Iniciou-se um novo Ano Escolar e com ele a esperança renovada para muitas crianças, adolescentes, jovens, para as suas famílias, e, certamente, para toda a sociedade, que tem os olhos postos na Escola.
Como não estou em condições de me pronunciar sobre questões específicas que afectam a educação em Portugal, ficar-me-ei tão só pela afirmação de um princípio que se me afigura fundamental: a maior riqueza de um país são as pessoas, e é na Escola que se lançam as bases e se criam as condições para que todo este potencial se desenvolva e frutifique.
No nosso país a questão da Educação, pela sua importância e actualidade, deveria gerar consensos para além de uma legislatura, e fazer convergir para um grande projecto educativo nacional, professores, alunos, pais, o Estado e todas as forças vivas da comunidade. Tal só será, porém, possível se se colocar acima de tudo o bem comum, se abandonarem interesses corporativos e tentativas de politização da educação. Para o bem da educação, e do país, devia também evitar-se toda e qualquer forma de crispação e instabilidade.
Há, no entanto, um valor que não foi devidamente implementado no nosso país, apesar do 25 de Abril: refiro-me à liberdade de educação. O Estado não deveria sufocar o Ensino Particular e Cooperativo, mas antes criar as condições para um autêntica liberdade de escolha, sem penalizações, mas também sem favores, apostando sim no rigor, na competência, na excelência e nos resultados.
Diz a realidade que há países com imensas riquezas, mas sem pessoas, em número e qualificação, para gerar desenvolvimento a partir desses recursos endógenos. Para não ferir susceptibilidades não cito nomes. Pelo contrário, existem outros, que, apesar de serem possuidores de poucas matérias-primas, apostaram na formação e valorização das pessoas e, foram, por isso, capazes de tirar partido dessa mais-valia, fazendo triunfar verdadeiros projectos de desenvolvimento e de criação de riqueza. Cito apenas dois casos: o Japão e a Suíça. Recordo a este propósito as palavras dirigidas pelo Papa Paulo VI, nos anos 60, à Assembleia Geral das Nações Unidas: há, disse o Papa, uma pobreza por muitos esquecida: o analfabetismo. O analfabeto, continuou o Papa, é um espírito subalimentado, a quem importa responder e saciar.
Para a Igreja é óbvio que o verdadeiro desenvolvimento está centrado nas pessoas: daí que a Escola ocupe neste projecto um lugar único e insubstituível. Sem ela não é possível lançar as bases de um desenvolvimento que envolva "o homem todo e todo o homem" (Paulo VI).
Um bom Ano Lectivo.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 234, 14 de Outubro de 2011
in Ecos de Grândola, nº 234, 14 de Outubro de 2011