É confrangedor, ao percorrer as estradas do nosso País, encalhar nos efeitos
dos incêndios que pululam de
Norte a Sul e deixam uma marca de tristeza, de negro, de horror, nas belas paisagens
deste "Jardim à beira-mar
plantado". Muitas vezes dou comigo a perguntar: mas porquê? Porque
seremos um dos mais martirizados países, comparativamente com a Espanha ou com
os demais países da
União Europeia?

Não
me sinto preparado para dar respostas,
mas pretendo, tão
só,
deixar
algumas
perguntas, daquelas
que me incomodam e que neste período
faço com mais pertinência e insistência.
Também me preocupa que se fale tanto do tema neste
período e depois, a maior parte do ano, reine o silêncio e o esquecimento, ou o oportunismo e as estratégias político-partidárias.
Pelos mesmos motivos, não concordo que se torne esta questão
uma arma de arremesso político, porque nesta como
noutras questões, é imperioso um acordo transversal e uma programação que não
se esgote numa Legislatura. É preciso pensar
mais longe e
mais alto e acautelar o futuro já hoje, enquanto
ainda podamos decidir e inverter processos, pois esta é uma das possibilidades que os meios ao nosso dispor
nos permitem. É evidente que os incêndios
destroem, às vezes de forma irremediável, um património extraordinário, pois, a
quantidade de hectares ardidos todos os anos ameaça, de facto, alterar
a face do nosso Portugal, sendo
imprevisíveis as suas consequências a vários
níveis. É claro que os incêndios
acabam por ter consequências nas alterações climatéricas, de que tanto se fala nos nossos
dias.
Há
quem defenda que, perante a realidade dos incêndios, seria de repensar, disciplinar, restruturar a floresta no nosso País. Não me manifesto, pois considero-me um leigo nestas questões. O que me parece evidente, é que nada deveria
ficar na mesma, sendo, antes necessário daí retirar lições
e consequências para o
futuro.
Existe um ditado que todos conhecemos e que deveríamos prevenir-nos, para que ele não se tornasse realidade: "depois
de casa arrombada, trancas na porta'. O povo tem muitas
vezes razão na sua sabedoria secular e comprovada
na realidade.
Nestas linhas segue também uma mensagem
de solidariedade para com os nossos Bombeiros e para com todos aqueles que, com o risco da própria vida e
segurança, combatem, antes,
durante
e depois; os incêndios.
Como cristão,
dou graças a Deus por vós e peço-Lhe que vos proteja.
in Ecos de Grândola, nº 327, 12 de Julho de 2019