Creio não ser necessário
completar esta frase, sobejamente conhecida e aplicável à práxis portuguesa,
numa variedade de situações.
Nós portugueses somos peritos
na arte de improvisar, o que é um valor, mas, em tantas ocasiões, falta-nos a
capacidade de programar, a médio e a longo prazo e, frequentemente, só tomamos
decisões sob pressão, só reagimos depois das catástrofes, e nem sempre
aprendemos, pois voltamos depois a cometer os mesmos erros, como se fôssemos
acometidos de uma espécie de amnésia. Por outro lado, quando nos aplicamos a
encontrar soluções, alternativas, respostas, somos tão ou mais capazes do que
os outros.
Não é fácil, nem é meu
objectivo, encontrar a “poção milagrosa” que ajude a mudar de paradigma, mas
talvez nos faça bem começar a cultivar a virtude da perseverança, a semear a da
programação, a não cair na tentação do imediatismo, a não optar sempre pelo
“mais barato”, a não seguir o “chico- espertismo” de querer ludibriar o
“sistema”.
Os sucessos que, em variadíssimas
áreas, têm vindo a marcar o quotidiano da nossa portugalidade, são sinal de uma
certa genialidade, que necessita, contudo, de ser mais estruturada, de acreditar
mais em si e nas suas capacidades, evitando os excessos dos dois Bs (best..e
bes), porque os extremos tocam-se. Associar um certo toque de genialidade a
muito trabalho, esforço e abnegação, de que somos capazes, pode ajudar a
inverter um certo “círculo vicioso”, que quase parece ser o “nosso fado”.
Faz-nos ainda falta, uma boa dose de positividade (realista) e de iniciativa,
que nos catapultem, nos retirem do torpor, e nos comprometam na mudança.
Como português, com muito
orgulho, aprendi a gostar ainda mais de ser luso, nos três anos que vivi em
Itália, e acredito que é possível inverter um certo modo de ser português,
porque, como diz a canção: “sempre foi
assim, dizem sempre que foi assim, sempre foi assim, mas pode ser diferente”.
Falo agora como cristão,
que acredita que a fé também dá à nossa vida um contributo de esperança e de confiança,
e nos torna mais resilientes diante das dificuldades, pois, como dizia o
Filósofo Soren Kierkegaard: “para os
cristãos todas as derrotas se podem tornar vitórias”. Acredito ainda que a
fé nos ajuda a tomar consciência das nossas limitações, mas também das nossas
forças e potencialidades, e faz-nos descobrir o quanto Deus pode fazer em nós e
por nós, e aquilo que nós animados pela fé e pela esperança, somos capazes de
fazer, se não nos fecharmos na ilusão da auto-suficiência, ou no pessimismo e
no complexo de inferioridade, que anestesiam e fragilizam.