sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Uma “nova economia”


Papa Francisco, verdadeiro pastor das “periferias”, oriundo de um Continente marcado por profundas contradições e sofrimentos, mas também fértil em esperanças e desafios, não deixa de nos surpreender.

A atestá-lo o convite que dirigiu aos jovens de todo o Mundo para um evento em Assis, entre 26 e 28 de Março de 2020, intitulado: “Economy of Francesco”. Em virtude da pandemia, o encontro não teve o impacto desejado, mas concretizou-se agora, entre os dias 22 e 24 de Setembro.

Este projeto deveras ambicioso, contou com a participação de mais de mil jovens empresários e economistas, provenientes de 120 Países (Portugal incluído), que reflectiram sobre a possibilidade de uma “nova economia”, inspirada nos valores de S. Francisco de Assis.

O Pacto assinado pelos participantes é bem revelador da seriedade do projeto, o qual não é mera utopia, mas realidade já em construção. Nele se propõe uma Economia: de Paz, que recusa a proliferação das armas e se preocupa com a Criação; ao serviço da Pessoa, da Família e da Vida, e respeitosa sobretudo dos mais frágeis e vulneráveis; que privilegia o Cuidado e que não deixa ninguém para trás; que reconhece e protege o Trabalho digno e seguro para todos; onde as Finanças são amigas e aliadas da economia real e do trabalho; que valoriza e preserva as Culturas e as Tradições dos povos, todas as Espécies vivas e os Recursos Naturais da Terra; que combate as Misérias e reduz as Desigualdades; guiada por uma Ética da Pessoa e aberta à Transcendência; que cria Riqueza para todos, mas também gera Alegria, Bem-estar e Felicidade.

No discurso final o Papa propôs três fortes indicações: primeira, “olhar para o Mundo através dos olhos dos mais pobres”; segunda, que os jovens (estudantes, estudiosos e empresários) não esqueçam “o trabalho” e “os trabalhadores”; terceira, a “encarnação”, ou seja, que os “ideais”, os “desejos” e os “valores”, se transformem em “obras concretas”.

Mãos à obra juventude!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, 28 de Outubro de 2022