempos modernos, porque facilmente e sem escrúpulos, subverte prioridades, secundarizando o essencial e sobrevalorizando o acessório; e o essencial são as pessoas: é o HOMEM.

Qualquer cristão que procure imitar Cristo perceberá que, para Ele, as pessoas, sobretudo os mais fragilizados e pobres, foram sempre a Sua prioridade; e, por isso, em sua defesa se comprometeu, ultrapassando preconceitos e preceitos humanos, pretensamente religiosos, na linha do que já antes haviam feito os grandes Profetas do Antigo Testamento. Estes, recorde-se, conscientes da sua missão de consciência crítica no meio do Povo de Israel, não se cansavam de criticar e condenar a religião pseudo-transcendente, que abandonando os caminhos da justiça e da misericórdia, se fixava em rituais superficiais e desumanizadores.

O Cristianismo, pois, para ser fiel a Cristo, deve ser um verdadeiro humanismo, aberto à transcendência (dirá o Papa Bento XVI) ou não será Cristianismo. Quem quiser conhecer Cristo e seguir o caminho que Ele nos propõe, de verdade, não tem alternativa ao humanismo, ao amor e serviço ao próximo, pois o amor a Deus confirma-se, prova-se no amor ao irmão. S. Tiago e S. João são concordes em afirmar isto mesmo ao dizerem que uma fé autêntica se vive e manifesta na complementaridade entre o amor a Deus e o amor ao próximo.

Este apelo é acolhido e vivido, sem margem para dúvidas, de forma extraordinária e desassombrada pelo nosso Papa Francisco, que constantemente nos incomoda e interpela, desafiando-nos a prosseguir, sem hesitação nem temor, por este caminho, que é afinal o caminho das obras de misericórdia.

Neste Ano Jubilar da Misericórdia, correndo o risco de repetir o que outros já disseram, não resisto em lembrar aos nossos leitores quais são as Obras de Misericórdia, este rico património secular, belo e desafiante programa de vida, que a Igreja propõe a quem quer dar sentido e conteúdo à sua existência, mesmo não sendo cristão ou católico. Qualquer homem ou mulher de "boa vontade" compreenderá a sua verdade, grandeza e beleza:

Obras de Misericórdia Corporais
1 - Dar de comer a quem tem fome;
2 - Dar de beber a quem tem sede;
3 - Vestir os nus;
4 - Visitar os doentes;
5 - Visitar os presos;
6 - Acolher os peregrinos;
7 - Enterrar os mortos.

Obras de Misericórdia Espirituais
1 – Dar bom conselho;
2 - Corrigir os que erram;
3 - Ensinar os ignorantes;
4 - Suportar com paciência as fraquezas do próximo;
5 - Consolar os aflitos;
6 - Perdoar os que nos ofenderam;
7 - Rezar pelos vivos e pelos mortos.

Há tanto bem a fazer e tanta gente carente, lá longe ou ao nosso lado; basta querer e agir!


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 292, 12 de Agosto de 2016





segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Em nome de Deus! Mas que Deus?


ão entendo e estou em profundo desacordo com uma certa retórica que coloca Deus quase exclusivamente como juiz, como polícia, que vigia, que pune, que faz sofrer o Homem.

Esta postura pode ter origem em diferentes âmbitos religiosos ou filosóficos, mesmo no Cristianismo, o que considero ser um erro colossal, e o resultado, quiçá, de um sincretismo, que projeta sentimentos e atitudes humanas em Deus, uma espécie de teomorfismo, que não tem qualquer suporte no Evangelho.

Como cristão acredito, com S. Paulo, que Jesus “é a imagem visível de Deus invisível” e, por isso, ao olhar para Ele e para a sua mensagem, descubro com admiração e encanto a magnanimidade de um autêntico e extraordinário humanismo, aberto à transcendência, e que pretende preencher e dar sentido à vida do Homem, este ser criado à imagem e semelhança de Deus, dirá o Livro dos Génesis, e desafiado em Cristo a tornar-se filho de Deus, dirá S. Paulo.

Jesus revela-nos e eu vou descobrindo este Deus Pai, que ama, que admoesta por amor, e que está sempre disposto a acolher aqueles que se afastam do redil, porque o seu amor é infinitamente misericordioso e o seu perdão um permanente Hoje, com efeitos retroativos.

Este Deus é incompatível com o mal, embora nem sempre seja fácil responder a todas as situações com que nos deparamos no nosso quotidiano; só sei e acredito e tenho disso a experiência, que Ele não se pode divertir fazendo-nos sofrer. Não, esse não é o Deus que Jesus veio revelar. Mas haverá outro Deus para além deste? Não creio, embora respeite, obviamente, quem pensa de forma diferente.

Neste Ano da Misericórdia, é deste Deus que nós, cristãos, somos chamados a dar testemunho, para que, quem quiser fazer a experiência, comprove como isto é verdade, e como o Seu amor pode transformar quem O encontra ou se deixa encontrar por Ele. Se não somos capazes de o transmitir a culpa é nossa, não d´Ele, e, por isso, mudemos!

Como diria o Papa João Paulo II: não tenham medo!


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1788, 29 de Julho de 2016


Dia de São Pedro em Melides



Dia 29 de Junho de 2016, celebrámos a Santa Missa e a Procissão do nosso Padroeiro, o S. Pedro. Obrigado a todos quantos colaboraram connosco e que vieram participar na Celebração da Missa e da Procissão unindo-se a nós. Obrigado à Banda SMOF, pois, graças à sua preciosa ajuda quase tocámos o Céu! Graças a Deus foram momentos de grande profundidade e oração. Cantámos e louvámos o Senhor!



in Ecos de Grândola, nº 291, 08 de Julho de 2016


Portugal: Riquezas e Desafios, Breves Notas de Reflexão


Um observador menos atento ficará, decerto, estupefacto perante tantas e tão grandes riquezas e potencialidades do nosso país, apesar das suas pequenas dimensões territoriais. Pensemos, por exemplo, no clima, na gastronomia, na música, no património, para citar apenas alguns sectores.

O reconhecimento das nossas potencialidades, porém, não nos deve iludir, ao ponto de nos considerarmos os melhores, ostentando um exagerado orgulho, que, por não ser realista, nos não leva a lado nenhum, a não ser a desilusões. Se olharmos, por exemplo, para a nossa secular história, não podemos cair na ilusão da grandeza do passado, quando "demos novos mundos ao Mundo", permanecendo acorrentados a ele e inadaptados a um Mundo em constante devir. Por outro lado, a falta de memória e o nivelamento “por baixo", reduzindo-nos à banalidade e superficialidade, também não me parece uma opção correcta.

Em linguagem cristã eu diria que nos faz falta uma dose razoável de humildade, que mais não é do que a verdade, pois nos ajuda a perceber as coisas boas e extraordinárias que possuímos, mas, ao mesmo tempo, não cria falsas ilusões daquilo que não somos. Há, pois, palavras que necessitamos de cultivar mais e de as transformar em projectos realistas: criatividade, inovação, honestidade, perseverança, competência, sacrifício.

Há, contudo, muito a fazer em diversos sectores que têm sido uma espécie de "parente pobre" das nossas políticas, independentemente dos Governos e da sua cor partidária. Pensemos, por exemplo, nos portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo: não mereceriam muito mais apoio da mãe pátria? E o nosso património histórico e artístico, e a nossa língua, não nos dá a impressão de serem um capital pouco valorizado, quando poderiam ser um vector de afirmação nacional e de salutar orgulho?

E já agora, muitos dos nossos leitores saberão que nas comunidades portuguesas espalhadas por esse Mundo fora, uma das instituições de referência é a Igreja. Pergunto-­me, muitas vezes, até que ponto este facto é conhecido e valorizado pelos nossos políticos?

Um outro dado significativo tem a ver com a influência de Portugal no Mundo. Em muitas regiões do Globo onde fomos pioneiros, entre os traços característicos e distintivos da presença portuguesa, a fé cristã e católica ocupa um lugar incontornável. Por Roma, onde estudei durante vários anos, encontrei, para grande alegria minha, muitos e extraordinários exemplos de quanto acabo de afirmar, nomeadamente entre os povos do Continente Asiático. E a verdade é que em Itália cresci na alegria e no gosto de ser português, ao descobrir, no meio de muitos erros e lacunas, o génio, a audácia e o universalismo dos nossos antepassados. Há aqui, parece-me, um mar de potencialidades inexploradas, para além das questões económicas. Neste campo também me interrogo se as novas gerações conhecem suficientemente a nossa história e cultura humanista. Um dos perigos da globalização é, aliás, a perda das especificidades e identidades, embora seja evidente que fazemos todos parte desta "Aldeia Global".

A consciência do que fomos, creio ser essencial para vencermos as batalhas, naturalmente diversas, dos tempos que vivemos hoje, pois, quem não tem memória não tem futuro, ou mais facilmente será formatado por ideologias e projectos estranhos à portugalidade.

As vezes apetece-me dizer como o Maestro Lopes Graça: Acordai!!


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 291, 08 de Julho de 2016