sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Frank Cottrel Boyce é católico

O guionista da inauguração olímpica propõe ir buscar as pessoas para que voltem à igreja

Sustenta que não podemos oferecer só os frutos se não oferecemos também a raiz: a fé.

Actualizado 23 Novembro 2012

C.L. / ReL

Parece que foi o guião escrito por Frank Cottrell Boyce o que convenceu a rainha Isabel II de Inglaterra para interpretar pessoalmente junto de Daniel Craig o mais polémico episódio da cerimónia inaugural olímpica de Londres 2012.

E é que Cottrell Boyce, de 53 anos, casado e pai de sete filhos, sabe como captar a atenção dos leitores, inclusive de tão elevado nível. É um dos escritores de literatura infantil mais galardoados do mundo, sobretudo a através da sua novela mais conhecida, Millions [Milhões], levada ao cinema por Danny Boyle.

O protagonista de Millions, Damian, é um menino católico órfão muito devoto que, quando caem nas suas mãos dois milhões de libras, as considera um presente de Deus destinado a fazer o bem, o qual lhe trará mais de um problema com o seu irmão Anthony e com os ladrões que perderam esse dinheiro.

"Eu também sou católico", respondeu Frank numa entrevista com o clube do livro Mother/Daughter, à pergunta de se a religião joga um papel importante na sua vida: "Suponho que há muito de mim mesmo tanto em Damian como em Anthony. Se os somasse (ou os subtraísse?), esse sou eu".

A raiz de tudo: a fé
Com efeito, Cottrell Boyce nasceu em Liverpool no seio de uma família católica de origem irlandesa e, como explicou numa ocasião ao The Guardian, as suas recordações de infância são idílicas, também no religioso: "A igreja parecia enorme, uma presença espiritual além de física, era um desses templos onde os ritos e milagres têm todo o seu sentido". Sendo criança, Frank participou na gravação de histórias da Bíblia, pondo nele uma voz carregada de convicção. Casou-se muito jovem com Denise, sua esposa ("uma santa", segundo a dedicatória da sua primeira novela), que por sua vez era graduada em teologia e tinha pensado ser monja.

Agora Frank fez umas declarações que recolhe o The Telegraph, onde sugere que para atrair as pessoas à igreja há que fazer algo mais do que esperar que venham para algum acto social: "Gente que nunca se aproxima da Igreja sente a necessidade de fazê-lo nessas ocasiões e gasta-se uma fortuna em baptismos, primeiras comunhões, casamentos e funerais. Mas, quando vem até nós como reagimos? Que lhes oferecemos? Nos faz felizes partilhar esses frutos, mas nos embaraça ensinar-lhes o jardim onde crescem as raízes que os alimentam: a nossa fé".

Cottrel Boyce sugere então "ir ali onde as pessoas estão, e pregar em campos e tendas... mas creio que estamos fazendo exactamente o contrário".

Sair à procura, pois, em vez de esperar, é a fórmula que propõe para que os templos que conheceu cheios na sua infância cada domingo voltem a está-lo, e não só quando à realidade sacramental se acrescenta a cerimónia social.


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