A morte de D. Manuel Falcão (21 de Fevereiro de 2012), Bispo Emérito de Beja, gerou em mim a firme convicção e obrigação de que deveria escrever algumas linhas sobre ele.
Conheci o Sr. D. Manuel na minha juventude e admirei-o logo desde a primeira hora. À medida que fui amadurecendo como homem e cristão, e depois como padre, mais passei a admirar o Homem e a Obra. A sua grande, imensa, sabedoria transversal e eclética, a sua humildade e discrição, própria dos homens grandes, a sua delicadeza com todos, sem excepção, a sua proximidade às pessoas concretas, aos problemas concretos, no Alentejo, granjearam-lhe a admiração de gente das mais diversas ideologias e perspectivas de vida.
D. Manuel foi também uma espécie de visionário da Igreja em Portugal. Alguns apelidaram-no de "pai da Sociologia Religiosa"; outros preferiram afirmar que da sua pena saíram alguns dos documentos mais emblemáticos da Conferência Episcopal Portuguesa; outros ainda não se coibiram de dizer que poderia ter sido Patriarca de Lisboa, mas veio para Beja...
Sobre um homem da estatura e da craveira do Sr. D. Manuel tudo o que se disser é pouco e assaz incompleto. No entanto, nenhuma das afirmações reconhecendo as suas imensas capacidades e extraordinárias missões prestadas ao serviço da Igreja em Portugal e no Alentejo, perturbava a sua fina sensibilidade e delicadeza, nem o levava a exaltar-se ou a alimentar o culto da personalidade. A sua fé era sólida e o amor à Igreja indiscutível.
A sua discreta simplicidade de Homem Grande, Sábio e Bom, já marcou a história da Igreja em Portugal e no Alentejo, e D. Manuel integra hoje, sem margem para dúvidas, a plêiade dos grandes Bispos do Século XX.
Pe. Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 240, 13 de Abril de 2012