sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A Lei e o Homem


Os escândalos que têm afectado pessoas com responsabilidade acrescida na sociedade portuguesa, e a resposta que tem sido dada, fez-me pensar na importância de não nos esquecermos que a lei deve estar ao serviço das pessoas, do bem comum da sociedade; mas deve também ter a capacidade de impor e punir quem não cumpre, sem distinção de classe, sexo, raça ou religião. Ninguém está acima da lei, seja quem for, e quanto maior for a responsabilidade, maior a obrigação de cumprir a lei, sob pena de se generalizar uma certa sensação de impunidade, de descrédito do Estado de Direito e das bases em que se apoia, dando assim origem a uma espécie de efeito "bola de neve”, de consequências imprevisíveis.

O Estado deve tratar de igual forma os cidadãos, mas também deve proporcionar as condições para se poderem defender, aqueles que não têm capacidade de o fazer por si próprios. Nas nossas sociedades, creio que merecem uma atenção e protecção especiais, entre muitos outros, as crianças e os idosos, e os exemplos disto mesmo entram-nos todos os dias em casa.

Ouvi há dias afirmar que as crianças em Portugal continuam a ser vítimas de muitas violências e discriminações. Não nos esqueçamos que elas serão os homens de amanhã, o futuro da sociedade, urge, por isso, pensar no tipo de protecção que garantimos a esta fase da vida humana, até porque, é já um lugar-comum dizer que Portugal tem uma população envelhecida, que faltam medidas concretas de apoio à natalidade e às famílias, e tal vez generosidade para acolher a vida.

Cada vida que nasce é um livro aberto, pronto a ser escrito ao longo da existência O destino não existe e o futuro é imprevisível! Por oposição, cada vida que não se deixa nascer é um projecto de capitulação, uma derrota. Penso até ser um contra-senso que os governos, até por razões puramente financeiras e de estabilidade das instituições, fomentem uma mentalidade que parece temer a vida, em vez de a acolherem, e apoiarem com esperança e desvelo. Quem sabe se a nossa geração não ficará na história por saber tanto sobre a vida humana, mas fazer tão pouco para a defender, nomeadamente a vida que não se pode defender?!

Por outro lado, todos os dias nos chegam também relatos de maus tratos, abandono, solidão, morte de idosos, descobertos depois de dias ou semanas de ausência do convívio normal. Devemos olhar de outra forma esta fase da vida, pois amanhã seremos nós a chegar lá e como diz o provérbio: - não faças aos outros o que não queres que te façam a ti'. Os lares e as instituições similares são muitas vezes a melhor solução, tendo em conta a situação real em que se encontram tantos idosos, mas é claro que estes não podem ser encarados como uma mera fonte de rendimento, como um peso, "uma coisa", tem de haver outros critérios mais humanos e fraternos, sob pena de continuarmos a consolidar as bases de uma sociedade pouco humana, fraterna e solidária.

Porque não gosto de ser pessimista nas análises que vou fazendo e transmitindo, creio que temos de encarar sempre o futuro com esperança, com confiança e com compromisso. Urge pôr as mãos à obra, porque o futuro e um futuro melhor, começa hoje e depende de cada um de nós.

Coragem. Vamos em frente!


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 272, 12 de Dezembro de 2014


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tempos de júbilo e de mudança


Diocese de Beja vive nestes dias uma intensa encruzilhada de senti- mentos que brotam da ordenação e consequente entrada na Diocese de Beja, como bispo coadjutor com direito a sucessão, de D. João Marcos. A sua chegada é motivo de expectativa confiante, de renovada alegria e de mudança, sentimentos que creio poderão mesmo ser partilhados por muitos daqueles que não se consideram católicos, ou pelo menos, católicos praticantes, mas olham para a Igreja com respeito e esperam dela orientações que os ajudem nas suas opções de vida. Por outro lado, a Igreja é convidada também a agradecer a Deus o dom do nosso bispo D. António Vitalino e do ministério que ele tem vindo a exercer entre nós.

Como tive ocasião de referir noutras ocasiões, acredito que, para além dos critérios humanos e das possíveis leituras a que eles se possam prestar, a Igreja é conduzida por Deus. É d´Ele que vem a sua razão de ser e a força que a renova e a faz reinventar-se e ressurgir de novo, cheia de vida e de pujança, depois de crises que, tantas vezes, a ameaçaram destruir, ou pelo menos, condenar a um lento descrédito e consequente agonia.

Sou um optimista-realista e, por isso, creio que a Igreja ainda tem muito a dar a este Alentejo e ao Mundo em que nos integra- mos, não como quem sabe tudo e se dirige aos homens partir da sua Cátedra, mas antes, pelo contrário, como quem, à maneira de Jesus, está entre os homens para servir e dar humildemente o seu contributo, para que esta terra seja mais humana e solidária, e todos, sem excepção, se sintam acolhidos, queridos, filhos e irmãos, nesta Casa Comum, que é possível ser melhor.

Creio que o nosso futuro Bispo, D. João Marcos, nos poderá ajudar a fazer este caminho com redobrado entusiasmo, e também creio que as planuras do Alentejo e os sinais de revitalização e transformação desta terra transtagana, o inspirarão a pintar com cores mais belas e desafiadoras um destino comum a que Deus nos ligou.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1702, 05 de Dezembro de 2014


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Inauguração dos altares restaurados


Durante quatro meses decorreu na Igreja Matriz de Grândola a obra de restauro de quatro altares centenários.

No próximo dia 05 de Dezembro, sexta-feira, pelas 21 horas, decorrerá a inauguração dos altares restaurados, momento esse que contará com uma animação musical executada pelo Quarteto Barroco do Litoral Alentejano.



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Propósito do Sínodo sobre a Família


Segui com alguma atenção o último Sínodo sobre a Família, que decorreu no Vaticano no mês de Outubro e gostaria de salientar algumas notas que não foram, na minha opinião, devidamente tidas em conta por muitos dos que sobre ele escreveram:

1. Para além da habitual discussão "dentro dos muros da Igreja", foram muitos os contributos e as reflexões que de forma transversal chegaram de todo o Mundo, aproveitando os novos fóruns de comunicação, sendo acolhidos e introduzidos nas propostas reflectidas;

2 A presença e o protagonismo de um grande número de Leigos, casais em especial, e dos já habituais observadores de outras Confissões Cristãs Irmãs e de outras Religiões, sendo um dado adquirido, particularmente desde o Concílio Vaticano II, é revelador da atitude de uma Igreja que se quer de "portas abertas para a Humanidade";

3. O Papa durante quase todo o Sínodo esteve em silêncio para não influenciar directamente o teor das diversas intervenções dos participantes, reconhecendo deste modo o valor da dimensão sinodal na vida da Igreja e afastando aquela imagem "monárquica" que tantas vezes transparece da sua missão de sucessor de Pedro;

4. Foi, por isso, sensível um ambiente de total liberdade de expressão de opiniões e de divergências, e é também de assinalar que os resultados das votações foram de igual forma comunicados, revelando deste modo uma vontade de não esconder diferenças, que são uma riqueza da catolicidade da Igreja: unidade não se confunde com unicidade;

5. Apesar de não haver um consenso claramente maioritário sobre alguns temas, de reconhecida importância, gerou-se uma sã clarificação de posturas da Igreja e uma vontade firme de não fugir às questões mais problemáticas e fracturantes;

6. A maioria das questões reflectidas mereceu, contudo, um assinalável e esmagador consenso, e as suas consequências far-se-ão decerto sentir na acção da Igreja, que procurou deste modo prosseguir na linha do "aggiomamento” preconizado pelo Concilio Vaticano II, que há cinquenta anos não hesitou em fazer suas as grandes questões e preocupações da Humanidade;

7. Foi visível o esforço feito pela Igreja de abrir portas e não excluir ninguém, mesmo apesar das críticas daqueles que pretendiam que se fosse mais longe nalgumas temáticas mais controversas. O Sínodo, porém, ainda continuará no próximo ano de 2015 e as conclusões a que agora se chegou voltam para as comunidades, para serem de novo aprofundadas e delas serem tiradas conclusões e consequências;

8. Por tudo o que se viveu nesses proféticos dias em Roma, não duvido em afirmar que a Igreja saiu reforçada no seu desejo de estar mais próxima do Homem actual, colocando-se ao seu serviço e na sua defesa porque, como afirmou o Papa João Paulo II, “o Homem é a via da Igreja".

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 271, 14 de Novembro de 2014


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

GRÉCIA – Passos de S. Paulo * De 21 a 28 de JULHO de 2015

Visitando: Atenas, Corinto, Micenas, Epidauro, Delfos, Kalambaka, Veria, Tessalónica, Filipos, Kavala, Cruzeiro às Ilhas Aegina, Hydra e Poros

Dia 21 de Julho de 2015 - Lisboa / Atenas
Saída de Grândola às 02h00 em autocarro de turismo em frente à Rodoviária. Formalidades de embarque e partida em voo via Madrid com destino a Atenas. Chegada, desembarque, assistência prestada pelo nosso guia local e início da visita da cidade antiga e moderna, com destaque para o Estádio Olímpico, Palácio Real, Academia, Universidade, Museu Nacional (exterior), Templo de Zeus, Teatro Dionísios. No sopé da Acrópole podemos ver o local onde se encontrava o Areópago, onde S. Paulo teve aquele eloquente discurso, ao anunciar ao povo Ateniense a Boa Nova, tendo convertido o Areopagista Dionísio, mais tarde padroeiro da cidade. Subida à Acrópole, um dos lugares mais famosos de toda a cultura universal, onde se podem admirar e visitar as maravilhosas construções: o Partenon, o Erecteion, o Templo de Atena Nike, Teatro de Dionísio e o Propileu, a monumental entrada da Acrópole. Transporte ao hotel 3* jantar e alojamento.

Dia 22 de Julho de 2015 - Atenas / Corinto / Micenas / Epidaurus / Atenas
Pequeno-almoço no hotel. De manhã, saída para visita de dia inteiro com destaque para o Canal de Corinto. Continuação ao longo da costa até chegar à antiga cidade de Corinto: Visita à Acrópole e Ruínas, recordação de S. Paulo (Act 18; Cartas aos Coríntios: a teologia de Paulo), sua história e civilização. A presença de Paulo na região e importância da Comunidade de Coríntio. Continuação para Micenas, que no segundo milénio A.C., foi a capital da civilização micénica. Visita ao Túmulo de Agamenon, Palácio e Porta dos Leões. Almoço em restaurante local. De tarde, continuação da viagem para Epidauros: visita ao Teatro, o mais bem conservado da Grécia e famoso pela sua notável acústica, o Santuário de Esculápio, Deus da Medicina: a importância deste santuário na cultura grega. Ao fim da tarde, regresso a Atenas. Jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 23 de Julho de 2015 - Atenas / Delfos / Kalambaka
Pequeno-almoço no hotel e saída em direcção a Delfos, santuário fundado no 2º milénio A.C. O seu oráculo veio a ser o mais importante da Grécia Clássica, tendo-se mantido em funcionamento até ao século IV d.C. Almoço num restaurante local. De tarde visita do conjunto arqueológico de Delfos, com destaque para o Templo de Apolo, o Teatro, Estádio, Capelas dos Tesouros de Atenas e Esparta e a Praça do Mercado. No Museu, destaque para o Condutor de Carro de Bronze, da autoria de Sótades (séc. IV a.C.). Contemplação do ambiente maravilhoso que rodeia Delfos e suas paisagens. Depois viagem para Kalambaka, conhecida mundialmente pelos seus mosteiros construídos no topo das montanhas de Meteora, num conjunto de rara beleza, considerado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. Chegada ao hotel, instalação, jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 24 de Julho de 2015 - Kalambaka / Veria / Tessalónica
Após o pequeno-almoço, saída para visita de dois dos mosteiros de Meteora em direcção a Veria, local marcado pela presença de São Paulo. Breve visita panorâmica e prosseguimento para Tessalónica. Almoço durante o percurso. Chegada, instalação, jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 25 de Julho de 2015 - Tessalónica / Filipos / Kavala / Tessalónica
Pequeno-almoço no hotel. De manhã viagem para Filipos, importante cidade da mesma época, centro de uma região então próspera pelo Ouro e Prata, Cidade onde S. Paulo dirigiu a primeira carta na Grécia. Seguimos para Kavala, antiga Capital da região da Macedónia, de onde se destaca o anfiteatro e o seu bonito porto de mar, porta de entrada de São Paulo na Europa, acompanhado por Silas e Timóteo. Almoço num restaurante local. Regresso a Tessalónica. Jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 26 de Julho de 2015 - Tessalónica / Atenas
Pequeno-almoço no hotel e visita desta importante cidade. Visita à igreja de S. Demétrio, Museu Arqueológico, recordação de Filipe II “Pai de Alexandre Magno”, Rotunda de S. Jorge com os seus magníficos mosaicos e que, segundo a tradição, foram construídos em locais onde S. Paulo pregou. Importância das Cartas aos Tessalonissences. Saída em direcção a Atenas, com paragem para almoço durante o percurso. Chegada a Atenas ao fim da tarde. Instalação, jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 27 de Julho de 2015 - Atenas – Cruzeiro Ilhas Aegina, Hydra e Poros
Após o pequeno-almoço, partida para o porto de Pireus para embarque num cruzeiro, com almoço incluído, pelas Ilhas gregas Aegina, Hydra e Poros, que pertencem ao grupo das ilhas Argo-Sarónicas. Chegada a Aegina, este bonito porto natural. Visita ao Templo de Aphea. Em hora a determinar embarque e partida para Hydra. Chegada a esta sofisticada e pitoresca ilha e tempo para visitas a gosto pessoal. Embarque e saída para Poros. Chegada a este pitoresco porto depois de cruzar o estreito do Peloponeso e Poros. Visita de Cidade. Regresso ao porto de Pireus. Chegada, desembarque e transporte ao hotel. Jantar e alojamento no hotel 3*.

Dia 28 de Julho de 2015 - Atenas
Pequeno-almoço no hotel e check out. Manhã de visita ao novo Museu da Acrópole de grande valor histórico e importante espólio. Transporte ao aeroporto e saída em voo via Madrid pelas 16h00 com destino a Lisboa. Chegada a Lisboa às 20h00, transporte em autocarro de turismo até Grândola. Fim dos nossos serviços.

Valor de 1390 € por pessoa em quarto duplo
Suplemento individual no valor de 245€

O preço inclui: Voo Lisboa/Madrid/Atenas/Madrid/Lisboa em classe económica, transporte em autocarro de turismo Grândola/Aeroporto de Lisboa/Grândola, Todos os transferes locais, 07 noites de alojamento em hotéis de 3*, 7 pequenos-almoços, 6 almoços, 7 Jantares, visitas e entradas conforme o itinerário com guia de língua Portuguesa, Taxas de aeroporto, Seguro de viagem, IVA. O Preço não inclui: Taxas hoteleiras locais, bebidas às refeições, Extras de carácter pessoal.

Travel Vila Morena – Viagens e Turismo Unipessoal Lda.
Contribuinte nr 509 997 929 * RNAVT 3079 * Capital Social 25.000.00 Euros
Rua Dom Nuno Alvares Pereira 150 A, 7570 239 Grândola
Tel. 269 184 288 * Fax.269 184 289 * Tlm. 964046564
Emails: geral@travelvilamorena.com * soniaoliveira@travelvilamorena.com


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Obras de Recuperação dos Altares da Igreja Matriz de Grândola VI


Caros visitantes, queremos partilhar convosco o evoluir dos trabalhos de restauro dos Altares da nossa Igreja Matriz, por isso aqui seguem mais umas fotografias. Com elas segue também o convite a que nos visitem e comprovem a qualidade dos trabalhos que estão a ser realizados e que estão a contribuir para que esta Igreja volte a ter a beleza dos Séculos XVII e XVIII, quando foi ornamentada e significativamente enriquecida com estes magníficos Altares.

Queremos ainda deixar-vos um apelo à vossa colaboração. Estes trabalhos, feitos unicamente por especialistas e empresas credenciadas, são obviamente muito dispendiosos. Queremos continuar este projecto, porque ainda há muito para fazer, mas necessitamos da sua/vossa ajuda.

Não fique indiferente!


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Peregrinação da Paróquia de Grândola


Peregrinação da Paróquia de Grândola
25 DE OUTUBRO DE 2014
Santuário de Fátima 

No dia 25 de Outubro, irá realizar-se a Peregrinação da Paróquia ao Santuário de Fátima.

PROGRAMA DA PEREGRINAÇÃO

06:00 horas - Concentração junto à Câmara Municipal e Partida. Paragem no caminho.
09:30 horas - Via Sacra em Fátima.
11:00 horas - Eucaristia na Capela de Santo Estêvão (45 minutos).
12:00 horas - Visita às Casas dos Pastorinhos. Almoço partilhado num Parque do Santuário.
14:00 horas - Chegada ao Santuário e tempo livre.
15:00 horas - Concentração junto à Basílica da Santíssima Trindade. Breve visita exterior passagem e talvez por dentro. Passagem pela Capelinha das Aparições e entrega de um arranjo de flores. Breve momento de oração. Passagem sem visita pela Basílica de Nossa Senhora do Rosário.
16:00 horas - Partida para o Mosteiro da Batalha.
16:30 horas - Chegada e visita à Igreja.
17:30 horas - Partida para Grândola. Paragem no caminho para lanche ajantarado.
20:00-20:30 horas - Chegada a Grândola.


Obras de Recuperação dos Altares da Igreja Matriz de Grândola V


Caros visitantes, queremos partilhar convosco o evoluir dos trabalhos de restauro dos Altares da nossa Igreja Matriz, por isso aqui seguem mais umas fotografias. Com elas segue também o convite a que nos visitem e comprovem a qualidade dos trabalhos que estão a ser realizados e que estão a contribuir para que esta Igreja volte a ter a beleza dos Séculos XVII e XVIII, quando foi ornamentada e significativamente enriquecida com estes magníficos Altares.

Queremos ainda deixar-vos um apelo à vossa colaboração. Estes trabalhos, feitos unicamente por especialistas e empresas credenciadas, são obviamente muito dispendiosos. Queremos continuar este projecto, porque ainda há muito para fazer, mas necessitamos da sua/vossa ajuda.

Não fique indiferente!


sábado, 11 de outubro de 2014

Outros Muros para Cair


O tema desta crónica surgiu­-me enquanto ouvia e reflectia sobre os apelos que o Papa Francisco fez, aquando da sua recente visita à Coreia do Sul, referindo-se à Coreia do Norte, à China, ao Vietname e aos de­ mais países asiáticos onde não existe plena liberdade e, consequentemente, liberdade religiosa.

A história da humanidade está, porém, cheia de relatos sobre muros, nem todos físicos, mas nem por isso menos reais e nefastos.

Como não lembrar, por exemplo, a Escravatura, ou o mito da pura Raça Ariana, já nos nossos dias?

Como esquecer os muros que se têm elevado e acicatado ódios tribais e étnicos entre povos vizinhos e irmãos?

Como não recordar o muro da intolerância religiosa, instigada por fundamentalistas, que tem martirizado etnias minoritárias e, de uma forma particular, as comunidades cristãs espalhadas pela Ásia e África?

Como não ter presente o muro que separa os Estados Unidos do México, e pelo qual têm entrado milhões de sul-americanos à procura do "sonho americano"?

Como esquecer igualmente o Muro que separa Judeus e Palestinianos, na Terra de Jesus, que veio fazer de toda a Humanidade uma só família?

Há ainda outros muros, nem sempre visíveis, mas que gostaria de recordar neste momento:

1- A eficácia e o utilitarismo, que colocam na prateleira aqueles que já não estão em condições de produzir, e que, em muitos casos, leva os mais desprotegidos a desistir de viver e a pedir a Eutanásia, como libertação de uma vida cinzenta e sem horizontes de esperança;

2 -A superficialidade e o facilitismo, que afectam grandemente os mais jovens, e lhes retiram o gosto pelo esforço, pelo empenho, pela gratuidade, pela generosidade ao serviço dos outros, e que conduzem inexoravelmente ao egoísmo, ao individualismo e ao consumismo;

3 -A aparência e o materialismo em geral, que levam ao esvaziamento do ser humano, o empurram para uma quase esquizofrenia existencial, que empobrece a vida humana, faz esquecer a riqueza e a beleza do ser, e conduz o Homem para os pântanos ilusórios daquilo que, sendo mais frágil do que nós, e parecendo transmitir uma certa imagem de felicidade, depressa se desvanece desmascara e deixa uma marca profunda de insatisfação e de procura desesperada de pequenas e fugazes felicidades;

4 – A corrupção e a incompetência, que criam a ilusão da falsa segurança e da felicidade, que depressa se desvanecem e resvalam no abismo da desagregação em catadupa, e na completa desorientação sobre o caminho a tomar para encontrar uma luz que possa conduzir a um caminho seguro, a partir do qual se possa construir.

Poderia continuar a enunciar uma cadeia infindável de muros, que importa ter conhecimento da sua existência, e, mais importante ainda, vontade de superar e transformar.

Como referi em anteriores artigos, a consciência da realidade é o primeiro passo para invertermos caminho e fazermos outro tipo de opções, mais verdadeiras e consistentes. Com efeito, só a Verdade liberta e só sobre ela se pode, de facto, construir com solidez. Vale a pena seguir por este caminho, mesmo que para isso tenhamos de sofrer e de nos sacrificarmos, na certeza de que a esperança tem sentido e o amanhã poderá ser melhor.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 270, 10 de Outubro de 2014


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Convite para o Dia Diocesano a 27 de Setembro


Aproxima-se o nosso Dia Diocesano, a 27 de Setembro, dia importante para o arranque do ano pastoral nesta diocese a realizar um Sínodo.

Conto com a vossa presença, para que, reforçando os laços de comunhão, continuemos a construir o Reino de Jesus Cristo neste Alentejo.

Junto segue a agenda do Dia Diocesano.

09:30 horas - Acolhimento
10:00 horas - Oração de Laudes
10:30 horas - Apresentação dos participantes
10:45 horas - Abertura dos trabalhos com apresentação do Plano Pastoral
11:10 horas - Actividade sobre os dados do Censo sobre a participação na Missa dominical
12:30 horas - Almoço partilhado
14:00 horas - Plenário dos trabalhos dos grupos
15:00 horas - Informações relevantes dos Serviços e Movimentos
16:00 horas - Celebração da Eucaristia
 
Cada um traga algum alimento ou bebida para partilhar, embora o Seminário ofereça algum alimento base. Mas sobretudo venha com alegria para passarmos um belo dia.

António Vitalino, Bispo de Beja




Muros e pontes


viagem do papa Francisco à Coreia do Sul, um país integrado numa península ainda hoje dividida, e os seus fortes e claros apelos à superação desta e de outras divisões, despertou em mim o desejo de escrever sobre alguns dos muros que ainda persistem no nosso Mundo. Não vou ser fastidioso elencando-os, mas, mesmo assim, atrevo-me a referir alguns: entre as duas Coreias; entre os Estados Unidos e o México; entre Israel e os Territórios sob Administração da Autoridade Palestiniana, etc. Estes são, talvez, os mais conhecidos, mas há ainda muitos outros, nem sempre materiais, mas nem por isso menos reais, maléficos e obstaculizadores da criação de uma verdadeira família humana transcontinental. Basta parar e pensar um pouco e uma longa lista surgirá à nossa frente!

As palavras do papa, no seu estilo muito particular e incisivo, atravessaram todos os continentes e creio que terão sido ouvidas por alguns (seria bom todos) dos “alvos” a atingir. Porque estamos num mundo global, seria de auspiciar que as potentes auto-estradas da comunicação pudessem contribuir também para a queda destes muros, e pela sua substituição por uma nova cultura da fraternidade e da solidariedade, do diálogo, do respeito pelo outro, da tolerância (entendida em sentido amplo) e da liberdade. Precisamos todos que estes meios não só nos aproximem, mas nos tornem, de facto, mais conscientes de que formamos uma só família, e, por isso, o nosso futuro está cada vez mais inter-relacionado e dependente. É preciso que aos muros se sucedam as pontes.
O papa Francisco não é uma voz isolada, clamando pela mudança, mas a verdade é que precisamos de muitos profetas e obreiros com ele, que não tenham medo de se envolver, como disse o papa Paulo VI, na construção da “Civilização do Amor”, transformando “as espadas em relhas de arado e as lanças em foices” (Cf. Isaías 2,4).

O sonho comanda a vida e este é um sonho que vale a pena e que está ao nosso alcance.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1691, 19 de Setembro de 2014


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

À Conversa com Padre Manuel António Guerreiro do Rosário


Manuel António Guerreiro do Rosário, pároco de Grândola, natural de Baleizão, doutorou-se em Teologia Moral na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, com a tese "Discernimento dos Sinais dos tempos e consciência Moral, a partir do magistério da Conferência Episcopal Portuguesa (1974/1995)". Celebrou as suas bodas de prata sacerdotais em 2013. Para melhor o conhecer, fomos ao seu encontro a fim de trocarmos algumas ideias, sobre si e sobre a sua paróquia.

Ecos de Grândola: - Como foi a sua adaptação a Grândola?
Padre Manuel António: - Antes de mais, agradeço esta oportunidade que me é dada de falar sobre a minha estadia em Grândola. Estou em Grândola há quase seis anos, mas parece que há muitos mais, porque me sinto perfeitamente integrado nesta comunidade, que me acolheu de uma forma extraordinária Costumo dizer que, por razões familiares, me desloco a Beja semanalmente, mas a minha casa é em Grândola. Para além de, como sacerdote, me dever integrar nas comunidades que o Senhor Bispo me confiar, em Grândola não foi preciso esforçar-me: tudo aconteceu de forma natural. Gosto muito de aqui viver e trabalhar.

E.G.: - Como caracteriza as gentes do concelho?
P.M.A: - As gentes de Grândola fazem jus à canção: Grândola é mesmo terra da fraternidade. As pessoas são acolhedoras, simpáticas, próximas e de uma grande generosidade. Tenho confirmado ano após ano estas características, por todos os projectos que temos vindo a realizar a nível da Paróquia de Grândola e mesmo das outras comunidades mais pequenas.

E.G.: - Passados seis anos, como vê a comunidade cristã local?
P.M.A.: - A nível religioso, apesar de persistirem ainda alguns preconceitos, fruto de questões que mergulham as suas raízes na história secular desta comunidade, estou satisfeito com a resposta e a persistência dos cristãos. A comunidade tem vindo a crescer consistentemente e é hoje, depois de Moura, a que tem mais praticantes em toda a Diocese de Beja. Há, contudo, ainda muito a fazer e estou firmemente convencido de que há condições para continuar a crescer e a frutificar.
 

"As gentes de Grândola fazem jus à Canção: Grândola é mesmo a Terra da Fraternidade"

E.G.: - Como têm sido as relações com as instituições locais, nomeadamente as de carácter político?
P.M.A: - O sacerdote não se deve envolver em questões de natureza político-partidária; a sua função é unir e não colar-se a quem quer que seja, e ser, por isso, factor de divisão. Além do mais, os cristãos são livres de fazer as suas legítimas opções, sem qualquer intervenção ou dirigismo do sacerdote. Esta tem sido a minha atitude, desde que me conheço, e continuará a ser. Creio que tenho uma relação boa e construtiva com todas as instituições, independentemente da sua cor política, baseada na verdade, na transparência e no serviço da comunidade e do bem comum. Não tenho outros objectivos.

E.G.: - Como conseguiu, em tão pouco tempo, levar a cabo tantos melhoramentos em edificações da Igreja?
P.M.A:
- Ninguém trabalha sozinho e, por isso, tudo o que foi feito e continuará a ser, é fruto de um conjunto de parcerias naturais que revertem em favor de Grândola. As pessoas e as instituições têm sido muito abertas e generosas e é sempre Grândola que beneficia. Como disse há pouco, não me movem outros projectos que não sejam o bem de Grândola e das suas gentes. Juntos, sem barreiras nem preconceitos, poderemos fazer ainda muito mais. Pela minha parte estou completamente disponível, bem como a comunidade cristã.


E.G.: - Como tem avaliado a abertura do Museu de Arte Sacra?
P.M.A: - O Museu foi mais uma das apostas ganhas, que em muito tem valorizado Grândola. Ele é visitado por uma média anual de 5.000 pessoas desde que foi inaugurado, no dia 23 de Agosto de 2011 e é, no geral, muito apreciado. Os comentários dos visitantes podem ser lidos na Página que a Paróquia tem na Internet e são muito elogiosos e estimulantes. Grândola é uma localidade com muitos visitantes e o Museu é já um sítio de visita obrigatória. As entradas são gratuitas e isso é também uma vantagem. O apoio da Câmara Municipal, tal como noutros projectos, e de muitos amigos, instituições e empresas, tornaram possível a sua abertura e manutenção. Queremos continuar a melhorá-lo e gostaríamos de alargar a exposição a outras áreas, mas o espaço é diminuto. Necessitamos de encontrar um espaço complementar com maiores dimensões: ainda há muita arte sacra por mostrar e que é desconhecida pela generalidade das pessoas. Esperemos que outras portas se abram. Estamos disponíveis para continuar a mostrar a arte sacra que existe em Grândola, nomeadamente a Paramentaria, de excepcional qualidade, e o Arquivo Paroquial, inventariado pelos técnicos da Câmara Municipal e considerado pelo Departamento do Património da Diocese um dos melhores de toda a Diocese. Há potencial enorme... Mas não temos espaço!

E.G.: - O Festival Terras Sem Sombra foi uma aposta ganha?
P.M.A: - Sem dúvida. O Festival é hoje considerado um dos melhores do género em toda a Europa e sem dúvida o melhor no País. Grândola entrou neste projecto e tem dado um importante contributo na sua afirmação. São muitos os que se deslocam à Diocese, oriundos de todo o país e de outros países da Europa. É um projecto consistente que deve continuar e ser apoiado pelas forças vivas das comunidades que já fazem parte do projecto.

E.G.: - Pensa que, num futuro próximo, o Carvalhal terá a sua Igreja?

P.M.A.: - Não tenho a menor dúvida. É essa a vontade do seu Pároco, Pe. José Bravo, das forças vivas locais e de todas as suas gentes. Creio que estamos a chegar à concretização deste desejo, sonho para gerações de pessoas. A pedido do Pe. José a Diocese já aprovou a criação do Vicariato Paroquial do Carvalhal, passo que precede o surgimento da figura jurídica da Paróquia. É um passo decidido e decisivo, do lado da Igreja, agora faltam outros, que também não duvido irão ser dados.

E.G.:- Espera que a Igreja de São Pedro possa voltar a ser lugar de culto? Quando?
P.M.A.: - Como S. Pedro não pertence à Paróquia, prefiro não me manifestar. Se fosse, falaria de outra forma e é evidente que teria uma ou várias finalidades claramente definidas.

E.G.: - Que actividades destinadas a jovens, se desenvolvem junto da paróquia?
P.M.A.: - Fizemos uma aposta clara na Catequese de crianças, adolescentes e jovens, bem como nos Escuteiros e queremos continuar neste caminho, criando ainda mais condições e consolidando os projectos que temos vindo a delinear. Fizemos também uma aposta na música, com a Morenitaótuna e as aulas de viola, que atingem um número muito significativo de jovens (e também de outras faixas etárias). Esta aposta contribuiu para uma renovação profunda da comunidade cristã, para a dinamização das celebrações e a multiplicação de actividades, que temos vindo a estender a todo o Concelho e mesmo para além das suas fronteiras.

E.G.:- Como vê o seu futuro, enquanto homem da Igreja?
P.M.A.: - Como já referi atrás, não tenho projectos pessoais, para além de servir o melhor que sei e posso o povo que me foi confiado, o que é para mim motivo de muitas alegrias e de realização enquanto pastor e cristão. Sou um padre feliz e realizado por estar perto das pessoas e ao seu serviço. Não tenho outros projectos ou ambições. Quero apenas continuar a contribuir para a renovação da comunidade cristã, levando a fé a todos, mesmo e sobretudo, até àqueles que andam mais afastados, porque a Boa Nova de Jesus também é para eles. Conto com o apoio dos cristãos e espero que surjam cada vez mais cristãos empenhados, que, com os seus talentos e envolvimento, ajudem a Paróquia a descobrir novos caminhos e a levar mais longe a Palavra de Jesus. Uma Paróquia deve ser uma comunidade viva, onde os cristãos não sejam meros espectadores, mas actores e protagonistas, agentes da renovação e rejuvenescimento da Igreja Temos estado a trabalhar nesse sentido e queremos continuar por este caminho.
Obrigado, mais uma vez, por esta oportunidade que me foi dada.

Lucília Saramago
in Ecos de Grândola, nº 269, 12 de Setembro de 2014


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Obras de Recuperação dos Altares da Igreja Matriz de Grândola IV


Caros visitantes, queremos partilhar convosco o evoluir dos trabalhos de restauro dos Altares da nossa Igreja Matriz, por isso aqui seguem mais umas fotografias. Com elas segue também o convite a que nos visitem e comprovem a qualidade dos trabalhos que estão a ser realizados e que estão a contribuir para que esta Igreja volte a ter a beleza dos Séculos XVII e XVIII, quando foi ornamentada e significativamente enriquecida com estes magníficos Altares.

Queremos ainda deixar-vos um apelo à vossa colaboração. Estes trabalhos, feitos unicamente por especialistas e empresas credenciadas, são obviamente muito dispendiosos. Queremos continuar este projecto, porque ainda há muito para fazer, mas necessitamos da sua/vossa ajuda.

Não fique indiferente!




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Obras de Recuperação dos Altares da Igreja Matriz de Grândola III

Prosseguem as obras de recuperação de quatro dos centenários altares da Igreja Matriz de Grândola, que já permitiram algumas descobertas extraordinárias. 

Apresentamos as fotos de algumas dessas descobertas, a pintura no tecto da Capela onde estava a imagem do Sagrado Coração de Jesus e uma placa em mármore datada de 1616:



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Faleceu a mãe do Padre Manuel António do Rosário

Faleceu hoje, dia 14 de Agosto de 2014, Maria Generosa Guerreiro, mãe do Padre Manuel António Guerreiro do Rosário; que pede a nossa oração por ela. 

Amanhã, dia 15 de Agosto, o Pe. Manuel António do Rosário irá celebrar Missa na Capela Mortuária da Mansão de S. José, em Beja, pelas 14:30 horas, seguindo o corpo para o cemitério de Beja.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Obras de Recuperação dos Altares da Igreja Matriz de Grândola II

Continuam em bom curso as obras de recuperação de quatro dos altares da Igreja Matriz de Grândola, apresentamos algumas das imagens dos trabalhos no dia 13 de Agosto de 2014.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Férias, Tempo também de Solidariedade


As férias são, em geral, tempo de paragem, de repouso, de mudança. Para muitos, contudo, elas resumem-se a permanecer nos mesmos sítios, alterando algumas rotinas, pois os magros orçamentos não permitem mais. Para alguns, e cada vez mais, sobretudo jovens, as férias são igualmente tempo dedicado ao voluntariado, à partilha, à solidariedade, vivida dentro ou fora do país.

Na verdade, todos os anos, centenas de jovens portugueses, engrossam o número de milhares de jovens que, da Europa e de outros Continentes, partem rumo a destinos materialmente menos favorecidos, mas dotados de outras riquezas. Estas experiências são extremamente benéficas a todos os níveis: para as comunidades de acolhimento, representam a oportunidade de, sem grandes despesas, receberem novos ensinamentos, que podem fazer toda a diferença em sectores como a saúde, a educação, a agricultura, ou outros. Para quem vai, além da experiência que adquire ao partilhar o que a Escola ou a Profissão ensinam, aprenderá a dar valor àquilo que, de facto, é importante na vida, pois tantas vezes muitos destes jovens são oriundos de sociedades onde cada um vive dominado por um exacerbado egoísmo e individualismo, que paulatinamente destroem corações, vidas, famílias, relações. Uma experiência deste género poderá ainda proporcionar a descoberta, talvez inesperada, que se recebe tanto ou mais do que se transmite, e de como se cresce na dinâmica da generosidade, da entrega, e do compromisso em favor dos mais pobres. Como diria S. Francisco de Assis, num dos textos que mais admiro: "é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado; é amando que se é amado."

Porque todos os anos, apesar das dificuldades que a crise vai objectivamente colocando, cresce o número dos que fazem esta opção de férias solidárias, creio não poder alinhar no coro daqueles que, ao olhar para a nossa sociedade, só vêem o negativo e profetizam unicamente desgraças para o futuro. Sem querer ser irrealista, como homem e cristão, só posso salientar aquilo que de positivo estes sinais indiciam e que, por isso mesmo, deve ser reconhecido, incentivado e multiplicado. Acredito nos jovens e também acredito naquilo que de bom existe no coração humano, e que precisa, tão só, de condições para se manifestar. O egoísmo, o individualismo e todos os sentimentos negativos que existem no coração humano, só se manifestarão e dominarão, se o permitirmos. No nosso coração também existem e florescerão abundantemente sentimentos de paz, amor, reconciliação, de serviço ao próximo, se lhes dermos oportunidade. Uma das diferenças abissais entre eles é que, os negativos destroem, são como muros, enquanto os outros constroem, são pontes.

Já agora, porque não aproveitar também as férias para reflectirmos sobre a nossa vida, para podermos perceber melhor, discernir e separar o trigo e do joio que existem em nós, e fazer as opções certas que nos ajudem a crescer, a mudar, a tornarmo-nos melhores pessoas?

Está na nossa mão. Basta querer, pois querer é poder!

Boas férias, sejam elas passadas em casa ou fora dela.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 268, 08 de Agosto de 2014


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Início das Obras de Restauro dos altares da Igreja Matriz

Tiveram início hoje, dia 04 de Agosto de 2014, o início da obras de restauro dos altares da Igreja Matriz, num processo que ficará concluído com o restauro dos quatro altares ainda por restaurar e que se prevê que esteja concluído dentro de 4 meses.



sábado, 2 de agosto de 2014

Rescisão de contrato de arrendamento com o PS


A paróquia de Grândola debate-se há algum tempo com uma evidente falta de espaços para os seus múltiplos organismos, principalmente no sector juvenil, escuteiros e catequese.

Há alguns anos que decorriam as negociações com o Partido Socialista para que disponibilizassem as instalações da paróquia que ocupavam por arrendamento desde a década de 70, hoje finalmente assinou-se a rescisão do contrato de arrendamento.



sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Passeio à Grècia em 2015

Programa Provisório * JULHO de 2015

GRÉCIA – Passos de S. Paulo

Visitando: Atenas, Corinto, Micenas, Epidauro, Delfos, Kalambaka, Veria, Tessalónica, Filipos, Kavala, Cruzeiro às Ilhas Aegina, Hydra e Poros

1º Dia: Lisboa / Atenas
Saída de Grândola em hora a indicar. Assistência nas formalidades de embarque pela representante Travel VilaMorena e partida do avião com destino a Atenas, fazendo escala numa cidade europeia. Chegada, desembarque, assistência prestada pelo nosso guia local e transporte ao hotel 4*. Instalação, jantar e alojamento.

2º Dia: Atenas / Corinto / Micenas / Epidaurus / Atenas
Pequeno-almoço no hotel. De manhã, saída para visita de dia inteiro com destaque para o Canal de Corinto. Continuação ao longo da costa até chegar à antiga cidade de Corinto: Visita à Acrópole e Ruínas, recordação de S. Paulo
(Act 18; Cartas aos Coríntios: a teologia de Paulo), sua história e civilização. A presença de Paulo na região e importância da Comunidade de Coríntio. Continuação para Micenas, que no segundo milénio A.C., foi a capital da civilização micénica. Visita ao Túmulo de Agamenon, Palácio e Porta dos Leões. Almoço em restaurante local. De tarde, continuação da viagem para Epidauros: visita ao Teatro, o mais bem conservado da Grécia e famoso pela sua notável acústica, o Santuário de Esculápio, deus da medicina: a importância deste santuário na cultura grega. Ao fim da tarde, regresso a Atenas. Jantar e alojamento no Hotel.

3º Dia: Atenas / Delfos / Kalambaka
Pequeno-almoço no hotel e saída em direcção a Delfos, santuário fundado no 2º milénio A.C. O seu oráculo veio a ser o mais importante da Grécia Clássica, tendo-se mantido em funcionamento até ao século IV d.C. Almoço num restaurante local. De tarde visita do conjunto arqueológico de Delfos, com destaque para o Templo de Apolo, o Teatro, Estádio, Capelas dos Tesouros de Atenas e Esparta e a Praça do Mercado. No Museu, destaque para o Condutor de Carro de Bronze, da autoria de Sótades (séc. IV a.C.). Contemplação do ambiente maravilhoso que rodeia Delfos e suas paisagens. Depois viagem para Kalambaka, conhecida mundialmente pelos seus mosteiros construídos no topo das montanhas de Meteora, num conjunto de rara beleza, considerado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. Chegada ao hotel, instalação, jantar e alojamento.

4º Dia: Kalambaka / Veria / Tessalónica
Após o pequeno-almoço, saída para visita de dois dos mosteiros de Meteora em direcção a Veria, local marcado pela presença de São Paulo. Breve visita panorâmica e prosseguimento para Tessalónica. Almoço durante o percurso. Chegada, instalação, jantar e alojamento no hotel.

5º Dia: Tessalónica / Filipos / Kavala / Tessalónica
Pequeno-almoço no hotel. De manhã viagem para Filipos, importante cidade da mesma época, centro de uma região então próspera pelo ouro e prata, cidade onde S. Paulo dirigiu a primeira carta na Grécia. Seguimos para Kavala, antiga capital da região da Macedónia, de onde se destaca o anfiteatro e o seu bonito porto de mar, porta de entrada de São Paulo na Europa, acompanhado por Silas e Timóteo. Almoço num restaurante local. Regresso a Tessalónica. Jantar e alojamento no hotel.

6º Dia: Tessalónica / Atenas
Pequeno-almoço no hotel e visita desta importante cidade. Visita à igreja de S. Demétrio, Museu Arqueológico, recordação de Filipe II “Pai de Alexandre Magno”, Rotunda de S. Jorge com os seus magníficos mosaicos e que, segundo a tradição, foram construídos em locais onde S. Paulo pregou. Importância das Cartas aos Tessalonissences. Saída em direcção a Atenas, com paragem para almoço durante o percurso. Chegada a Atenas ao fim da tarde. Instalação, jantar e alojamento no hotel.

7º Dia: Atenas – Cruzeiro Ilhas Aegina, Hydra e Poros
Após o pequeno-almoço, partida para o porto de Pireus para embarque num cruzeiro, com almoço incluído, pelas Ilhas gregas Aegina, Hydra e Poros, que pertencem ao grupo das ilhas Argo-Sarónicas. Chegada a Aegina, este bonito porto natural. Visita ao Templo de Aphea. Em hora a determinar embarque e partida para Hydra. Chegada a esta sofisticada e pitoresca ilha e tempo para visitas a gosto pessoal. Embarque e saída para Poros. Chegada a este pitoresco porto depois de cruzar o estreito do Peloponeso e Poros. Visita de cidade. Regresso ao porto de Pireus. Chegada, desembarque e transporte ao hotel. Jantar e alojamento.

8º Dia: Atenas / Porto ou Lisboa
Pequeno-almoço no hotel e início da visita da cidade antiga e moderna, com destaque para o Estádio Olímpico, Palácio Real, Academia, Universidade, Museu Nacional (exterior), Templo de Zeus, Teatro Dionísios. No sopé da Acrópole podemos ver o local onde se encontrava o Areópago, onde S. Paulo teve aquele eloquente discurso, ao anunciar ao povo ateniense a Boa Nova, tendo convertido o areopagista Dionísio, mais tarde padroeiro da cidade. Subida à Acrópole, um dos lugares mais famosos de toda a cultura universal, onde se podem admirar e visitar as maravilhosas construções: o Partenon, o Erecteion, o Templo de Atena Nike, Teatro de Dionísio e o Propileu, a monumental entrada da Acrópole. Almoço em restaurante local. De tarde visita ao novo Museu da Acrópole de grande valor histórico e importante espólio. No final, transporte ao aeroporto. Assistência nas formalidades de embarque e partida em voo regular com destino ao Porto ou a Lisboa, com mudança de avião numa cidade europeia. Chegada, desembarque. Transporte para Grândola. Fim dos nossos serviços.


Travel Vila Morena – Viagens e Turismo Unipessoal Lda.
Contribuinte nº 509 997 929 * RNAVT 3079 * Capital Social 25.000.00 Euros 
Rua Dom Nuno Alvares Pereira nº 150 Loja A, 7570 239 Grândola
Tel. 269 184 288 Fax 269 184 289 Tlm 964046564
geral@travelvilamorena.com * soniaoliveira@travelvilamorena.com


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Férias: solidariedade e esperança


mbora não seja notícia de primeira página, a verdade é que ano após ano cresce o número, sobretudo de jovens, que prefere viver as férias numa dimensão de gratuidade e serviço ao próximo, dentro do nosso país ou noutro, preferencialmente de língua portuguesa. Não é a maioria, nem será uma multidão, mas para mim é um sinal convincente daquilo que o ser humano é capaz quando descobre a riqueza do dar e do dar-se.

Dir-me-ão que estes gestos são uma gota de água num oceano e talvez seja verdade, mas também não é menos verdade que, muitas gotas, multiplicadas, poderão dar origem a um pequeno riacho donde pode brotar vida nova. Quantas vezes, simples pessoas e pequenos gestos inverteram o curso da história?

Não posso, por isso, concordar com os pessimistas, que afirmam termos entrado numa espiral de egoísmo e individualismo incontroláveis, pelo que, não há razões para a esperança. Também não posso alinhar no diapasão daqueles que continuam a insistir no EU, no consumo, na diversão, no culto dos bens materiais, como a única realidade que nos preenche e para os quais vale a pena viver.
 
Como homem e como cristão costumo repetir para mim próprio, antes de mais, a afirmação de S. Francisco de Assis: “É dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado.” O egoísmo não traz verdadeira felicidade, nem os bens materiais, por mais importantes e necessários que sejam, bastam para preencher o coração humano e dar resposta às inquietações mais profundas que nele habitam e que anseiam por respostas.

Não duvido que será esse o resultado da experiência que centenas de jovens portugueses farão neste verão e que, decerto, os tornará pessoas diferentes, melhores, mais sensíveis ao próximo, mais conscientes da importância do serviço autêntico e genuinamente voluntário e desinteressado. Para os povos visitados, esta missão é um sinal de esperança, semente dum amanhã melhor, de um futuro mais risonho.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1683, 25 de Julho de 2014



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Obras na Casa do Ermitão da Capela do Viso

Desde 2012 que a Casa do Ermitão junto à Capela do Viso tem estado a sofrer obras de recuperação de forma tornar possível que se constitua como um centro nevrálgico de apoio às actividades religiosas desenvolvidas na capela, mas também num espaço activo para actividades comunitárias, religiosas e associativas.

No ano de 2014 foi dado mais um passo nessa recuperação com a forra interior dos tectos das várias salas.

Ficam algumas imagens do progresso das obras de recuperação:



Obras na Igreja Matriz de Azinheira dos Barros

Com o objectivo de preparar a Igreja para as Festas que este ano decorrerão particularmente no dia 17 de Agosto, iniciaram-se neste mês de Julho algumas intervenções que passamos a discriminar: substituição de tábuas no tecto da Igreja; pintura de todo o tecto; reboco e pintura dentro e fora da Igreja; revisão dos telhados.

A Câmara Municipal, na sua carpintaria, está a trabalhar no novo guarda-vento que deverá ser instalado até ao dia 17 de Agosto. Bem haja por mais esta excepcional colaboração do nosso Município. Seguir-se-á o guarda-vento da Igreja de S. Jorge, no Lousal.



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Papas Nossos Contemporâneos


Depois de ter escrito sobre os Papas João XXIII e João Paulo II, a propósito da sua canonização sinto-­me na obrigação de dizer também algumas palavras sobre os outros Papas nossos contemporâneos, a saber: Paulo VI, João Paulo I e, claro, Francisco.

Tal como aconteceu com João XXlll, o meu conhecimento de Paulo VI é fruto das leituras e do estudo que fui fazendo ao longo dos anos, e a verdade é que, quanto mais o conheço, mais o admiro. Este grande homem nasceu numa família de convictas tradições democráticas e, por isso, sofreu (o seu pai em particular) as agruras da ditadura de Benito Mussolini (ltália). A sua estrutura democrática trouxe-lhe a incompreensão de algumas ditaduras dentro e fora da Europa, Espanha e Portugal incluídos. A ele devemos a condução da Igreja durante o Concílio Vaticano II (1963) até 1978, período marcado por autênticas mutações da Sociedade e da Igreja, em praticamente todos os sectores. Tentar aplicar o Concílio Vaticano II, projecto difícil e complexo, valeu-lhe muitas incompreensões, sofrimentos e críticas, quer por parte de sectores vanguardistas, quer pelos ultraconservadores. A sua actuação, porém, caracterizou-se sempre por um grande equilíbrio, por uma hábil diplomacia mista de diálogo e abertura, pela firmeza das decisões, pela amplitude da sua visão, pela clareza e profundidade do seu pensamento. Os documentos saídos da sua pena são disso clara expressão. Por tudo isto e muitíssimo mais, creio que este extraordinário homem deverá ser mais estudado, direi mesmo reabilitado, em nome da verdade em que viveu, defendeu e anunciou.

De João Paulo I, infelizmente, não tenho muito para dizer, pois o seu pontificado foram apenas 33 dias. É claro que um pontificado tão breve mereceu logo dos profissionais dos mistérios e intrigas palacianas, motivo para conjecturas, gerando assim a possibilidade de venderem mais umas obras e manter em suspenso a opinião pública. Albino Luciani, de seu nome, deixou um breve legado que não permanecerá, contudo, no anonimato, na medida em que ele emergirá e permanecerá justamente como o Papa do sorriso, da simplicidade e da bondade, que encheu a Igreja de alegria e de esperança, e fez despertar alguns adormecidos "homens e mulheres de boa vontade" (João XXIII).

De Francisco, em tão pouco tempo há já tanto a dizer; e que mais surpresas ele nos fará? Para mim e para muitos, ele é uma autêntica surpresa de Deus, pois não constava nas listas dos "Papabili", é um verdadeiro "furacão" que veio confirmar o Concílio Vaticano II como bússola para o caminho que a Igreja deve trilhar decididamente, e que insiste em que, ela (Igreja) para ser credível junto dos homens e mulheres deste tempo, não precisa de estar sempre à procura de "inimigos" para se justificar nas suas posições, mas, antes pelo contrário, necessita de se envolver no meio do Mundo, qual fermento e sal, sem ter medo de se aproximar das "periferias", nem de dizer o que pensa de forma destemida, mesmo que seja contra aqueles que, como diz Jesus no Evangelho: "não entram nem deixam entrar". Já o Papa Bento XVI, aliás, quando esteve em Portugal (2010), disse, para quem o quis ouvir que: "muitos dos problemas da Igreja não estão fora, mas dentro dela." Espero e desejo que o "Efeito Francisco" continue a cumprir a sua missão de acordar, interpelar e conduzir pelos caminhos da conversão e da renovação, as pessoas, instituições e estruturas da Igreja, sobretudo, as mais cristalizadas, profissionalizadas e superficializadas…


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 267, 11 de Julho de 2014


sábado, 5 de julho de 2014

Critérios dos homens e critérios de Deus


escobri o Papa João XXIII nas leituras que fui fazendo ao longo dos anos. Segundo critérios humanos, pela sua avançada idade, ele seria um “Papa de transição”, e afinal foi o homem da renovação e da abertura da Igreja ao Mundo, ao diálogo com crentes e não crentes. Devemos-lhe a intuição do Concílio Vaticano II (1962-1965), o mais importante acontecimento eclesial dos nossos tempos.

Sucedeu-lhe um homem extraordinário e não menos providencial, Paulo VI. Dotado de uma clarividência, de intuições proféticas, de um estilo claro e profundo, conduziu a “barca de Pedro” por entre as tormentas de um Mundo em mutação e de uma Igreja em crise de identidade, e de deserção de clero. A seguir, tivemos um brevíssimo pontificado de João Paulo I, que, com o seu sorriso e palavras, conquistou o Mundo.

Sucedeu um dos mais longos pontificados, o de João Paulo II, também ele declarado recentemente Santo. Recordo-o como o Papa da minha juventude. Assistiu à queda de duas ditaduras, e foi obreiro de “Uma Europa do Atlântico aos Urais”. Como primeiro “Papa global”, levou a mensagem de Cristo a todo o Mundo, instituiu as Jornadas Mundiais da Juventude e contribuiu para a renovação da Igreja.

Bento XVI teve a ingrata missão de suceder a um “gigante da Fé”, mas a História lhe fará justiça, pela aposta clara que fez no diálogo com cristãos e crentes de outras Religiões, com o Mundo da Cultura e da Ciência. A sua craveira intelectual permanecerá na Igreja como um precioso legado do “essencial cristão”.

Todos somos neste momento testemunhas da acção deste autêntico “furacão de Deus” que é o Papa Francisco. Sobre ele muito mais haverá a dizer, mas os dados não mentem. O “Efeito Francisco” como muitos já lhe chamam, está a despertar a Igreja, convidando-a a renovar-se, a chegar às “periferias”, para que ninguém fique excluído do amor de Deus. Para um cristão a eleição de um Papa não é um mero exercício de contabilidade, de influências ou estratégias; mas sim, um sinal claro da presença de Deus e do Seu Espírito nesta Igreja, “Santa, de pecadores” (João XXIII). Todos eles são diferentes, mas cada um foi e é a resposta de Deus para cada momento da história.


Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1680, 04 de Julho de 2014


sábado, 14 de junho de 2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

João XXlll e João Paulo lI


A canonização destes dois grandes Papas, que conduziram a Igreja Católica em períodos complexos mas desafiantes, despertou em mim o desejo de escrever um pouco sobre alguns dos contributos que ambos deram à Igreja e ao Mundo.

De João XXIII recordo com muita esperança e entusiasmo a Carta Encíclica "Pacem in Terris", de 1963, onde o "bom Papa João" propunha a toda a Humanidade 4 pilares fundamentais para instaurar a verdadeira paz entre os homens, que é possível, necessária e prioritária: Justiça, Verdade, Liberdade e Amor. Cada um destes valores tem uma densidade e exigência tais, que mereceria pelo menos um artigo. É assunto a ponderar.

Recordo também como o Papa João, quis que "os homens e as mulheres de boa vontade" passassem a ser destinatários deste e de muitos outros documentos da Igreja, e de como este facto abriu as portas da Igreja a todo o Mundo, num abraço fraterno, sincero, desinteressado, e permitiu o estabelecimento de um novo tipo de relação baseado no diálogo, no respeito e na procura de consensos.

Lembro ainda o seu empenho em alargar o diálogo aos "Países da Cortina de Ferro", combatendo os preconceitos de um e outro lado, e apostando numa política eclesial de abertura e de respeito.

Eleito como Papa "de transição", pela sua idade, acabou por lançar as bases do mais importante acontecimento eclesial dos nossos tempos: O Concílio Vaticano II (1962-1965).

João Paulo II viveu sob duas ditaduras que dilaceraram a Europa, e foi capaz de contribuir para a "Queda do Muro", que permitiu o surgimento de uma nova Europa "do Atlântico aos Urais". A ele devemos uma dinâmica eclesial plena de energia e universalidade, que lhe mereceu o título de "Papa Globetrotter". As suas visitas a distintas realidades humanas e eclesiais, e as Jornadas Mundiais da Juventude, encheram o Mundo da alegria e da esperança que os jovens são portadores, e deu à Igreja uma jovialidade e frescuras que mexeu com os seus alicerces e em muito contribuiu para a sua renovação.

A sua grande devoção a Nossa Senhora e a Fátima em particular, tornou ainda mais real aquele título: "Fátima, Altar do Mundo". A devoção Mariana do Papa levou Fátima e Portugal a todos os confins da Terra. O facto de ter sido o primeiro Papa não italiano em séculos, tornou a Igreja ainda mais Católica, universal, e contribuiu para que as próprias estruturas da Igreja passassem a reflectir ainda mais esta realidade e favoreceu, sem dúvida, a escolha de um Papa, igualmente pela primeira vez em muitos séculos, não europeu: o Papa Francisco.

Não conheci João XXIII, mas recordo-o com muita admiração e devoção, e agradeço a Deus o dom que nos concedeu neste enorme Homem de Deus.

João Paulo II foi o Papa da minha juventude: entrei no Seminário no ano em que ele esteve em Portugal: 1982. Vibrei junto dele e de milhões de jovens nas Jornadas Mundiais da Juventude e visitei-o no Vaticano, experiência que guardo bem do fundo do meu coração e que me tem ajudado a manter o entusiasmo e a alegria de ser padre, há já quase 26 anos.

Diferentes e separados no tempo, amaram profundamente a Igreja e este Mundo em que vivemos, e procuraram cada um contribuir para a queda do muro da desconfiança que tantas vezes, ao longo dos tempos, levou os homens a afastarem-se da Igreja.

Aos dois estou profundamente grato.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 266, 13 de Junho de 2014


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Autorizadas obras de conservação e restauro na Igreja Matriz de Grândola

A Direcção Regional de Cultura do Alentejo autorizou obras de conservação e restauro na Igreja Matriz de Grândola.

Em causa estão as obras de conservação e restauro de quatro dos centenários altares da Igreja Matriz de Grândola, e das paredes e azulejos que os recebem.

Prevê-se que as obras tenham início no próximo mês de Junho e se prolonguem por aproximadamente 4 meses.



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Comemorar e Melhorar a Democracia


A celebração dos 40 anos do 25 de Abril, data de fundamental importância na nossa história e memória colectivas, sugere-me que reflicta um pouco sobre o caminho percorrido e, em especial, sobre o muito que ainda falta fazer para melhorar a qualidade da nossa Democracia.

40 anos pode ser muito ou pouco tempo, consoante aquilo que esteja em causa e a perspectiva de quem olha os acontecimentos. Se compararmos Portugal com a maioria Cios países da Europa Ocidental, diremos que somos uma jovem democracia; mas, se a comparação tiver como destinatários os países do Leste da Europa, facilmente concluiremos que já possuímos (ou deveríamos possuiu) uma maior maturidade política, cívica e social.

A Democracia na sua essência exige um compromisso adulto e interventivo dos cidadãos, não se limitando a sua participação ao simples acto de votar, pois é desejável e necessário que surjam e intervenham na vida da Res Publica, os corpos intermédios, as associações, os sindicatos, numa palavra, as forças vivas da Sociedade, de modo que sejam garantidos e promovidos os legítimos direitos e deveres dos cidadãos. Os políticos não podem, por isso, deixar de ouvir as suas legítimas aspirações, nos diferentes areópagos onde eles legitimamente se manifestam, sob pena de ir aumentando, gradual e talvez irreversivelmente, o fosso entre uns e outros. Para obviar a esta situação é desejável uma maior proximidade entre os eleitos e os eleitores, pois é frequente não coincidirem aqueles que são eleitos, com os que foram ao sufrágio dos eleitores. O exemplo de outros países politicamente mais maduros poderá ser-nos, neste capítulo, de grande utilidade.

Uma nota que igualmente soa constantemente dissonante, é a constatação de que grande parte daqueles que se encontram no mundo da política são quase profissionais da mesma, sem grande experiência noutras áreas, acabando as diversas juventudes partidárias por funcionarem como o alfobre onde são criados e cultivados os futuros líderes políticos dos diferentes partidos, e prováveis governantes do país. Uma outra constatação é que a política acaba por ser a porta que abre a Outros futuros empregos, tantas vezes preparados ao longo de um ciclo eleitoral, haja ou não alternância.

Um outro lado a ter em conta é a imagem pouco positiva que o cidadão comum tem das regalias dos políticos, do seu absentismo, dos seus silêncios, quando estão em causa os direitos daqueles que eles deveriam representar e que são frequentemente subordinados aos desígnios dos partidos que os escolhem e condicionam.

Creio que, de igual modo, não se pode governar eticamente, impondo sacrifícios e medidas gravosas: para os cidadãos, na primeira parte de uma legislatura, para depois, à medida que se aproximam novas eleições, conceder benesses e tentar conquistar de novo o voto dos eleitores. A boa Política exige medidas de carácter conjuntural e estrutural, tão abrangentes, transversais e consensuais, que possam ser continuadas na ou nas legislaturas seguintes, independentemente do partido vencedor.

Não quereria, quase a terminar, deixar de voltar a um assunto que noutras ocasiões já passou pela minha pena, e que está subjacente a tudo quanto vem dito anteriormente: quem ocupa os mais altos cargos da política, governativa ou partidária, tem a obrigação de ser uma referência ética para o cidadão comum. Se isto não acontecer ficam "justificados" todos os abusos e desobediências às mais básicas regras do Estado de Direito por parte dos cidadãos, na medida em que quem governa é sempre olhado como uma referência a seguir, no bom e no mau sentido. Na Política devem estar "os melhores", já dizia S. Tomás de Aquino na longínqua mas tão próxima, Idade Média.

40 anos, creio ser já tempo suficiente para, por um lado, reconhecermos o que de positivo tem vindo a ser construído ao longo destas décadas pelas portas que Abril abriu, mas, por outro, é ocasião para reflectirmos sobre o muito que importa ainda fazer para melhorar a nossa Democracia, para que ela seja, efectivamente, o poder, o governo do povo, em favor do bem comum desse mesmo povo.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 265, 09 de Maio de 2014