segunda-feira, 11 de outubro de 2021
A união faz a força
O perigo dos fundamentalismos
s virtudes cardeais são quatro: justiça; prudência; fortaleza e temperança. Elas não são uma especificidade do cristianismo, pois, alguns séculos antes de Cristo, na Grécia, já eram objeto de reflexão, e se acreditava serem fundamentais na estruturação do Homem. Aristóteles foi um desses grandes filósofos que nos legaram este riquíssimo património, que continua bem válido para o Homem pós-moderno.
“Faz todo o sentido acolher ainda uma das chaves do pensamento do Papa Francisco: o discernimento. Ele é fundamental para não sermos ludibriados com retóricas demagógicas e belos discursos”.
Para não me desviar do objetivo deste texto, espraiando-me em generalidades, vou centrar-me apenas nas virtudes da prudência e da temperança, as quais considero cruciais na prevenção dos fundamentalismos que grassam no mundo hodierno, quer vistam roupagem religiosa, política, social, filosófica, ou outra.
Na verdade, os fundamentalistas tendem, no geral, a assumir a parte pelo todo, exacerbando algum aspeto particular, omitindo ou desvalorizando outros; sobrevalorizam a subjetividade em detrimento da objetividade; confundem unidade com unicidade, esquecendo que a vida é multicolor; rotulam e adjetivam os que discordam deles e pensam diferente, marginalizando-os e procurando por todos os meios (pois os fins justificam) impor-lhes a sua perspetiva.
As virtudes podem, pois, funcionar como antídoto, enquanto terreno sólido e fértil, a partir do qual é possível, refletir, projetar, propor, com equilíbrio, esperança e alguma utopia. Apostar nelas significa também reconhecer o protagonismo do Homem, colocando-o no centro, e acreditando nele, no seu engenho e potencialidades, enquanto ator de um futuro melhor.
Não querendo parecer simplista, creio que faz todo o sentido acolher ainda uma das chaves do pensamento do Papa Francisco: o discernimento. Ele é fundamental para não sermos ludibriados com retóricas demagógicas e belos discursos, tantas vezes vazios de autênticas ideias e de propostas realistas e exequíveis. O discernimento é uma postura existencial adulta, crítica e exigente de quem quer viver na verdade e em liberdade.
Valorizar a esperança
Ela é ainda intemporal, e uma espécie de antivírus que nos permite, em cada tempo e circunstâncias, buscar forças e encontrar o caminho certo, quando tudo parecer perdido, estagnado, exangue.
Esta virtude urge ser cultivada, para crescer e nos iluminar, à medida que o tempo passa e as solicitações aumentam.
Os tempos que vivemos, fruto da pandemia, são um autêntico desafio ao exercício da esperança, sobretudo, quando nos vemos assolados por esta espécie de “montanha russa”, do ‘best…a best’, do tudo ou nada, numa intermitência estonteante.
Na verdade, no meio de tantas incertezas, incongruências, e outras falhas, para além da orientação clara de quem nos governa, é necessária uma boa dose de esperança, que nos torne mais estáveis e assertivos.
Como cristão acredito também que a esperança nos abre ao horizonte da eternidade, nos torna mais fortes diante das adversidades, nos permite relativizar os pseudo-absolutos deste mundo, abrindo diante de nós uma clareira de transcendência que, não sendo obrigatória, pode preencher um vazio que existe no coração humano. Recordo a propósito uma frase do Papa Emérito Bento XVI: “O cristianismo é um humanismo aberto à transcendência”.
A esperança é uma espécie de irmã gémea da fé, e, apesar de não se confundirem, ambas necessitam da liberdade e da democracia para crescerem e, como árvores frondosas, darem fruto. Este pensamento é tanto mais oportuno quando estamos a celebrar os 20 anos da promulgação da Lei da Liberdade Religiosa (22-06-2021).
Solidariedade: valor a cultivar
uma verdade inegável, a grande facilidade e rapidez com que hoje acedemos à informação, qualquer que ela seja, nomeadamente sobre esta casa comum e a família que nela habita. Podemos, contudo, interrogar-nos se esta riqueza indiscutível, se reflete numa mais efetiva solidariedade entre povos e nações, ou entre simples cidadãos.
terça-feira, 5 de outubro de 2021
Caminhar na Verdade
