Dir-me-ão que estes gestos são uma gota de água num oceano e talvez seja verdade, mas também não é menos verdade que, muitas gotas, multiplicadas, poderão dar origem a um pequeno riacho donde pode brotar vida nova. Quantas vezes, simples pessoas e pequenos gestos inverteram o curso da história?
Não posso, por isso, concordar com os pessimistas, que afirmam termos entrado numa espiral de egoísmo e individualismo incontroláveis, pelo que, não há razões para a esperança. Também não posso alinhar no diapasão daqueles que continuam a insistir no EU, no consumo, na diversão, no culto dos bens materiais, como a única realidade que nos preenche e para os quais vale a pena viver.
Como homem e como cristão costumo repetir para mim próprio, antes de mais, a afirmação de S. Francisco de Assis: “É dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado.” O egoísmo não traz verdadeira felicidade, nem os bens materiais, por mais importantes e necessários que sejam, bastam para preencher o coração humano e dar resposta às inquietações mais profundas que nele habitam e que anseiam por respostas.
Não duvido que será esse o resultado da experiência que centenas de jovens portugueses farão neste verão e que, decerto, os tornará pessoas diferentes, melhores, mais sensíveis ao próximo, mais conscientes da importância do serviço autêntico e genuinamente voluntário e desinteressado. Para os povos visitados, esta missão é um sinal de esperança, semente dum amanhã melhor, de um futuro mais risonho.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1683, 25 de Julho de 2014