O papa Bento XVI convocou a Igreja para um “Ano da Fé”, a iniciar em 11 de Outubro deste ano, para assinalar os 50 anos da Abertura do Concílio Vaticano II, e os 20 anos da promulgação do Catecismo da Igreja Católica.
O Concílio é, sem dúvida, o mais importante acontecimento eclesial dos nossos tempos, pela renovação interna operada na Igreja e pelo estabelecimento de uma nova e construtiva relação entre Igreja e Mundo.
Vem esta introdução a propósito do Sínodo que, em boa hora, o bispo de Beja, D. António Vitalino Dantas, entendeu propor a toda a Igreja Diocesana.
À semelhança do Concílio, este Sínodo deve ajudar a Igreja de Beja a renovar-se internamente e, em simultâneo, a estabelecer uma nova e mais frutuosa relação com o Alentejo. Para tal, julgo que a Igreja de Beja, tal como aconteceu na Igreja Universal com o Vaticano II, se deve colocar na atitude humilde de quem também quer ouvir e aprender com a sociedade alentejana, acolhendo os desafios que ela lhe coloca.
Esta postura creio não ser fácil, mas julgo ser a mais verdadeira e eficaz, pois é grande a tentação, no Alentejo e em todo o Mundo, da Igreja se fechar sobre si própria, falar uma linguagem codificada, dirigida predominantemente aos “praticantes”, exercer uma pastoral de “manutenção” e não de “evangelização”, que não tenha em conta, como diria o papa João Paulo II, “o homem concreto, real, histórico”.
A missão da Igreja, à semelhança e continuidade com a acção de Jesus, não deve excluir ninguém, mesmo os aparentemente mais distantes. Há muita gente, apelidada pelo papa João XXIII de “pessoas de boa vontade”, que, pela verdade da existência que vivem e dos valores que incarnam, têm muito a dar e a receber da Igreja. Um dos maiores apóstolos, S. Paulo, antes de se converter perseguia cristãos.
Espero e desejo, por isso, que o Sínodo seja uma ocasião autêntica de renovação da Igreja de Beja, chamada a ser Sal e Luz neste Alentejo.
Padre Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, n.º 1575, 29 de Junho de 2012