domingo, 14 de abril de 2013

Papa Francisco, sinal de uma Igreja em renovação


eleição de um papa é sempre notícia, mas, a eleição do papa Francisco mereceu um inusitado destaque na comunicação social e na atenção do cidadão comum. Para isso, decerto terá contribuído o facto de, pela primeira vez em muitos séculos, termos um papa não europeu, oriundo “do fim do mundo”.

Depois de quebrada a série secular de papas italianos, tivemos a graça de dois grandes pontífices: João Paulo II e Bento XVI. Agora recebemos um papa latino-americano e, como a Igreja é cada vez mais católica na sua expansão e representação, talvez Deus nos reserve mais novidades, no futuro.

Nestes dias são muitos os que falam do papa Francisco com interesse, entusiasmo, mesmo paixão; outros, porém, ficaram decepcionados: esperavam um papa “à sua imagem e semelhança”. Já assim foi no tempo de Cristo. Deus, contudo, surpreende e desconcerta ao não aceitar ser condicionado pelas nossas decisões, nem reduzido aos nossos esquemas e projectos.

Para nós cristãos, o papa Francisco não é mera escolha dos cardeais, mas antes um dom de Deus à Igreja e ao Mundo, dom que deve ser acolhido e agradecido, e por ele devemos rezar, para que seja um verdadeiro sinal de Deus para a humanidade deste século XXI, como foram os últimos papas, independentemente de podermos ou não concordar com todos os aspectos do seu ministério.

Para além dos carismas de que Deus o dotou, atestados pelos testemunhos que todos os dias nos chegam, e confirmados pelos gestos que tem protagonizado, cumpre-lhe continuar a missão ingente de renovação da Igreja, desejada e implementada pelo Concílio Vaticano II, há já 50 anos.

Este papa traz ainda consigo a frescura e a novidade de uma Igreja jovem, menos instalada e ritualista, mais simples, apostólica e empenhada na defesa do homem, nomeadamente do mais pobre e fragilizado, porque o homem é “a via principal da Igreja” (João Paulo II).

Bem vindo papa Francisco, profeta dos nossos tempos.

Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Diário do Alentejo, nº 1616, 12 de Abril de 2013