“A verdade não se impõe de outro modo, senão pela sua própria força”.
Esta mensagem não é fácil de aceitar, especialmente nos tempos que correm, nos quais, o exacerbar do subjetivismo, colocou a tónica no sujeito e na sua consciência, omitindo ou desvalorizando a objetividade. Com efeito, corre-se o risco de se deixar de falar em verdade, para reduzir tudo à minha verdade, que consiste naquilo que eu penso, afirmo e argumento, com os meios que tiver ao meu dispor. O eu torna-se, assim, o único critério para aferir a verdade e a mentira, o certo e o errado.
Já o afirmei anteriormente: a subjetividade é valor inquestionável; o subjetivismo um pântano, onde tudo cabe! Até a mentira, mascarada de verdade, adquire foros de cidadania. E que dizer, quando se retira uma frase do contexto, ou quando se altera a pontuação? O seu sentido pode ser completamente adulterado.
E mais não digo, porque os exemplos não cessariam. Já não entro sequer nas questões de caráter patológico, que exigem um conhecimento e acompanhamento específicos.
A ausência de referências objetivas, que funcionem como critérios orientadores, pode mesmo fazer perigar a nossa convivência enquanto sociedade, questionando aquilo a que se convencionou chamar “os mínimos éticos”.
Na nossa formação pessoal, deveria, por isso, estar incluída a educação para o respeito do outro, para a fidelidade, para o sentido crítico, para o discernimento, pois, só assumindo o erro (e errar é humano), se pode mudar.
Às vezes tenho saudades do tempo em que a palavra bastava para selar e garantir um compromisso, mesmo sem nada escrito, nem testemunhas. Apesar de tudo, continuo a acreditar na sabedoria daquele adágio popular: “A verdade é como o azeite; vem sempre ao de cima” (mesmo que tarde).