Conclusões/Inquietações
Os Sacerdotes das Dioceses de Évora, Beja e Algarve, com os seus Bispos, reunidos no Hotel Vila Galé, Clube de Campo, em Santa Vitória, nas Jornadas de Actualização do Clero, promovidas pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, nos dias 23 a 26 de Janeiro de 2012, subordinadas ao Tema: Doutrina Social da Igreja, perspectivas actuais, partilham as seguintes inquietações:
1. Começámos por olhar para a nossa realidade e para os grandes problemas que Portugal enfrenta: o deficit orçamental público, a dívida externa pública e privada e o desequilíbrio na balança comercial. As respostas que estão a ser dadas, e que derivam da conjuntura externa e interna, têm implicações éticas que colidem muitas vezes com alguns princípios da Doutrina Social da Igreja (DSI), uma doutrina ausente ou muito diluída até na nossa própria actividade pastoral. Sentimos, por isso, a necessidade de recordar e actualizar os seus princípios fundamentais.
2. A defesa e promoção destes princípios, a saber, dignidade da pessoa humana, bem comum, solidariedade e subsidiariedade, permitirão à Igreja cumprir com mais eficácia a sua missão evangelizadora e ao mesmo tempo e contribuir para ajudar a tornar o nosso mundo uma casa mais habitável. Nesta perspectiva, a DSI é um serviço da Igreja à humanidade e não um jogo de poder.
3. O trabalho, chave essencial da questão social, permite ao homem expressar a sua dignidade e afirmar a sua identidade, realizando-se como pessoa. Na visão cristã não pode ser entendido na lógica apenas da eficácia, mas sim do dom, aberto à transcendência.
4. A Encíclica Caritas in Veritate afirma a necessidade de voltar a unir eficácia e solidariedade, bens materiais e relação entre as pessoas, capital económico e capital social. O grande desafio é integrar harmoniosamente competência e cooperação num sistema económico que seja, ao mesmo tempo, justo e eficaz, que favoreça a criatividade, mas não nos faça esquecer que somos irmãos.
5. A Igreja não propõe soluções técnicas para os problemas que afectam o homem e o nosso mundo, Contudo, como é “perita em humanidade” ela pode ajudar à mundialização da ética e à humanização das nossas sociedades e estruturas. É neste contexto que se enquadram questões como o bem comum mundial, a justiça global e a solidariedade. Será desejável, para o efeito, a existência de uma autoridade mundial com legitimidade para propor e garantir a aplicação de um direito mundial, ao qual deve estar subjacente também uma ética mundial.
6. A Doutrina Social da Igreja, enquanto discurso da fé sobre o social, deve ser incorporada na Teologia e na vida da Igreja, seguindo uma epistemologia interdisciplinar e uma metodologia indutiva e dedutiva, na medida em que o cristão é simultaneamente cidadão das duas cidades, “a terrena e a celeste”.
7. Olhando para o mundo e para o país em que vivemos, forçoso é assumir com realismo a crise nas suas diversas manifestações. A sua superação exige diálogo, responsabilidade e compromisso de todas as forças vivas da sociedade.
8. À Igreja é pedido que seja ousada no anúncio da sua mensagem, voz de esperança que vença o pessimismo reinante e entorpecedor, humilde no serviço desinteressado ao homem, sobretudo ao mais pobre e fragilizado.
Dia 26
08h00 - Laudes.
09h30 - Painel “A DSI e a sua actualidade e utilidade na ação pastoral da Igreja”, por Henrique Sim Sim, José Quirino e Domingos Monteiro da Costa, sj.
LFS
Formação: Clero do Sul do país reflecte sobre as perspectivas actuais da Doutrina Social da Igreja
Évora, 23 Jan 2012 (Ecclesia) - O Instituto Superior de Teologia de Évora organiza a actualização do clero da Província Eclesiástica do Sul (Dioceses de Évora, Beja e Algarve) que tem como tema «Doutrina Social da Igreja: perspectivas actuais».
As jornadas decorrem entre hoje e quinta-feira, na cidade de Beja, refere o site da diocese de Évora.
Programa
Dia 23
14h30 - Recepção dos participantes.
15h30 - Sessão de abertura.
16h - Conferência sobre “Olhares sobre a realidade portuguesa e a responsabilidade social (1.ª parte)”, por Rogério Roque Amaro.
17h30 - Rogério Roque Amaro dará seguimento à conferência iniciada às 16h, à qual se seguirá um diálogo com o conferencista.
19h30 - vésperas.
Dia 24
08h30 - Laudes.
09h30 - Conferência sobre “Doutrina Social da Igreja I”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
11h30 - “Doutrina Social da Igreja II”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
15h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja III”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
17h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja IV”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal seguida de debate com os oradores.
19h00 - Vésperas e Eucaristia.
Dia 25
08h30 - Laudes.
09h30 - Conferência “Doutrina Social da Igreja V”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
11h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja VI”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
15h00 - Conferência “Razão e ciências sociais e humana na DSI”, por Hermínio Rico, SJ. 17h30 - Painel sobre “Olhares sobre a DSI e a realidade portuguesa” por José Roquette e João Proença.
19h00 - Vésperas e Eucaristia.
Dia 23
14h30 - Recepção dos participantes.
15h30 - Sessão de abertura.
16h - Conferência sobre “Olhares sobre a realidade portuguesa e a responsabilidade social (1.ª parte)”, por Rogério Roque Amaro.
17h30 - Rogério Roque Amaro dará seguimento à conferência iniciada às 16h, à qual se seguirá um diálogo com o conferencista.
19h30 - vésperas.
Dia 24
08h30 - Laudes.
09h30 - Conferência sobre “Doutrina Social da Igreja I”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
11h30 - “Doutrina Social da Igreja II”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
15h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja III”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
17h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja IV”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal seguida de debate com os oradores.
19h00 - Vésperas e Eucaristia.
Dia 25
08h30 - Laudes.
09h30 - Conferência “Doutrina Social da Igreja V”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
11h00 - Conferência “Doutrina Social da Igreja VI”, por Martín Carbajo Núñez, OFM, e Marciano Vidal.
15h00 - Conferência “Razão e ciências sociais e humana na DSI”, por Hermínio Rico, SJ. 17h30 - Painel sobre “Olhares sobre a DSI e a realidade portuguesa” por José Roquette e João Proença.
19h00 - Vésperas e Eucaristia.
Dia 26
08h00 - Laudes.
09h30 - Painel “A DSI e a sua actualidade e utilidade na ação pastoral da Igreja”, por Henrique Sim Sim, José Quirino e Domingos Monteiro da Costa, sj.
LFS
Solidariedade: Dirigentes de instituições católicas e padres antigos precisam de saber mais de Doutrina Social da Igreja
Intervenção para os mais carenciados tem de ser «repensada e refletida», diz arcebispo de Évora
Beja, 26 Jan 2012 (Ecclesia) – Alguns responsáveis de instituições de solidariedade católicas e os padres antigos precisam de saber mais sobre a Doutrina Social da Igreja, consideram os bispos de Évora e do Algarve.
“Sentimos por parte dos funcionários que trabalham connosco, e por vezes daqueles que estão à frente das instituições [sociais], que existe um certo défice na preparação e aprofundamento dos princípios básicos subjacentes à actividade que desenvolvemos”, afirmou à ECCLESIA o arcebispo eborense, D. José Alves.
As declarações do responsável foram feitas durante a acção de formação do clero da Província eclesiástica do Sul (arquidiocese de Évora e dioceses de Beja e Algarve), que reflecte até hoje sobre a ‘Doutrina Social da Igreja: perspectivas actuais’.
Os temas apresentados no encontro que decorre desde segunda-feira em Beja corresponderam às expectativas dos bispos, padres e diáconos, respondendo a “uma falha existente sobretudo naqueles que se formaram em Teologia há mais tempo”, declarou o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.
Para o arcebispo de Évora a doutrina da Igreja “precisa de ser repensada e reflectida por parte dos que estão mais directamente empenhados na acção social, neste caso os sacerdotes, porque são eles que têm a responsabilidade de formar o Povo de Deus e pôr em movimento aqueles princípios”.
“É bom que o clero, que deve estar próximo do povo e do país, aprofunde as suas ideias e aponte algumas saídas, sabendo que muitos problemas se resolvem com a união das forças”, apontou por seu lado o bispo de Beja, D. António Vitalino.
A Igreja, observou D. José Alves, “tem uma acção sociocaritativa que não pode de forma alguma secundarizar”, como se comprova pelas “dezenas de instituições” católicas existentes nas dioceses da Província do Sul.
O “grande desejo” do clero, acrescentou, é “melhorar a resposta aos múltiplos problemas” com que as instituições de solidariedade católicas são confrontadas, embora estas não disponham dos “meios necessários” para responder a todos.
O bispo de Beja espera que a actualização contribua para “unir as sinergias eclesiásticas” ao nível das orientações pastorais e da relação entre o clero: “Esperamos sair desta formação com mais unidade de acção e de princípios, e sobretudo mais amigos” porque “uma diocese tem de funcionar como uma família”.
PTE/RJM
“Sentimos por parte dos funcionários que trabalham connosco, e por vezes daqueles que estão à frente das instituições [sociais], que existe um certo défice na preparação e aprofundamento dos princípios básicos subjacentes à actividade que desenvolvemos”, afirmou à ECCLESIA o arcebispo eborense, D. José Alves.
As declarações do responsável foram feitas durante a acção de formação do clero da Província eclesiástica do Sul (arquidiocese de Évora e dioceses de Beja e Algarve), que reflecte até hoje sobre a ‘Doutrina Social da Igreja: perspectivas actuais’.
Os temas apresentados no encontro que decorre desde segunda-feira em Beja corresponderam às expectativas dos bispos, padres e diáconos, respondendo a “uma falha existente sobretudo naqueles que se formaram em Teologia há mais tempo”, declarou o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.
Para o arcebispo de Évora a doutrina da Igreja “precisa de ser repensada e reflectida por parte dos que estão mais directamente empenhados na acção social, neste caso os sacerdotes, porque são eles que têm a responsabilidade de formar o Povo de Deus e pôr em movimento aqueles princípios”.
“É bom que o clero, que deve estar próximo do povo e do país, aprofunde as suas ideias e aponte algumas saídas, sabendo que muitos problemas se resolvem com a união das forças”, apontou por seu lado o bispo de Beja, D. António Vitalino.
A Igreja, observou D. José Alves, “tem uma acção sociocaritativa que não pode de forma alguma secundarizar”, como se comprova pelas “dezenas de instituições” católicas existentes nas dioceses da Província do Sul.
O “grande desejo” do clero, acrescentou, é “melhorar a resposta aos múltiplos problemas” com que as instituições de solidariedade católicas são confrontadas, embora estas não disponham dos “meios necessários” para responder a todos.
O bispo de Beja espera que a actualização contribua para “unir as sinergias eclesiásticas” ao nível das orientações pastorais e da relação entre o clero: “Esperamos sair desta formação com mais unidade de acção e de princípios, e sobretudo mais amigos” porque “uma diocese tem de funcionar como uma família”.
PTE/RJM